Ana Souza
[email protected]
Visando desmistificar o consumo da cachaça, bebida legítima do Brasil, foi realizado na noite de sábado, 11, nas dependências do Restaurante Costelão, o 1º Jantar Dançante do Clube da Cachaça, uma realização da A Cachaçaria, localizada em Santa Cruz do Sul. O evento – que também contou com shows com o Grupo de Capoeira Oxósse e de pagode com o grupo Do jeito que for – reuniu inúmeros adeptos que puderam degustar os diversos sabores da bebida, apresentada por quatro produtores: os gaúchos Moacir Menegotto, diretor da Casa Bucco; Leandro Augusto Hilgert, da Harmonie Schnaps e Iro Bohn; da Weber Haus e a paranaense Sara de Brito, da Bonicontro.
Conforme a proprietária da A Cachaçaria, Elisiane Oliveira de Melo, o evento foi promovido pelo Clube da Cachaça, que faz parte da Cachaçaria. “Este é o primeiro jantar que realizamos. Nosso objetivo foi reunir os integrantes do Clube da Cachaça e fazer uma degustação com os produtores convidados para mostrar a legítima bebida brasileira. No dia 23 de setembro A Cachaçaria Santa Cruz completará um ano e promover eventos assim ajudam a divulgar a cachaça brasileira”, destaca.
O cachacier da A Cachaçaria, Jelson Dias, explicou que o evento é pioneiro no Rio Grande do Sul. “Com o evento queremos mostrar o verdadeiro valor que a cachaça, verdadeira bebida brasileira, merece. Além disso, recompensar nossos clientes pela aceitação da ideia em fundar a cachaçaria.” Ele explica que teve conhecimento da bebida através de um amigo, Anísio Santiago. “Experimentei e pude perceber que era uma bebida que não deixava nada a desejar. Iniciamos com um bar e preparávamos a cachaça com frutas. Fizemos um curso com Manoel em março deste ano e recebemos o certificado de cachacier. Para ser do ramo tem que conhecer o produto, ter dedicação e ser devoto da bebida que é genuinamente brasileira.”
UM LIVRO SOBRE CACHAÇA
Durante o jantar dançante o cachacier Manoel Agostinho Novo, explanou ao Riovale Jornal sobre seu livro Viagem ao mundo da cachaça. O exemplar traz todas as etapas da produção da cachaça, desde a fermentação, o processo em laboratório até a degustação final. “O turista é o leitor e o guia, o escritor. É uma leitura dinâmica e agradável.” O lançamento do livro foi em setembro de 2011 e o autor enfatiza que a ideia é quebrar o preconceito sobre a cachaça. “Levei um ano para reunir o material, após três anos de conhecimento do destilado.”
O cachacier enfatiza que com o passar do tempo a bebida ganha mais adeptos. “Os produtores estão mais preocupados com a qualidade. Os apreciadores mais exigentes e a fiscalização mais atuante e rigorosa. E ganhamos um grande aval quando em abril deste ano a presidente Dilma Rousseff assinou em Washington um acordo com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que reconheceu o produto como tipicamente brasileiro.”
O público presente no jantar teve uma aula de como degustar a cachaça que passa por três processos. Primeiro: análise visual, observando se há selo do Ministério da Agricultura na garrafa, que garante que a bebida foi fiscalizada pelos órgãos responsáveis; olfativa para sentir o aroma da bebida, que deve ser agradável e gustativa, levando a cachaça a boca, de modo a molhar toda ela, fazer um bochecho com a bebida, inspirar pela boca e expirar pelo nariz, para que o oxigênio entre em contato com ela. Essa ação o fará salivar, o que diminui a concentração de álcool e a torna mais suave.
Ele também destacou que a cachaça mais cara do Brasil vai de R$ 700 à R$ 1,5 mil, mas as ‘tops de linha’ variam de R$ 250,00 à R$ 300,00. Produzida no alambique é dividida em três partes: cabeça (rica em metanol e ácidos, e não deve ser comercializada nem utilizada para consumo), coração (onde são coletados os principais compostos e mais desejáveis na aguardente) e cauda (também chamada de óleo fúsel ou caxixi, são encontrados os compostos com altas temperaturas de ebulição). Dos 100% da produção em alambique, 10% tem muito metanol e 10% finais álcools secundários nocivos. “Os produtores estão tendo muito cuidado em oferecer um produto com grande qualidade para consumo e o Rio Grande do Sul está se destacando na produção.”
Fotos: Ana Souza
Evento serviu para desmistificar o consumo da cahaça
Manoel Agostinho Novo e o livro Viagem ao Mundo da Cachaça:
um guia sobre todo o processo da bebida
____________________
A Cachaçaria
No dia 23 de setembro A Cachaçaria completa um ano em Santa Cruz do Sul. Em um local aconchegante os apreciadores encontram um universo de sabores e aromas das melhores cachaças finas do país. A Cachaçaria está instalada na Rua Ernesto Alves, 81. O local é destinado para maiores de 18 anos.
____________________
Eventos servem para desmistificar o preconceito quando ao consumo da bebida
Os produtores falaram da importância dos eventos para divulgar e desmistificar o uso da cachaça. “O país precisa de eventos como esse. A cachaça foi por muito tempo denegrida e estamos em um novo momento e nem todos perceberam que a cachaça tem qualidade. Ela é nobre sim! Fazer a divulgação do produto é quebrar paradigmas e dar o verdadeiro glamour que a cachaça merece”, destacou Moacir Menegotto, diretor da Casa Bucco – do Vale do Rio das Antas, em Bento Gonçalves –, que desde 1925 trabalha com destilação da bebida, tendo sido a mais premiada do país.
“Divulgar a cachaça em eventos é poder acabar com o preconceito que muitos têm a respeito da cachaça. Nossa produção vem do ramo familiar e por mais de 40 anos produzimos a cachaça e a comercializamos por quase todos os Estados do Brasil”, explica Leandro Augusto Hilgert, da Cachaçaria Harmonie Schnaps, localizada em Harmonia, no Rio Grade do Sul.
Vinda do Paraná, Sara de Brito enfatizou que eventos assim se tornam o meio mais eficiente de divulgar a bebida. “Atualmente a cachaça está mais reconhecida, principalmente depois que foi apresentada ao presidente dos Estados Unidos. Desde que estou na Bonicontro sempre procuro participar em todos os eventos, pois o custo é bem menor que qualquer outra mídia”. A Cachaçaria Bonicontro tem 18 anos de tradição e está localizada na cidade de Jandaia do Sul, em Maringá no Paraná.
Há 64 anos a Weber Haus, localizada em Ivoti no Rio Grande do Sul está no ramo de produção de cachaça, sendo a primeira a ter premiação mundial. “É a terceira geração na família”, diz Irio Bohn. “Eventos assim sempre ajudam a mostrar a cachaça brasileira e fazer com que mais pessoas possam aderir ao produto e conhecer seu processo de qualidade. São barreiras conquistadas aos poucos. Durante a Copa do Mundo o Brasil terá a oportunidade de mostrar para o mundo a bebida que é típica do nosso país.”
Durante o jantar houve degustação da bebida genuinamente brasileira
Jelson e Elisiane (ao centro), da A Cachaçaria com os produtores Moacir, Leandro, Sara e Irio