As frases “não estou nada bem”, “ai, que dor” ou “que mal estar” expressam que algo não vai bem no nosso organismo. Problemas de saúde, simples ou graves, podem ser encarados com mais tranquilidade, se o cidadão tiver a segurança de saber que encontrará, na rede pública de saúde o atendimento, a assistência e o acompanhamento para suas necessidades.
É com esta preocupação que a Igreja Católica lançará, na quarta-feira de cinzas, a Campanha da Fraternidade 2012, com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8).
O objetivo geral dessa campanha é promover ampla discussão sobre a realidade da saúde no Brasil e das políticas públicas para esta área. Além de contribuir com a qualificação, fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem atuação direta na melhoria da qualidade de vida da população.
De fato, todos nós já convivemos com alguém ente querido que nos ensinou o valor da saúde depois de tê-la perdido. Não são raros os casos de pessoas que gastaram o que tinham para recuperá-la.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a nossa Constituição Federal, a saúde é um dos direitos fundamentais do ser humano, sendo, inclusive, um dever do Estado. E é aqui que as coisas não vão bem. O relatório ‘Estatísticas de Saúde Mundiais 2011’, divulgado pela OMS, mostra que o governo brasileiro está entre os 24 países que destinam uma das menores proporções de seu orçamento à saúde, inferior inclusive à média africana.
Para se ter uma ideia, em 2008, 6% do orçamento nacional foi para a saúde. Nos países ricos, essa taxa chega a 16,7%. Os dados ainda revelam outra realidade: o custo médio da saúde ao bolso de um brasileiro é superior à média mundial. Mais ainda, 56% dos gastos com a saúde no Brasil vêm de poupanças e rendas da população.
Apesar de estar longe do ideal, é preciso reconhecer que a saúde vem se organizando no Brasil. O SUS é considerado o mais amplo sistema público de saúde do mundo, com políticas claras e estabelecidas. Este sistema atende hoje cerca de 80% da população do país, com cerca de 60 mil unidades ambulatoriais, seis mil hospitais e 440 mil leitos hospitalares espalhados pelo país.
Parece muito, mas pode ser melhor. O Brasil com seus 5.565 municípios conta com falta de médicos em cerca de mil deles. É preciso fazer mais e a Campanha da Fraternidade 2012 se propõe a promover uma reflexão nacional para que grupos, instituições e a população em geral indiquem soluções e melhorias que beneficiem a todos.
Em suma, a Campanha da Fraternidade deseja chamar a atenção para o cuidado com o doente, a prática de hábitos de vida saudáveis, estimular e fortalecer a mobilização popular em defesa do SUS e promover a participação popular nos espaços de controle, fiscalização e deliberação das políticas públicas de saúde.
Assim sendo, pra você e pra todos nós, SAÚDE!
*Missionário da Comunidade Canção Nova