LUANA CIECELSKI
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Natural de Porto Alegre e formado em Direito pela Universidade de Brasília, Anderson Mainardi, 34 anos, foi um dos últimos secretários anunciados pelo prefeito Telmo Kirst e uma das maiores surpresas, já que é um nome novo em seu governo. Desde o dia 1º de fevereiro, porém, ele vem atuando à frente da Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade.
Apesar do pouco tempo de atuação, na última terça-feira, 14 de fevereiro, Mainardi conversou com o Riovale Jornal. Acompanhado do colega Matheus Ferreira – que já foi secretário de Meio Ambiente durante um período no primeiro governo de Telmo Kirst, e que está ajudando Anderson a se inteirar dos assuntos pertinentes à secretaria – o novo secretário discorreu sobre os projetos que quer desenvolver na secretaria, sobre as observações que já fez pela cidade e sobre os desafios que terá de enfrentar.
Anderson Mainardi reside em Santa Cruz do Sul há dois anos e é filiado ao PMDB. Ele é filho do ex-deputado federal Ivo Mainardi, falecido em 1997.
ENTREVISTA
Riovale Jornal: A gente gostaria de começar sabendo como tu recebeu a notícia de que ficaria no comando da Secretaria de Meio Ambiente?
Anderson Mainardi: Pra mim foi uma surpresa. A gente tinha conversado dentro do nosso grupo [político] sobre a possibilidade de assumir mas isso foi nos últimos dias antes do anúncio. Então eu recebi com bastante surpresa, mas fiquei bastante feliz também de ter essa responsabilidade. Pra mim é uma responsabilidade nova, eu nunca tinha participado de uma pasta na administração de um governo e eu agradeço muito ao prefeito Telmo Kirst pela oportunidade. Eu quero fazer um trabalho que seja bem lembrado, apesar de todos os desafios que a gente tem pela frente, como é o caso do Lago Dourado.
Riovale Jornal: Nesse momento o Lago Dourado é o teu maior desafio?
Anderson Mainardi: É o principal desafio. O Lago Dourado, e a construção do Complexo Turístico e Esportivo. Outro desafio é a execução das Redes Hídricas. Tem algumas redes que a gente precisa terminar, que já estão licitadas. São elas a do Cerro Alegre Baixo e a de Linha Antão. São prioridades nossas. Também a modernização das praças públicas. A gente quer dar bastante atenção pra essa questão. Fazer a manutenção delas para deixar tudo de primeira linha e também contemplar o pessoal que dependa de acessibilidade, como os cadeirantes. Queremos transformar as nossas praças em praças inclusivas. Além dessas a gente têm várias outras prioridades. Posso ir listando elas?
Riovale Jornal: Pode. Por favor.
Anderson Mainardi: O chafariz da Getúlio Vargas a gente também tem a prioridade de colocar em funcionamento. A gente entende que não pode ficar parado. É um monumento histórico da cidade já, eu mesmo cresci passando ali pela frente, e também é um cartão postal da cidade, com a igreja ao fundo. Então a gente tem que botar em plena atividade.
Riovale Jornal: O que precisa fazer ali? Pra volta a funcionar?
Anderson Mainardi: A gente precisa licitar duas bombas. Será gasto um valor ali, mas eu acredito que é um investimento. É um ponto turístico e tem que ser tratado com carinho.
Matheus Ferreira: Fica incompleta a paisagem. Tu visualiza a igreja e defronte o chafariz, que não está funcionando.
Anderson Mainardi: Exatamente. Aquela praça tem que estar bonita, tem que estar limpa. Inclusive, na nossa divisão de obras a gente fez mais uma divisão, colocando um pessoal só para a manutenção e modernização de praças e do chafariz. A gente fez um setor só pra isso. Houve uma descentralização das atividades. Setorizamos um pouco e assim acho vai ficar melhor. Outra prioridade nossa é a questão do abastecimento de água e esgoto. A gente precisa passar tanto no interior, quanto na área urbana.
Riovale Jornal: Essa questão do esgoto é bastante delicada. A cidade está bastante avançada na questão do abastecimento, mas no que se refere ao esgoto, é uma parte bem pequena dele que é devidamente recolhido. Vocês estão pensando em algo para melhorar isso?
Anderson Mainardi: Ainda está bastante pendente, sim, e a gente quer dar uma acelerada nisso porque é uma questão de saúde pública, de bem estar social. E na pasta do Meio Ambiente a gente também precisa visar o bem estar social e pra isso a gente precisa ter um saneamento de qualidade e abrangente.
Outro ponto ainda que a gente quer desenvolver bastante nesse governo é a educação ambiental. Principalmente no sentido de separação dos resíduos, para o melhor aproveitamento deles, e destinação final correta. Também precisamos estudar alternativas para o lixo, para economizar, diminuir os gastos com isso, porque hoje quase a metade do nosso orçamento vai pro lixo.
Matheus Ferreira: Literalmente (risos)
Anderson Mainardi: Então esse é outros dos grandes desafios que eu e meus colegas da secretaria temos. A gente vai ter que estudar caminhos para diminuir. São quase R$ 10 milhões. Eu até fiquei um pouco assustado quando eu fiz o levantamento de todas as informações.
