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Envelhecendo juntos

Quem não se emocionou com a reportagem de um jornal gaúcho sobre o homem que morreu poucas horas depois da esposa? Almir Perez, 83 anos, era casado havia 61 com Nair, 87 anos, e não conseguiu viver um dia sequer sem sua amada. Poucas horas depois que ela morreu ele não a deixou partir sozinha para a eternidade. Foi junto!

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Uma história emocionante em tempos de relacionamentos superficiais onde está cada vez mais difícil manter um compromisso de longo prazo e as relações terminam tão rápido quanto começam. O “ficar” tornou-se a forma de relacionamento amoroso mais praticada pelos jovens. A duração do “ficar” varia: o tempo de um beijo, uma noite ou alguns dias.

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Sandro Caramaschi, do departamento de Psicologia da Unesp, explica: “O hábito de ‘ficar’ não é uma mudança comportamental isolada, e sim o reflexo de uma sociedade composta por pessoas mais centradas em si mesmas”. Isso é bem ilustrado na música “Hoje eu tô terrível”, de Cristiano Araújo: “Sei que sou gostoso, pode conferir meu bem, eu já peguei tua amiga, mas quero você também”.

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O sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro “Amor líquido”, expõe uma análise interessante sobre as relações amorosas e algumas particularidades do que ele chama “modernidade líquida”: “Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem das mãos por entre os dedos feito água”. A sequela desses relacionamentos baseados somente na atração física e nos sentimentos românticos é que as pessoas acabam sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, depois de serem usadas, são descartadas ou trocadas por uma melhor opção, com melhores vantagens e, de preferência, sem desvantagens. Simples assim!

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Na contramão da “modernidade líquida”, eu prefiro o romantismo à moda antiga, do tipo que manda flores, abre a porta do carro e puxa a cadeira para a esposa sentar no restaurante. Não tenho vergonha de fazer essas coisas! Estou casado há 22 anos e me esforço para reconquistar a Marta todos os dias. Para nós, viver como dois eternos namorados é pouco: queremos envelhecer juntos!