O que lhe vem à cabeça quando você pensa a respeito do Paraguai? Compras? Você está certo. Fazer compras no país vizinho é entusiasmante. Conforme a cotação do dólar, os preços são bem abaixo dos praticados no Brasil. Por isso uma multidão cruza a ponte da amizade e invade os shoppings de Ciudad del Este todos os dias. Um verdadeiro vuco-vuco!
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Mas o Paraguai não é só compras. Há o Paraguai dos “brasiguaios” (brasileiros que migraram para lá durante a expansão da fronteira agrícola). Eu fui dar uma palestra na Ciudad de Tuparenda – minha primeira palestra internacional – semana retrasada. Não precisei falar castelhano ou guarani, pois todos os participantes (menos uma senhora) eram “brasiguaios”. Permita-me contar algumas curiosidades.
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A polícia camineira exige três itens dos motoristas de camionetas: dois triângulos (um para a frente e outro para trás), uma corda para rebocar outro veículo (ou ser rebocado), e uma lona ou lençol. Para quê? Ora, para cobrir o corpo à beira da rodovia, em caso de acidente fatal. Se o motorista não tiver qualquer um desses itens, a multa é certa. Não tem moleza! E se ele estiver em dia com os itens exigidos, bem, aí o policial corrupto lhe pede uma “contribución”.
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Entre os brasiguaios de Santa Rita, Santa Rosa del Monday e Tuparenda, o lema é o seguinte: dois espertos mais 40 bobos invadem uma fazenda e incomodam um grande. Vou explicar: dois espertalhões se camuflam em meio aos sem-terra e os influenciam a ocupar as fazendas e acabar com o sossego dos produtores rurais. E, depois que eles ganham os lotes, os vendem, embolsam a grana e vão invadir outras terras. Por isso, a invasão das propriedades é contida pela intimidação sem tréguas de capangas parrudos e mal-encarados, prontos para meter bala em qualquer um que se atreva a passar a cerca.
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Mas o falatório por lá é sobre o brasileiro Rodrigo Gularte, que foi preso ao desembarcar no aeroporto de Jacarta com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Acontece que a família acabara de vender os últimos mil dos seis mil hectares de terra que possuía no Paraguai na esperança de evitar a sua morte. Seis quilos de cocaína que consumiram seis mil hectares de terra, na tentativa de salvar um filho inconsequente.