Matheus Ferreira: E isso não é algo que se muda em um dia ou um mês. Depende também de conscientização das pessoas, e ai entra aquela questão da educação ambiental. Entra também a necessidade de, de repente, pensar em um modelo diferente de recolhimento. Nesse setor do lixo me parece que o poder público ficou muito na mesmice até agora. Ficou se fazendo aquele arroz com feijão. Mas tendo em vista a questão econômica, e inclusive essa crise que acaba esbarrando aqui no município, esse modelo não é mais adequado à realidade.
Anderson Mainardi: Já está ultrapassado.
Riovale Jornal: E a coleta seletiva. Ampliar isso é uma opção?
Anderson Mainardi: É uma opção. Antigamente era feito somente em três bairros e agora a gente já conseguiu ampliar. Passou pra oito bairros. E a gente quer ampliar assim. Nossa meta é fazer em toda a cidade. Mas esse trabalho tem que ser feito junto com o de conscientização da população e dos empresários. A separação do lixo é necessária. Para que se possa fazer uma destinação final adequada e um reaproveitamento é preciso que as pessoas façam sua parte. Então a gente vai começar com campanhas pra tentar conscientizar a população.
Mas outro objetivo que temos ainda é o de estudar meios de energia renovável. Utilização de energia solar, energia eólica e outros tipos de energia que não sejam a elétrica. Isso é também uma prioridade nossa. Os desafios são inúmeros.
Matheus Ferreira: São complexos e longos. Para serem feitos a longo prazo.
Anderson Mainardi: E não dependem só da secretaria, dependem de um conjunto de secretarias em muitos casos. É preciso integrar as políticas para que a gente tenha um resultado macro.
Riovale Jornal: Falando um pouco sobre o Túnel Verde agora, ele é um ponto turístico, mas seguido vem a ser pauta porque precisa de uma manutenção. Como está essa questão?
Anderson Mainardi: O nosso governo conseguiu conhecer de forma bastante profunda as aproximadamente 180 árvores da espécie Tipuana que tem ali. Foi feito um estudo pela empresa para entender o que é preciso fazer para mantê-lo e agora nós precisamos apenas aplicar o estudo feito. A gente já sabe quais árvores necessitam de uma pode especial, e ó precisamos que os técnicos e biólogos da secretaria deem o aval.
Riovale Jornal: Pra finalizar então, a gente queria saber o seguinte: teu pai teve uma carreira política e tu acompanhou bastante ele como tu mesmo falou no dia em que teu nome foi anunciado para a secretaria. Isso te ajuda na administração na secretaria agora?
Anderson Mainardi: Sim. Meu pai teve uma brilhante carreira política e eu sempre procuro me inspirar nele. Principalmente nos valores de honestidade e comprometimento com o bem comum e com a população. Isso me deixa bastante orgulhoso, ter um pai como ele foi e me ajuda agora, com certeza, por eu ter participado da carreira dele quando eu era mais novo, e também porque eu pude conhecer muita gente no meio político. Isso me ajuda até mesmo a angariar recursos aqui para Santa Cruz do Sul, tanto na esfera Estadual quanto Federal. Isso é com certeza um somatório e eu quero encarar essa secretaria principalmente pra isso. Especialmente no que se referir ao Lago Dourado, obra para a qual nós vamos precisa de muitos recursos. Eu quero me prontificar a fazer essa conexão entre o Governo Federal e o Município e o Governo Estadual e o Município.
Matheus Ferreira: O fato de tu ter vivido um boa parte da tua vida em Brasília também acrescenta bastante. Te dá bastante conhecimento, né?!
Anderson Mainardi: Ah, sim. Eu fui para Brasília em 1988, quando meu pai se elegeu Deputado Federal Constituinte, e fiquei lá até dois anos atrás, quando voltei pra Santa Cruz do Sul. Eu sempre tive contato com o Estado, com a cidade, é claro. Minhas férias eu passava todas aqui. Mas a maior parte do tempo eu estive lá e isso me deu uma bagagem, porque lá o local das ideias. Brasília é a cidade modelo. Ela foi construída exatamente para isso. Para concentrar as ideias e para que elas sejam expandidas para todos os cantos.
Riovale Jornal: Dá pra tirar bastante ideia de lá então? Tu vais fazer isso?
Anderson Mainardi: Sim, muitas. Elas estão lá e a gente só precisa aplicar. Mas eu também preciso destacar que eu tenho uma equipe muito boa de técnicos e operários que compõem a minha equipe, que são muito dedicados e isso também ajuda na administração. Sem eles eu não sou ninguém. Então eu acho que vai ser uma boa caminhada. Acho que vamos fazer um trabalho marcante.
Aviso
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (SEMASS) tem recebido várias solicitações de serviço de poda de árvores nos últimos dias. No entanto, devido ao início do ano letivo nas escolas, o secretário da pasta, Anderson Mainardi, informa que a prioridade é dar sequência aos serviços externos nas instituições municipais de ensino. “Precisamos que a população tenha paciência. Depois do início das aulas daremos uma atenção especial aos outros locais da cidade”, esclareceu Mainardi.