Anos atrás eu assisti a uma palestra do meu pai. Ele iniciou fazendo perguntas à plateia: “Quando você nasceu sua mãe o pegou no colo? A minha não. Enquanto você dormia sua mãe o ninava, balançando suavemente o berço? A minha não. Alguma vez você mamou no seio de sua mãe e depois cochilou agarradinho a ela? Eu não”.
Enquanto os olhos dos ouvintes se enchiam de lágrimas (e os meus também), meu pai continuou: “Sua mãe o ajudou a largar a chupeta e a mamadeira? A minha não. Sua mãe, mesmo cansada, correu atrás de você para salvá-lo de uma queda? A minha nunca. Sua mãe o levou à escola e segurou sua mão para atravessar a rua? A minha não”.
Naquele dia meu pai falou sobre visão empresarial e empreendedorismo, por mais de uma hora, mas as únicas palavras que eu lembro são a respeito de sua mãe – que morrera durante o parto. E até hoje tenho a sensação de que ele queria ter ficado para sempre no ventre dela, para não ter que encarar esse mundo sem ela.
Desde então dou muito mais valor à presença de minha mãe em minha vida. Mesmo que meu pai seja meu exemplo de profissional bem sucedido, minha mãe é meu porto seguro. E, ainda hoje, quando o médico me passa uma receita, eu ligo para a dona Amália para ver se o remédio está correto.
Mas você já pensou se mãe fosse reconhecida legalmente como profissão, qual salário uma mãe receberia? Se ela fosse financeiramente recompensada por cuidar da casa e dos filhos, quanto seria sua remuneração? Pois o site Salary.com, que faz estudos sobre as carreiras profissionais, baseado em valores salariais das atividades que as mães desempenham (sem direito a aposentadoria e ainda tendo que trabalhar nos fins de semana e feriados), como operadora de máquina de lavar, zeladora, motorista, cozinheira, enfermeira, psicóloga… Respondeu essa pergunta.
As mães donas de casa (que trabalham em média 94 horas por semana) receberiam salários anuais de US$ 122,7 mil. E as que conciliam a carreira profissional com os afazeres domésticos (que além das 40 horas gastas na empresa, passam 58 horas semanais administrando a casa), embolsariam US$ 76,2 mil.
Assim, já que o Brasil é o país campeão em programas de caráter social como o Bolsa-Família, o Auxílio-Reclusão e o Cartão-Recomeço (apelidado de Bolsa-Crack), que tal o governo lançar o “Bolsa-Mãe-Executiva-do-Lar”? Elas merecem, não acha?