Mais uma entidade de pesquisa reafirma aquilo que nós, do mercado legal de tabaco temos a certeza que acontece. Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, especialista em mercado e varejo, revelou que 49% do cigarro consumido em nosso estado vem de contrabando.
São dados publicados por institutos independentes, que não monitoram apenas o cigarro, mas outros setores da economia que não são afetados pelo contrabando. A Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins, a Fentifumo, segue acompanhando isto com muita preocupação. O Brasil ainda continua perdendo seu mercado legal para o contrabando, que continua, por sua vez, dominando o mercado nacional.
Quando se fala no combate ao contrabando, se fala no poder de gerar postos de trabalho, fazendo com que se diminua o número de desempregados. Tudo isso também tem efeito positivo sobre a criminalidade. O combate ao mercado ilegal enfraquece o crime organizado.
O que nos deixa muito preocupados, como entidade representativa dos trabalhadores, é que diversos institutos renomados estão divulgando dados, comprovando o malefício do contrabando e os números expressivos dele, e não acontece nada. Citamos os números do Rio Grande do Sul, mas no caso do Paraná, por exemplo, sabe-se que 65% do consumo de produtos do tabaco vêm de contrabando. O governo federal reconhece algo entre 38 a 40%%, a nível nacional. Mas o fato de reconhecer estes índices é, também, um atestado de que perdeu o controle.
O emprego está migrando para os países de origem do contrabando. Veja o caso Paraguai. Lá a demanda de consumo seria cinco bilhões de cigarros ao ano, no entanto, as indústrias do país produzem 60 bilhões. É uma conta que não fecha, para onde vai toda esta produção? O que nos deixa aflitos e angustiados é que estamos perdendo estes postos de trabalho, pois não temos nenhum poder de polícia, e temos que ficar observado a situação apenas. Nesta sangria de postos de trabalho fechados estamos vendo o contrabando predominar em nosso país.
Fica a discussão de sempre, a respeito do combate que não é eficiente. É lamentável, pois, as ações são paliativas e não estão conseguindo lograr êxito. Ou reprimimos o contrabando de uma maneira ferrenha, ou o contrabando acaba com o mercado legalmente constituído.
Gualter Baptista Júnior – Presidente da Federal Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo)