Pesquisa do Ibope mostrou o que levou tanta gente a sair do facebook e ir às ruas do país. Entre os manifestantes ouvidos, 38% apontaram o transporte público como principal motivo para os atos, seguido pela classe política (30%), pela corrupção (24%), em defesa da saúde (12%), contra a PEC 37 (6%), contra os gastos exorbitantes com a Copa (5%) e pela educação (5%).
O movimento está fazendo milhares de pessoas saírem em protesto, e dando um show de democracia. Na maioria das cidades brasileiras, nenhum ato de vandalismo foi registrado. Entretanto, principalmente nas capitais, o quebra-quebra e a violência correram soltos durante as manifestações. O que começou de forma pacífica, logo transformou as ruas em verdadeiras praças de guerra. Por isso, é preciso atentar ao alerta da professora da USP, Janaína Paschoal: “Não me agrada a forma como os protestos estão se desenrolando. Meu temor é de chegarmos a um acirramento, a uma quase irracionalidade”.
Um casal do interior de São Paulo, que assistiu a minha palestra domingo, em Curitiba, relatou que, em cidades próximas à capital paulista, a pancadaria invadiu a madrugada e houve saques, espancamentos, arrastões, ônibus incendiados e as pessoas, assustadas, tiveram que se trancar em suas casas.
O jogo entre Brasil e Uruguai estava sendo tratado pelo governo mineiro como questão de segurança pública, e não apenas como uma festa para a seleção. A PM havia dado como certo o confronto nas proximidades do Mineirão, devido ao grande número de internautas que passaram a semana se organizando nas redes sociais, ansiosos por novas batalhas.
Aqui em Caxias, durante o protesto da última sexta-feira, os vândalos se infiltraram na multidão de manifestantes, confrontaram a polícia e arremessaram rojões, pedras e garrafas contra a Prefeitura. Depois, depredaram duas agências bancárias e incendiaram contêineres de lixo. 22 foram presas, sendo que sete ainda estão atrás das grades.
Como os cinco pactos nacionais (que não passam de um conjunto de intenções propostos pela presidenta Dilma) não vão acabar tão cedo com a onda de protestos no país, a Polícia deve adotar tolerância zero contra as pessoas que agem com vandalismo contra o patrimônio público e privado e ofuscam as manifestações pacíficas. Do contrário, elas continuarão fazendo um desserviço ao movimento.