A minha casa se transformou num verdadeiro zoológico. Eu presenteei meus filhos Sergi e José Henrique com um cãozinho da raça Chitson e um casal de hamster chinês. O Rhilow e a Pipoca são muito parecidos com ursinhos, principalmente quando estão em pé sobre as patas traseiras. Já o Pipo (ou Pipinho como também é chamado) é sapeca e brincalhão e vive pulando em cima da gente.
Todo fim de tarde quando retorno para casa, depois de um dia “daqueles”, o Pipo vem correndo ao meu encontro e abanando o rabinho, pula com suas patinhas na minha perna, doido para me lamber. Daí eu me curvo, passo a mão na sua barriguinha e converso com ele. Quem tem cachorro em casa sabe do que eu estou falando.
Mas o que mais me chama a atenção no Pipinho é que, cada vez que eu abro a porta do apartamento e me dirijo ao elevador, ele se assanha todo, ameaça correr atrás de mim, mas não se atreve a pôr os pés fora de casa. É incrível! Ele não sai da sua zona de conforto. O desconhecido o assusta.
Mas o que é essa tal zona de conforto? Segundo a psicologia, a zona de conforto é uma série de ações, pensamentos e comportamentos que um indivíduo está acostumado a ter e que não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco. E é aí que todos nós somos parecidos com o Pipinho: temos nossa zona de conforto e ela faz parte de nossa vida.
Entretanto, ela tem sido o principal motivo de as pessoas não se aventurarem em novas oportunidades já que encarcera e amordaça a mente de tal maneira que a pessoa passa a resistir a qualquer novidade. Daí o medo de arriscar…
Mas só pelo fato de estarmos vivos já está corremos o risco. Ao sairmos de casa para uma simples caminhada, já estaremos colocando nossa vida em risco: um atropelamento, um assalto ou qualquer outro acontecimento calamitoso pode mudar nosso destino para sempre.
Lembro-me que, em janeiro de 2008, o jornalista Regis Rosing, que já cobriu conflitos no Líbano e Timor Leste, de férias em Cachoeira do Sul, onde nasceu, foi atropelado por um ciclista na calçada em frente à residência de sua familia. Conforme li na época, ele deslocou o maxilar, quebrou alguns dentes, fraturou vários ossos do rosto e ficou um mês sem falar e um longo tempo sem pronunciar direito as palavras.
Então, se tivermos medo de enfrentar o desconhecido nunca veremos nada de novo, e seremos mais um como o Pipo, a ver apenas aquilo que todos já viram.