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Não é o tamanho do feito que conta

Foi de arrepiar o jogo em homenagem ao Jorge Luis Nascente (o Bussanha), dia 29, no Joaquim Vidal, em Cachoeira. Antes de a bola rolar foi entregue uma placa aos familiares do treinador que faleceu no dia 16 de Outubro do ano passado, com a mensagem “Bussanha, depois de nos ensinar a arte do futebol aqui na Terra, hoje estás treinando um time aí no céu”. Um momento de emoção. Mas porque decidi organizar uma partida de futebol em homenagem ao Bussanha?
Cresci como todo garoto “fominha” jogando “pelada” com os moleques e imitando os craques da época, sempre com o sonho de me tornar um deles. Em 1981, aos 15 anos, iniciei minha aventura pelo mundo da bola como goleiro reserva do time juvenil do Cachoeira FC. Numa partida pelo Gauchão em Vera Cruz, no fim do segundo tempo, quando o placar parecia que ia ficar mesmo no 1X1, o centroavante se lesionou e o Bussanha olhou para o banco de reservas e, sem outra opção, apontou para mim e disse: “Sérgio, entra lá só para segurar o empate”.
Eufórico e ao mesmo tempo apreensivo, pus os pés no gramado. Era minha estreia no time alvirrubro (e a primeira partida como jogador de futebol).
Passados alguns minutos, o jogo se dirigindo ao seu final e sequer eu havia tocado na bola. Era como se eu fosse apenas um figurante, alguém que estava ali só para completar o time. De repente, o lateral driblou o zagueiro adversário, entrou na área e chutou. A bola bateu na trave e, acredite, voltou ao meu pé. Eu estava no lugar certo, na hora certa e só tive o trabalho de tocar para o gol vazio. Foi uma festa!
Daquele dia em diante, entreguei a camiseta de goleiro ao Bussanha e vesti a de centroavante. Eu queria mesmo era fazer gols!
Tive vários técnicos durante minha carreira, mas jamais esqueci meu primeiro “professor” que, além de funcionário da Prefeitura, se desdobrava como treinador, por pura paixão. E hoje, ao pensar sobre a vida de Jorge Luis Nascente, eu rememoro as palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Mucha gente pequenã, en lugares pequeños, haciendo cosas pequeñas, puede cambiar el mundo”.
Através de pequenos feitos, Bussanha contribuiu para a realização do sonho de centenas de jovens que se tornaram atletas profissionais de futebol. Sua paixão pelo esporte deixou marcas no coração de cada um deles e mostrou que não é o tamanho do feito que conta, mas o fato dele criar impacto positivo na vida de alguém.