Sara Rohde
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O movimento LGBT vem ganhando força em Santa Cruz do Sul. No último domingo, 26, foi realizado na Câmara de Vereadores do município um encontro que definiu a reativação da ONG Desafios, que tem o objetivo de promover o debate e a defesa dos direitos LGBT+, tanto em Santa Cruz como na região.
A ONG Desafios foi fundada em 2010 devido a necessidade da comunidade local e da comunidade LGBT ter um organismo para esclarecer, para trazer o debate à sociedade, e para conversar com a imprensa. A entidade já fez alguns eventos no município, e apesar do um período de inoperância devido a motivos pessoais dos ativistas, sempre ofereceu suporte. Inclusive quando as pessoas procuravam informações, eram esclarecidas algumas questões.
Entre as atividades realizadas nesses últimos anos está o 1º Encontro Estadual de Ativistas LGBTs do RS realizado em meados de 2014, onde reuniu todos os ativistas e pessoas ligadas ao movimento, como presidentes de ONGs, Conselho Estadual de LGBTs, Coordenadoria de LGBTs de Porto Alegre. Também foi realizado um abaixo-assinado em prol da lei de Criminalização da Homofobia, além do ato pela passagem do Dia do Orgulho LGBT, entre outros.
Conforme o fundador e atual presidente da ONG Desafios, Ruben Quintana, o objetivo é tentar dialogar com a sociedade, conversar através de entidades e imprensa as questões LGBTs, debater, levar palestras às escolas, participar de seminários e eventos abertos, “a gente sempre promoveu ações com a comunidade em geral para esclarecer qual é a cara do movimento LGBT, porque por falta de conhecimento, as pessoas acham que a causa é só ligada ao sexo, mas, queremos dialogar com a sociedade com objetivo principal de defender os direitos e a promoção da comunidade LGBT. E o momento é bem crucial, pois o Brasil passa por uma crise grave de revanchismo, intolerância, radicalização extremista e isso inclui o grupo. Infelizmente muitas pessoas declararam-se contra, acham que temos que ser exterminados e excluídos, e precisamos combater isso aí”.
Após esse período de inoperância a ONG Desafios está voltando com força total. E neste domingo, dia 2 de junho, uma nova eleição definirá a diretoria da entidade. Será às 16 horas na Câmara de Vereadores. Após, ocorre a definição da comissão organizadora de um evento histórico, é a primeira Parada da Diversidade de Santa Cruz e dos Vales com o tema: Família, Amor e Respeito. Os dois eventos de domingo são abertos ao público.
A primeira Parada da Diversidade será realizada no dia 7 de julho com uma ampla programação. Segundo Ruben, a organização está detalhando e definindo a programação. “Haverá concentração às 15 horas em frente à Praça Getúlio Vargas, com saída para caminhada em direção à Praça da Bandeira, onde ocorre o ato das 16 às 22 horas. Farão parte da programação intervenções artísticas com apresentações de Drag Queens, Gogo Dancers, dança masculina e feminina, estamos tentando também fechar com uma escola de samba”, disse Ruben. Caravanas de Santa Maria, de São Leopoldo, Lajeado e Cachoeira do Sul já confirmaram presença. Também serão enviados convites para Conselhos Municipais e Estaduais.
Um dos pontos altos da parada será a manifestação de quem é ligada à comunidade LGBT. “O evento é uma ação afirmativa que ocorre em todo o mundo para comemorar o Dia Mundial do Orgulho LGBT+ e alerta a sociedade e autoridades sobre a necessidade de leis de proteção, pois há milhares de casos de homofobia no Brasil. A cada 16 horas um LGBT é morto vítima de ódio e intolerância, o que coloca o país no primeiro lugar do ranking mundial de violência contra homossexuais”.
Ruben estendeu o convite a toda comunidade “quero destacar que todos estão convidados. A gente não quer afrontar, nem agredir, não queremos causar impacto, queremos uma participação com a sociedade, pois cada vez mais as pessoas estão vendo a importância de respeitar as diferenças e isso vale pra todos, inclusive para grupos que se acham minoria e que são minoria, negros, gordos, surdos, as mulheres, por isso denomina-se Parada da Diversidade, porque ninguém é igual e temos que conviver em sociedade.
O amor vence o ódio
Ruben Quintana explica que existem dois lados: o lado da mídia, da própria televisão em telenovelas, filmes que concorreram a Oscar e foram premiados no mundo inteiro por mostrarem temáticas homossexuais. “As próprias casas noturnas não restringem as manifestações de afeto e carinho LGBT. A comunidade se sente mais tranquila para frequentar esses espaços e se manifestar, então hoje existe esta abertura mais clara. Por outro lado tem este extremismo por parte de algumas pessoas. Têm radicais que dizem que os LGBTs não fazem parte das famílias, e eu tenho dito que é muito pelo contrário, na verdade as famílias estão aumentando e a nossa família é de amor”.
Quintana ainda explicou o quanto as famílias homoafeativas hoje são responsáveis por dar um lar às crianças, e salientou que muitas vezes as famílias ‘tradicionais’ não querem adotar um negro ou uma criança com a idade avançada, com a sexualidade já definida e as famílias homoafeativas não escolher cor, a sexualidade, a idade, “nós estamos dando perceptivas às crianças que um dia foram rejeitadas pela sociedade”,