Início Geral Greve no Judiciário termina sem muitos avanços para servidores

Greve no Judiciário termina sem muitos avanços para servidores

EVERSON BOECK
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Os servidores do Judiciário estadual decidiram em assembleia realizada na última segunda-feira, 16, em Porto Alegre, pelo fim da greve deflagrada dia 27. Depois de 22 dias de paralisação, os trabalhadores retornaram às atividades, dando prioridade, inicialmente, para o atendimento dos serviços que ficaram sem andamento durante a greve, conforme orientação do Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul (SindjusRS).
Em Santa Cruz do Sul, segundo a representante do comando de greve, Elisabete Barboza, o movimento perdeu força e foi encerrado na segunda-feira da semana passada, dia 9. “O número de servidores do Fórum local que participavam da greve foi reduzindo. Começamos com 13 (20%) e terminamos com quatro. Como o número era irrisório decidimos recuar, mas continuamos apoiando a paralisação em nível estadual”, explica.
De acordo com o SindjusRS, a categoria decidiu retornar ao trabalho frente à proposta do Tribunal de não descontar os dias parados. Os servidores também deliberaram por buscar a retomada das discussões das demais pautas de reivindicações, que incluem data-base, jornada de sete horas e mesa de negociação paritária para construção do plano de carreira dos trabalhadores.
Para Elisabete, apesar de o movimento ter perdido força, a categoria aderiu à greve sem medo e com convicção dos seus objetivos. “Nossas perdas salariais vêm de anos e hoje somam 46%. Isso não vem sendo negociado com o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário (Sindjus). Além da recuperação da inflação anual garantida em lei, com o estabelecimento de data base, reivindicamos a criação de um plano de cargos e salários, estabelecimento de jornada de sete horas. Nós não tivemos medo de enfrentar dificuldades e mostramos que estamos sendo prejudicados”, argumenta.
Ao final da greve, conforme a representante do comando de greve, a reposição chegou a 6,28% parcelado em duas vezes, uma para final de julho e outra para outubro. “Os avanços nas negociações foram muito poucos, porém, segundo orientação do SindjusRS, a categoria manterá tratativas com o Tribunal para tentar que outras demandas sejam atendidas”, comenta.
Os grevistas estão dando continuidade à campanha do agasalho iniciada durante a greve. Com o apoio da Subseção da OAB de Santa Cruz do Sul, posteriormente o material recolhido será doado para um bairro ou instituição. A comunidade também pode colaborar comparecendo no Fórum, localizado na esquina das ruas Ernesto Alves e Fernando Abott.

APOIO DA OAB À GREVE

A Subseção da OAB de Santa Cruz do Sul participou do primeiro dia da paralisação e demonstrou apoio ao movimento. O presidente da entidade, Ciro Bay, considera as reivindicações da categoria como “justas”. “Além de justas para os servidores, elas afetam diretamente o trabalho dos advogados e a população que necessita dos trabalhos judiciários, que estão cada vez mais lentos. A OAB vem alertando há bastante tempo o Poder Judiciário que o sistema está prestes a entrar em colapso devido a esta defasagem de cargos”, esclarece.
Para Bay, o TJ deve, pelo menos, apresentar soluções que amenizem o cenário atual. “Nossa posição é de apoio ao movimento para que o Poder Judiciário reflita e repense acerca de alternativas para pôr fim a este problema. Hoje o sistema é moroso e desgastante para todos e isso precisa mudar”, analisa.
Elisabete avalia a participação e apoio da OAB como fundamentais para a greve. “Nosso foco no movimento foram as dificuldades em desenvolver nosso trabalho. Todas as comarcas estão trabalhando no limite, esgotando seus servidores. Ainda, com a implantação da jornada de nove horas por dia com apenas uma hora de intervalo para almoço, sendo necessário fazer revezamento para isso. Foi muito importante que um órgão como a OAB, ligado ao Judiciário mas que não está dentro, reconhecesse e mostrasse isso para a sociedade”, observa.

ROLF STEINHAUS

Depois de 22 dias de greve, a categoria decidiu retornar ao trabalho frente
à proposta do Tribunal de não descontar os dias parados