A simplificação da identidade do Brasil – a ideia de um país em “verde e amarelo” – é um equívoco muito grande que precisamos superar. Pois a história e a atualidade do país são plurais. Se olharmos para o período “Brasil colônia”, por exemplo, veremos as presenças dos indígenas, dos africanos, dos holandeses (especialmente no Nordeste), dos franceses, além dos colonizadores portugueses.
E vale lembrar que, durante 60 anos, entre os séculos 16 e 17, Portugal foi dominado pela Espanha, o que colocou o Brasil sob governo da monarquia espanhola naquele período de seis décadas. Ainda no “Brasil colônia”, o que dizer da Inconfidência Mineira, no século 18? O movimento claramente possuía um caráter mineiro, e não necessariamente brasileiro, embora combatesse o domínio de Portugal. Não há demérito algum em um movimento regionalizado, como nós sabemos aqui no Rio Grande do Sul em relação à Revolução Farroupilha, ocorrida já no período pós-independência, no século 19.
Influências provenientes de diversos países e diferentes continentes, além de expressões regionais como por exemplo a mineira e a gaúcha, marcam a história do Brasil antes e depois da independência. A pluralidade do nosso país é reforçada se observarmos o período pré-colonial, antes da chegada dos portugueses. Durante milênios, os indígenas construíram uma relevante cultura, diversificada em si própria, no território hoje brasileiro. Vejam só, trata-se de milênios, e a chegada dos portugueses ocorreu há pouco mais de 500 anos. Este comparativo já nos permite uma visão muito nítida da importância indígena na trajetória do Brasil, e nos ajuda a consolidar a ideia da grande diversidade que caracteriza o país.