Cristiano Silva
[email protected]
Divulgação
O Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
Na sessão de hoje, 22 de abril, a Associação Amigos do Cinema irá exibir o filme Indochina, de 1992. Em “Indochina” encontramos um ótimo exemplar do cinema europeu com claros elementos de super produção. Dirigido pelo francês Régis Wargnier, co-autor do roteiro, o filme conta com um acabamento esmerado e de encher os olhos. A sessão é gratuita e inicia às 20h no Auditório do Sindibancários (7 de Setembro, 489). Confira sinopse abaixo:
No Vietnã (chamado na época de ‘Indochina’) durante os anos 1930, a francesa Eliane Devries (Catherine Deneuve) é proprietária de uma imensa fazenda produtora de borracha, sendo respeitada e tendo o poder, mas que aprendeu a viver sem amar. Ela adota a órfã Camile (Linh Dan Pham), filha de um casal amigo de vietnamitas morto num acidente. A menina é educada segundo os padrões franceses e cresce se transformando em uma bela jovem. A visita inesperada do oficial da marinha Jean Baptiste (Vincent Perez) desperta a paixão de Eliane. Tempos depois, após ter sua vida salva por ele, Camile apaixona-se pelo oficial. Quando em plena revolução nacionalista na década de 1940, Jean Baptiste, pela intervenção de Eliane, é transferido para o norte do país, as ilhas Tonkim, Camille parte atrás dele e no caminho descobrirá seu povo e seu passado.
A produção segue a história de como Camille, uma jovem princesa órfã indochinesa, e Jean Baptiste, um oficial da Marinha francesa, se conhecem, se apaixonam e enfrentam um futuro incerto. Em meio a isso, são mostradas as drásticas mudanças políticas que originaram a queda da colônia francesa e o surgimento do atual Vietnã.
O desafio para a equipe deste “Indochina” era aliar a fidelidade histórica e de costumes com uma trama que pudesse envolver o espectador. Apesar de o filme ter longos 148 minutos montados por Geneviève Winding e Agnès Schwab, estes são como um desfile de belas imagens e locações. Nesta era de filmes acelerados, o ritmo pode até parecer um pouco lento, mas compensa acompanhar até o final.
“Indochina” é uma obra que trata de forma contundente uma disputa velada entre mãe e filha. E nesse sentido, não há espaço para elemento cômico na mesma medida que não há espaço para um elemento trágico. A situação é clara: uma mulher madura finalmente se apaixona mas desiste de seu amor; já sua filha adotiva externa a força e a coragem da mãe em uma busca que lhe trará consequências pelo resto da vida.
Embora não seja apelativo, “Indochina” consegue emocionar tanto pela história quanto pelo cuidado visual. Este começa pela direção de Wargnier que, mesmo mostrando uma certa secura, consegue imprimir sua mão pesada ao mostrar uma Indochina com litorais recortados repletos de ilhotas, e montanhas com belas paisagens. Ao mesmo tempo também é mostrada a dura realidade vivida pelos indochineses, que os leva a uma revolução. A preocupação do diretor e co-roteirista não é apenas ganhar o público, mas sim contar sua história através de grandes painéis históricos. E isso ele faz com competência.
A excelente fotografia de François Catonné valoriza as belíssimas locações na Malásia, na França e no próprio Vietnã. E aí se percebe o tremendo trabalho da equipe de direção de arte comandada por Jacques Bufnoir que dá ao filme um visual arrebatador. Acrescente a isso o fabuloso trabalho de Pierre-Yves Gayraud e Gabriella Pescucci nos figurinos que foram desenhados com base em pesquisas históricas. Catherine Deneuve desfila com modelos europeus impecáveis e as vestes vietnamitas foram reproduzidas com cuidadosa fidelidade.
No elenco, o maior destaque é a atuação da belíssima Catherine Deneuve (indicada ao Oscar de Melhor Atriz) num papel escrito especialmente para ela: uma mulher de fibra que, primeiro se rende a uma paixão e em seguida não tem dificuldade em renunciar à mesma e ainda mandar para longe seu interesse romântico. A vietnamita (radicada na França) Linh Dan Pham acaba tendo uma participação destacada na trama e sua força na atuação não decepciona. Em nenhum momento ela pensa em confrontar a mãe adotiva, mas a mesma disposição é demonstrada por não desistir de seu amor.
“Indochina” é um belo filme. Emocionante e visualmente bem construído. O Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro foram mais do que merecidos.