Durante a programação da Rádio Guaíba, no dia do professor, ouvi a seguinte piada:
“Porque você foi preso?” – pergunta o ladrão.
“Por nada.” – responde o outro.
“Por nada?” – rebate intrigado.
“É que roubei a carteira de um professor e não havia nada dentro”.
Considerei-a sem graça e de mau gosto, devido à importância do papel desse profissional na formação do cidadão. Num cenário onde a função de educar – responsabilidade dos pais – tem sido transferida à escola, o professor se tornou uma peça importante na vida do aluno. Além de ensinar, muitas vezes, ele também faz o papel de psicólogo e amigo.
Eu já era fã dos professores quando, em 1992, visitei minha noiva, que depois viria a se tornar minha esposa, numa escola no interior de Cachoeira. A Marta havia cursado Magistério e feito o concurso da Prefeitura. Ao vê-la morando numa casa sem luz elétrica, percorrendo 5 km a pé, atravessando campos e matos para chegar até a escola, à beira de um ataque de nervos, proferi:
“Entra no carro e vamos embora! É muito sacrifício para pouca recompensa”.
Não existe melhor momento para se conhecer alguém, senão quando sofre. Uns fogem, outros desanimam, porém a Marta, a exemplo dos professores que dão o máximo de si (e às vezes parecem desperdiçar seu tempo com estudantes que não dão a mínima para a educação), mesmo passando por momentos difíceis, sentia prazer naquela situação. O amor pelos alunos e pela profissão falou mais alto, e ela permaneceu firme em sua missão. O resultado é que aqueles meninos e meninas, hoje, são homens e mulheres de bem.
Desgraçadamente, sai governo, entra governo e o professor não é valorizado. E parece não haver interesse por parte dos governos em valorizar o professor. O ministro Guido Mantega, em junho, afirmou que o projeto para elevar o investimento em educação para cerca de 10% do PIB, pode “quebrar” o Estado Brasileiro. Outro ministro, Aloizio Mercadante, chegou a pressionar o congresso para que não aprovasse o aumento. Talvez essa seja a razão da pesquisa divulgada pela Fundação Carlos Chagas apontar que apenas 2% dos universitários escolhem pelo magistério como opção de carreira.
O que os governantes não se dão conta é que reformar e ampliar as escolas ou construir quadras poliesportivas não educa. A chave para a boa educação está na valorização do professor. Ele é que tem a missão de complementar a educação que os jovens recebem em casa. E não há nada que uma “boa surra de educação” não resolva.