Ainda somos um país de analfabetos. E se a incapacidade de ler é excludente, a incapacidade de interpretar o que se lê e saber expressar o que se pretende é preocupante. Escrita e leitura são gêmeas siamesas, não vivem uma sem a outra. Ainda lemos pouco. Livros são comprados como objetos de decoração. Embora muitos livros possam ser obras de arte, não servem para ser contemplados, mas para serem degustados.
O acesso à cultura e à literatura já não é escasso. Já percorri bibliotecas escolares, de escolas bem pequenas, recheadas de obras primas, que muitas vezes nem os professores sabem que moram ali, do ladinho da sua sala de aula.
O que mais falta não é acesso, mas informação e incentivo para provocar o desejo. Tenho o maior orgulho da minha funcionária, que ano passado me falou orgulhosa, depois de ler os contos dos Irmãos Grimm, que nunca pensou que algum dia leria um livro tão grande e que fosse gostar tanto. Sem dúvida, o acesso à minha pequena biblioteca fez diferença, mas me ver lendo, comentando as histórias com ela e preparando sessões de contação de histórias, também foram fundamentais para despertar o desejo pela leitura. Por essas e tantas outras razões é que os eventos e as datas para lembrar a importância (e a delícia) da leitura são importantíssimos. O desafio geralmente nos coloca em estado de prontidão e muitas vezes, de reação.
Poucos dias atrás, para celebrar o Dia Internacional do Contador de Histórias, lancei o desafio para que pais, avós, professores, bibliotecários e amigos, brincassem com suas memórias e compartilhassem alguma história. Naquele momento, disse que aquele seria um primeiro convite. Aí vem um novo convite: vamos contar mais histórias?!
Quantos de nós já nos divertimos com histórias como “O patinho feio”, “O soldadinho de chumbo” ou “A roupa nova do rei”?! O que essas histórias tem em comum? Seu escritor, o dinamarquês Hans Christian Andersen.
Andersen nasceu no dia 2 de abril de 1805 e devido à sua grande contribuição para a literatura infanto-juvenil, no dia de seu aniversário é celebrado, em mais de 60 países, o Dia Internacional do Livro Infantil (e Infanto Juvenil). Num aniversário como este as histórias são a alegria da festa, são o brigadeiro, o bolo. Nada deixaria este aniversariante, que hoje é estrela cintilante, mais feliz que ver lá de cima suas histórias sendo compartilhadas, unindo as pessoas. Todos estão convidados para a festa de Hans, não precisa confirmar presença, apenas compartilhá-la.
*Professora Universitária e Contadora de Histórias