Logo, logo, começa o Gauchão. Para a dupla Gre-Nal, envolvida em outras competições, o campeonato estadual não representa tanto. Mas o Gauchão é uma grande oportunidade de visibilidade para o futebol do interior e para outros clubes de Porto Alegre, como o Cruzeiro e o São José. Porém, quero ressaltar a projeção que o campeonato permite ao interior. A maioria dos clubes que se localizam fora da capital, provavelmente, terão pelo menos uma oportunidade de aparecer em rede de tevê estadual. Nem me refiro às reportagens que eventualmente serão feitas com esses clubes e que serão veiculadas pela mesma rede de televisão, a RBS, em programas como o Globo Esporte e o Jornal do Almoço. Refiro-me, em termos mais específicos, às transmissões de jogos ao vivo em tevê aberta.
Esta oportunidade, para os clubes do interior, é fantástica. E, ainda bem, tem se repetido ao longo dos anos. Lembro que o primeiro Gauchão que vi pela tevê foi em 1988. Creio que foi o último narrado pelo Celestino Valenzuela, nascido em Alegrete. Uns tempos depois, em 1989, o santa-cruzense Paulo Brito (titular desta coluna) assumiu o lugar do Celestino. Depois de 1988, o Gauchão só voltou a ser transmitido pela RBS em 1995. Imagino como foi importante para o Paulo Brito ter essa oportunidade de transmitir o Gauchão ao vivo, depois desses anos em que a RBS não transmitiu o campeonato.
Faço um paralelo entre a oportunidade que o Paulo Brito, um profissional surgido no interior, teve lá em 1995 e a chance que os clubes como o Galo Carijó recebem quando são feitas as transmissões da RBS. O Brito firmou-se como um profissional conhecido em todo o Rio Grande do Sul, inclusive com várias participações na Globo e no Sportv, em termos nacionais. E quantos jogadores e técnicos não se projetaram devido à cobertura que os meios de imprensa realizam no Campeonato Gaúcho?
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Seguindo essa linha de raciocínio, lembro de uma transmissão da Rádio Gaúcha, no campeonato de 1996. O jogo era Inter x Ypiranga de Erechim. O professor Ruy Carlos Ostermann, na transmissão, fez grandes elogios ao técnico Tite, então no Ypiranga. Pelo que lembro, houve uma conversa entre os dois no início da jornada esportiva da Gaúcha.
Isso é curioso porque o próprio Ruy saiu do interior, de São Leopoldo, para se tornar um dos principais jornalistas esportivos do país. E o Ruy, que em 1996 já era consagrado, valorizava naquele momento um técnico cuja maior conquista havia sido o título da Segundona Gaúcha pelo Veranópolis.
O professor estava certo em relação ao Tite. Depois disso, o técnico foi campeão da Copa do Brasil, da Copa Sul-Americana, do Brasileirão, da Libertadores e, no mês passado, campeão mundial de clubes. O Gauchão merece a projeção que recebe, mas deveria ser mais valorizado por muitos que o olham com desdém.
Por Nelson Treglia – interino