Ana Souza
[email protected]
Um crime brutal contra uma menina de 10 anos chocou os moradores de Linha Alto Paredão, interior de Santa Cruz do Sul. Um jovem de 16 anos confessou ter matada Débora Teresinha Adornes, de 10 anos. Após a confissão na noite de sexta-feira, 19, o adolescente foi internado na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) na madrugada de sábado.
Na manhã de quinta-feira, 18, Débora percorreu os dois quilômetros que ligavam sua casa, em Alto Paredão, até a parada de ônibus. Estudante da Escola Felipe Becker, ela seguiria de ônibus para frequentar sua segunda aula de reforço escolar. Mas o destino da menina acabaria antes mesmo de chegar à escola. Por volta das 6h30min, Débora chegou à parada. Em depoimento à Polícia Civil na sexta-feira à noite, o adolescente confessou que já estava no local quando a menina chegou.
Segundo o interino da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Santa Cruz do Sul, delegado Miguel Mendes Ribeiro Neto, o adolescente afirmou que o crime não tinha sido premeditado – apesar da polícia não descartar esta possibilidade pois os dois já haviam esperado o ônibus no mesmo local na semana anterior ao assassinato – e o que o motivou a fazer tal brutalidade foi a implicância que a menina tinha com ele. No dia do crime, contou que Débora havia lhe xingado e que ele respondeu em tom de ameaça. Com medo, ela se dirigiu até um abrigo de madeira. Irritado com a situação, o assassino confesso foi até a casa de familiares em busca de uma corda.
Ao ver o rapaz se aproximar, Débora tentou fugir mas foi alcançada. Foi então que o adolescente obrigou a menina a atravessar a rua e a subir em um barranco de cerca de dois metros de altura. Os dois se dirigiram a uma lavoura de milho. O adolescente usou a corda para amarrar os pulsos da menina e tentou estuprá-la. Não conseguindo êxito, conduziu-a até um matagal e enforcou-a, amarrando o corpo em uma árvore, na tentativa de simular um suicídio.
Após a ação, ele abriu a mochila de Débora, encontrou o valor de R$ 7,00, pegou o dinheiro e seguiu a pé na direção da escola, onde não compareceu. Parou no caminho, comprou balas e chicletes em um mercado. Motivos de comportamento diferentes foram observados por familiares do rapaz, que frequentemente apresentava problemas na escola.
INDÍCIOS
A menina foi encontrada por uma tia do criminoso, por volta das 15h30min de sexta-feira. Assim que foi acionada, a Polícia Civil entrou em contato com o Instituto Geral de Perícias (IGP) de Santa Maria. Os peritos estiveram no local do crime, confirmando que a menina não tinha sido estuprada, mas o jovem confessou ter tentado violentá-la. O corpo de Débora estava amarrado pelo pescoço em uma árvore, nas pernas ela tinha marcas de arranhões, indicando que tinha sido arrastada seminua até o local onde foi morta. Outra suspeita das investigações, que se confirmou, foi o fato do jovem ter ido até a parada do ônibus para se dirigir à escola, mas não chegou para a aula.
Débora Teresinha Adornes residia desde o 5 anos de idade com a avó paterna em Linha Alto Paredão, em uma residência ao lado da casa dos tios Maria e Valdir Wiebbelling, que cuidavam da irmã de 8 anos, de Débora. Por problemas de saúde, a avó da menina mudou-se para o centro de Santa Cruz do Sul, levando Débora junto com ela. Mas, com saudades da irmã, ela pediu para retornar à localidade, voltando a morar com a avó e próxima aos tios. Desde o crime, as crianças que também usavam o caminho até a parada para pegar ônibus, não estão utilizando o local, por medo.