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Hipnose: Ilusão e Realidade

As manifestações hipnóticas, são inerentes ao ser humano. Diz respeito às interações que se estabelecem entre o corpo e a mente, e como um impacta o outro simultaneamente. Ao mesmo tempo, a interação do corpo-mente com a realidade externa. Essa intersecção acontece o tempo todo, onde impactados e impactantes se revezam de forma incessante. A hipnose situa-se numa meta posição, sendo a aglutinadora dessas múltiplas interações. Poderíamos comparar a hipnose a um maestro, possui ele a visão de toda a orquestra e a rege. Dando as indicações do que e como deve ser feito a cada momento. E então a música a sincronia acontece, e por vezes, nos dá a impressão de que algo mágico ocorre.
O que é real e o que é ilusão nisso tudo? O real é o que ouvimos e enxergamos de uma sinfonia na medida em que produzida. O que chamamos de ilusão, é como cada um a sente, o que ela elicia em cada ser, as emoções, as lembranças, a ebulição de pensamentos e sentimentos interagindo na totalidade do ser. Contudo, para este indivíduo em específico, isso é o que há de mais real. Poderíamos dizer então, que realidade e ilusão se complementam e por vezes nem há razão de distingui-las, pois o mais importante é o impacto que elas nos proporcionam. Nosso mundo interno é alimentado por inúmeras ilusões, algumas nos fazem bem, outras nos fazem mal. A hipnose, sendo esse “maestro” natural do mundo interno, pode conduzir os acordes na direção desejada. Na medida em que se sabe o que fazer e como fazer, pode-se utilizar em favor do paciente.
A hipnose não é uma resposta estática a um estímulo dado, antes sim é algo mutável. O que se mostra, toma a forma das expectativas, das crenças e valores de um determinado indivíduo. Para tanto, a hipnoterapia precisa tomar a forma de cada mundo interno e interagir com ele. Dando sugestões, apontando possibilidades, mostrando o próprio ferramental interno, suas qualidades e virtudes. Indicando suas forças, seus momentos de superação, sua capacidade de resiliência. O mundo interno de cada indivíduo é algo extremamente rico, e a hipnose deve interagir com toda essa riqueza. Facilitar os processos de mudança para que o individuo possa tomar posse de si mesmo, possa dirigir suas escolhas e ações.
A Hipnose utilizada nos consultórios de psicoterapia, só consegue resultados surpreendentes porque leva em consideração cada ser e sua individualidade. Porque evolui junto com o ser humano, pois na medida em que a humanidade evolui e se moderniza, acaba por usar mais seus recursos mentais. Na mesma proporção evolui a hipnoterapia, pois se utiliza de recursos que estão na mente de cada ser, e não apenas em teorias impressas em livros deixados por nossos precursores. Que certamente são informações importantes. Contudo, na medida em que são imutáveis, perdem a cada ano sua validade. Em contrapartida, o indivíduo muda constantemente, por isso a necessidade de olhar mais para o paciente e sua realidade individual e menos para as teorias.
A hipnoterapia, e neste caso numa visão ericksoniana, busca adaptar as teorias a cada paciente, levando em consideração seu vasto mundo interno. Com isso é possível fazer uma terapia sob medida para cada paciente, e isso faz toda a diferença em relação ao alcance dos resultados e mesmo a rapidez com que se alcança. A hipnose, tende a ser interpretada como mágica, mas não é. Antes sim, um conjunto de estratégias muito bem montadas e estruturadas, com objetivos específicos. Seja a mudança numa forma de pensar, seja a cura de uma doença ou a mudança de um sentimento. Na medida em que for bem conduzida, a hipnose é esse “maestro” que interage com a “orquestra” interna de cada indivíduo. E juntos, produzem “música”.

*Psicólogo Clínico, Especialista em Hipnose e Escritor