Em editoriais recentes, abordávamos a dualidade “hippies x conservadores”. Seria o movimento hippie uma forma de socialismo? O que é o socialismo, afinal? Há diferentes formas de socialismo? Estas questões podem parecer um tanto abstratas, mas possuem um valor significativo especialmente no Brasil de hoje, cujo governo tem demonstrado uma determinação muito clara em combater o socialismo.
De fato, o socialismo soviético, que se estendeu pela Rússia e por outros países durante o século 20, é amplamente discutível. Havia, no regime soviético, uma forte militarização e uma centralização política, embora existisse a intenção de acabar com as diferenças sociais. Era uma ditadura, e no mínimo é curioso quando esquerdistas chamam o governo brasileiro de “ditatorial”, enquanto defendem as ditaduras soviética (encerrada no início dos anos 90), cubana e venezuelana.
É justo reconhecer que Cuba, por exemplo, possui suas vitórias sociais, mas no país caribenho existem restrições à liberdade de expressão. Em Cuba, não existe democracia: não há voto para presidente e o país é controlado por partido único.
E onde os hippies entram nessa história? Este movimento pode ser considerado uma célula socialista, bastante modificada em relação ao socialismo soviético. Há, sim, no movimento hippie uma perspectiva anticapitalista, ambientalista, antimilitarista, igualitária, compassiva, perspectiva esta que coincide com os anseios de uma grande parte da população. O Partido Democrata, dos Estados Unidos, é em parte influenciado por essas ideias, definindo boa parcela do progressismo que temos atualmente.
Não é um assunto simples, à medida que nosso padrão de vida depende do capitalismo. Mas vamos nos jogar, sem qualquer anseio, ao capital?