Terça-feira de Carnaval, Quarta-feira de Cinzas… É nesse momento que, para muitos, 2020 começa oficialmente! Mais difícil do que retornar ao trabalho após as férias coletivas de fim de ano é reiniciar as atividades depois do feriadão de Carnaval. Tudo isso por uma simples razão: é definitivo, as próximas folgas estão distantes. Tal percepção abre questionamentos delicados voltados à carreira profissional: será que estou feliz com a escolha que fiz?
Sabemos que viver de maneira a diminuir o sofrimento e aumentar o prazer é o objetivo de todos, porém, é preciso cuidado ao fazer isso. Não é recomendável acreditar que uma vida feliz se resume a satisfação das próprias vontades. A vida deveria ser muito mais do que somente fazer coisas por desejos.
Então, logo surge uma nova pergunta: como posso viver uma vida feliz em que o trabalho faça parte da construção dessa felicidade, mas sem atender apenas aos meus interesses? Não tenho uma resposta definitiva e universal para isso, mas acredito que a razão da eterna insatisfação profissional está aliada à ausência de um propósito. Um ponto de partida é avaliar se o que você faz possui relação a quem você representa como indivíduo.
Sempre que escrevo sobre esse tema, como no meu livro “Ensaio Sobre a Crise da Felicidade”, me vem à mente um exemplo que conheço bem: o voluntariado. Nele, indivíduos trabalham satisfeitos, em condições muitas vezes precárias, e sem remuneração. Acredito que o propósito em ajudar é maior que qualquer salário ou tempo livre que se possa almejar. Quando o trabalho incorpora um sentido, acrescenta à vida um valor existencial, não haverá preocupação em contar as horas para ir embora, ou os dias para chegar a sexta-feira.
Nessa busca por autoconhecimento, não adianta copiar modelos que deram certo com outros. Cada pessoa deve encontrar seu propósito e, convenhamos, as possibilidades são infinitas. Talvez o primeiro passo seja tentar responder algumas perguntas: o que me faria acordar cedo e feliz para ir trabalhar sem horário para voltar? Se não precisasse de dinheiro, em que trabalharia? As respostas são o caminho para despertar o que realmente importa e determinam, assim, a direção para viver uma vida mais feliz, seja antes ou depois do Carnaval.
*Antoine Abed – presidente fundador do Instituto Dignidade, filantrópico, empreendedor, estudante de Filosofia e autor da obra “Ensaio sobre a crise da felicidade”, publicada pela Editora Albatroz.