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O homem ainda valoriza a mulher que se valoriza?

Na madrugada do domingo de Páscoa, duas jovens (uma delas menor de idade) foram filmadas dançando funk numa boate em Cachoeira, fazendo coreografias sensuais trajando apenas calcinha e sutiã. As imagens postadas no Youtube mostram um garoto ajudando a jovem a tirar o short e ficar só de calcinha. Em entrevista à imprensa, a outra garota, de 21 anos, afirmou: “Isso já aconteceu em outra festa em Candelária. A menina que estava no palco teve o vestido levantado pelo pessoal da banda. Todo mundo curtiu numa boa”.
Reconhecido pela Assembleia Legislativa do Rio como patrimônio cultural, o funk, com suas letras desbocadas e coreografias lascivas, ilude as meninas a pensarem que estão sendo valorizadas, mas no fundo as reduz a meros objetos de satisfação sexual masculina. Basta um simples passeio pelas letras de algumas músicas (que chamam a mulher de “vadia”, “bandida”, “potranca” ou “cachorra”) para constatar que quem alega que o funk é o lixo da cultura brasileira pode ter certa razão.
O MC Tigrão diz: “Vou te jogar na cama e dar muita pressão”. Tati Quebra Barraco deseja pegar seu parceiro e “ir para o motel, para brincar com o Pikachu”. O MC Duduzinho canta: “Chamei-a de gostosa e ela respondeu assim: ‘Normal, mamãe passou açúcar em mim’”. Até o precoce funkeiro Jonathan, de 7 anos, em sua canção se diz na idade de pegar “um filé com popozão”.
Contudo, o “sinistro” é que, segundo matéria da revista Veja, os bailes funks cariocas ajudam no aumento do número de adolescentes grávidas, abortos e contaminação por doenças sexualmente transmissíveis entre os jovens. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou que é comum a menina dizer que não sabe quem é o pai, pois mantém relação sexual com vários meninos durante o baile. Daí se originou a famosa expressão “engravidou do trenzinho”. Por isso a psicóloga paulista Rosely Sayão aconselha os pais a não permitir que os filhos frequentem bailes funks.
Eu sei que cada um é livre para escolher seu entretenimento e estilo musical, mas quem foi jovem no fim do século passado vai se lembrar com saudades das reuniões dançantes. A primeira vez que eu levei a Marta para dançar, a mãe dela nos acompanhou. É verdade! Enquanto dançávamos ao som romântico de James Taylor e Stevie Wonder, dona Geni, sentada em uma mesa ao lado da pista, nos observava atentamente. Minha reação? Me apaixonei! Minha sogra estava ensinando a filha que o homem valoriza a mulher que se valoriza. Será que em pleno Século 21 ainda se pensa assim?