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Santa-cruzenses gostam de marcas de luxo

LUANA CIECELSKI
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Já se imaginava que as mulheres santa-cruzenses são bastante ligadas na moda e entendem de boas marcas, no entanto, uma pesquisa realizada nesse ano, por duas doutorandas da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) comprovou esse fato e foi além: segundo as informações levantadas de Giovana Goretti Feijó de Almeida e Vonia Engel, as marcas de luxo – aquelas com nomes de estilistas famosos e que possuem um preço mais alto – são bastante consumidas por aqui, principalmente por mulheres de classes que não são o alvo dessas marcas, ou seja, as de classe B e C.

A pesquisa foi feita principalmente através de entrevistas. Giovana e Vonia conversaram com 20 santa-cruzenses que se consideravam pertencentes à classe B ou C, e que possuíam uma renda média condizente, e chegaram à conclusão de que, metade delas utiliza marcas de luxo. O foco da pesquisa era a marca francesa Louis Vuitton – especializada na produção de bolsas e malas de viagens, feitas em couro e lona. ‘Foi uma surpresa pra nós”, afirmou Giovana.

Além dessa conclusão, as pesquisadoras também constataram que o consumo de marcas está intimamente ligado a uma sensação de pertencimento ao mundo e determinada classe. “A classe C tem a classe B como projeção assim como a classe B tem a classe A como projeção. E as pessoas se projetam através da aquisição de um produto”, explica Giovana. Além disso, segundo elas, é parte do fetiche, ou seja, do fascínio que o objeto exerce sobre as pessoas, o reconhecimento. “As pessoas se reconhecem nesse produto e buscam ser reconhecidas”, afirmaram. Durante as entrevistas elas constataram até mesmo que muitas mulheres se sentem melhor tratadas quando estão utilizando as marcas e que por isso elas continuam adquirindo.

De acordo com a pesquisa, é comum que as pessoas se projetem na sociedade através de determinados produtos

De uma forma geral, de acordo com as pesquisadoras, esse estudo pode servir como uma representação do cenário de consumo da cidade, no entanto, elas também procuram deixar claro que muita pesquisa ainda precisa ser feita para que se chegue a constatações mais precisas, e que toda a regra tem suas exceções. “Esse resultado vale pra esse número de entrevistados. Caso tivéssemos mudado o número de entrevistados, talvez tivéssemos uma distorção, um resultado diferente. Uma pesquisa apenas dá indícios. São identificados elementos que reportam aquela comunidade de uma forma geral”, esclareceu Vonia.  

Pesquisa já está publicada

Essa pesquisa, que começou a ser feita em março, acabou resultando em um artigo intitulado O poder e a aura das marcas de luxo em classes populares: o caso Louis Vuitton. Ele teve como referencial teórico o conceito de fetichismo da mercadoria do Karl Marx e o conceito de Aura de Walter Benjamin, e foi apresentado no dia 2 de outubro, no Congresso Internacional de Marcas/Branding que aconteceu em Lajeado na Unidade Integrada Vale do Taquari de Ensino Superior (Univates). Anteriormente, ele já havia sido sediado em Portugal.

A partir dessa apresentação, o trabalho delas foi selecionado para ser publicado na BrandTrends Journal, uma revista científica que traz estudos de acadêmicos, pesquisadores e profissionais de diversas áreas, sobre as marcas.

As pesquisadoras
Giovana Goretti Feijó de Almeida é Publicitária especialista em Branding e Doutoranda em Desenvolvimento Regional. Já Vonia Engel é Economista e também é Doutoranda em Desenvolvimento Regional. Quando surgiu a necessidade de desenvolvimento de artigos para o doutorado, a ideia de unir as duas áreas (publicidade e economia) parecia promissora. E pode-se dizer que foi. Elas já têm outras ideias de pesquisas para dar andamento.
Giovana e Vonia, as pesquisadoras