Ana Souza – [email protected]
Quem assistiu com certeza se emocionou com a linda festa realizada pelo Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum na praia de Tramandaí. O terreiro localizado em Santa Cruz do Sul prestou uma homenagem à Yemanjá, a Rainha do Mar, com a realização da tradicional Festa de Yemanjá. De Santa Cruz do Sul partiram até o litoral gaúcho quatro ônibus e diversos carros, totalizando mais de 200 pessoas que formaram uma grande caravana.
Conforme Pai Antônio, Babalorixá do Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum, o terreiro foi fundado em 1987 e desde o seu surgimento presta homenagens à Yemanjá. “A festa é cercada por momentos de muita emoção. Pessoas choram ao assistir a sessão mediúnica. Há anos realizamos a Festa de Yemanjá e a cada ano aumenta o número de pessoas que nos acompanham até a praia e que assistem às homenagens.”
Na manhã de sábado, 4, foi realizado, à beira mar, o batismo de dois filhos de santo que ingressaram na religião. Após o meio-dia iniciaram-se os preparativos para a caminhada até as areias de Tramandaí, local onde seria realizada a sessão mediúnica. O Babalorixá Pai Antônio de Ogum vinha à frente conduzindo a bandeira que trazia o nome do templo, em seguida seus filhos e filhas de santo carregando flores e oferendas e em um andor a imagem de Yemanjá cercada por flores brancas.
Em um cercado formado pelas bandeiras dos Orixás, também estavam dispostas as imagens – com 1,80 metros – de Yemanjá e Pai Ogum Beira-Mar –, as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul, de Santa Cruz do Sul, do município de Tramandaí e em uma escrito a palavra Paz. Um banner trazia o agradecimento de Pai Antônio pedindo a Pai Oxalá que abençoasse todos aqueles que compartilham do carinho e amizade para com ele e sua família.
A partir das 15h iniciou a sessão mediúnica. Os Orixás do terreiro saudaram o mar e o público presente. Durante a sessão foram distribuídos axés com melancias e torta. Ao final das homenagens uma tempestade se formou, nuvens escuras encobriram o sol e o vento fez levantar a areia das dunas. Os trabalhos seguiram normalmente e as oferendas foram levadas ao mar e entregues à Yemanjá por Pai Antônio e seus filhos de santo.
A RAINHA DO MAR
Conhecida no sincretismo como Nossa Senhora dos Navegantes, Yemanjá é reverenciada em 2 de fevereiro. Também chamada de Mãe dos Peixes, encerra em si a verdadeira maternidade. Traz consigo a cor azul em suas infinitas variações, verde água e cristal, dona das águas salgadas, padroeira dos pescadores, seu nome significa A mãe cujos filhos são peixes. Seus números são o 8, 16, 32, adora receber oferendas como espelhos, pentes, perfumes de alfazema, champagne, rosas brancas, merengues, cocadas, canjica branca e melancia. Seu metal sagrado é a prata, seu símbolo é o espelho. Sua saudação é Odô Yá, que significa Mãe do grande rio (mar).
Fotos: Ana Souza
Yemanjá foi homenageada através de sessão mediúnica realizada em Tramandaí
Yemanjá recebeu uma grande festa realizada pelo
Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum
Orixás saudaram o mar e a Rainha Yemanjá
Na manhã de sábado também foram realizados batismos de filhos de santo
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Emoção e agradecimento marcaram a Festa de Yemanjá
Milhares de pessoas estiveram presentes nas homenagens à Rainha do Mar. Na caravana santa-cruzense, muitos simpatizantes do Templo que acompanharam os festejos cercados de muita emoção e pedidos de agradecimento.
“Participo das homenagens há cerca de oito anos e é muito bom estar novamente presente. A cada ano se torna mais bonito e emocionante”, salienta Regina Leal Paz. Através da participação nas festas realizadas à beira-mar, pedidos foram atendidos. “Há sete anos acompanho a Festa de Yemanjá. Pela primeira vez cortei as sete ondas e foi maravilhoso, me senti muito bem, uma tranquilidade interior e paz. Sempre venho agradecer pela minha saúde, houve um tempo em que estive doente e os orixás me ajudaram e me deram esperanças. Sempre que posso participo para agradecer por minha saúde e de meus familiares”, enfatiza Adiles Machado, acompanhada por Lauro Marques.
Há sete anos a também simpatizante Maura Veleda Giovanini participa das homenagens. “Sempre acompanhei, todos os anos. É uma homenagem muito bonita e que todos deveriam participar. Há 21 anos fiz uma promessa e assim que conheci a terreira de Pai Antônio pude vir até a praia agradecer à Yemanjá pelo pedido atendido. Minha família toda acompanha, filhas, genros, netos e irmã.”
Histórias marcantes fazem parte das comemorações. Há 21 anos atrás a neta de Sirlane Schaurich, Shayane Schaurich Damasceno, teve uma luxação no pé. “Ela usou aparelho até um aninho e o médico disse que levaria seis meses para caminhar. Vim até a Festa de Yemanjá e pedi ajuda, foi quando Pai Ogum, com rosas vermelhas em mãos, levou minha neta próximo à imagem de Yemanjá e disse que Shayane estava de aniversário, respondi que ela fazia aniversário em dezembro, ele me disse que ela era filha de Yemanjá, colocou-a no chão e ela saiu andando. A partir daquele momento, sempre que ela cortasse o cabelo era para juntá-lo e na Festa de Yemanjá jogá-lo ao mar. Desde aquele momento, minha neta nunca mais teve problemas. Hoje ela participa de danças, faz parte da Banda dos Dragões e foi princesa dos 200 anos de Rio Pardo. É uma bênção para nós e por isso todos os anos participo.”
Maura: “É uma homenagem muito bonita e todos deveriam participar”
Adiles e Lauro: “Sempre que podemos participamos para pedir por nossa saúde e dos familiares”