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CURIOSIDADES DO FUTEBOL: O time de todos os tempos (segundo Cruyff)

O holandês Johan Cruyff, jogador e técnico, falecido em 2016

 

Nelson Treglia
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Um dos fascínios que o futebol nos exerce é que todos entendemos dele. Todos podemos e queremos opinar sobre o esporte bretão. “Tal jogador deveria sair do banco e ser titular!” “Esse time é muito ruim.” “Esse é craque.” São frases muito comuns ao futebol, e não é preciso ser um especialista para falar nesses termos. Mas, e os grandes especialistas, então? Falar com eles é uma verdadeira aula, é preciso, sobretudo, ouvi-los e aprender. O que dizer de Johan Cruyff, o grande craque holandês e um excelente técnico? É importante ouvi-lo, mesmo depois de seu falecimento, ocorrido em 2016. Afinal, mesmo no “além”, as pessoas deixam suas ideias aqui, no mundo terreno.

Lembro que, em 2002, no ‘Riovale’, escrevi algumas colunas tentando escalar a seleção do futebol mundial em todos os tempos. Acabei “escalando” Cruyff nessa equipe “dos sonhos”. Mas qual seria a equipe de todos os tempos na opinião do mesmíssimo Cruyff? Em sua autobiografia publicada recentemente, o gênio holandês escalou os seus melhores: Yashin (ex-União Soviética); Carlos Alberto (Brasil), Beckenbauer (Alemanha) e Krol (Holanda); Guardiola (Espanha), Bobby Charlton (Inglaterra), Maradona (Argentina) e Pelé (Brasil); Garrincha (Brasil), Di Stéfano (Argentina) e Keizer (Holanda).

Na escalação acima, eu dispus os jogadores nas posições conforme minha interpretação sobre o ideal tático de Cruyff, que atuou na Seleção Holandesa e treinou o Barcelona no 3-4-3 (três defensores, quatro meio-campistas e três atacantes). O goleiro, obviamente, é Yashin – a “Aranha Negra” (os goleiros costumavam se vestir de preto antigamente; Yashin, símbolo do Dynamo de Moscou e da Seleção Soviética, detinha uma agilidade ímpar). Entre os três defensores, dois laterais (Carlos Alberto Torres, pela direita, e Krol, pela esquerda) e apenas um zagueiro central, o “kaiser” Franz Beckenbauer. Isto deixa de lado o velho dogma futebolístico de jogar com, no mínimo, dois centrais na zaga.

Nas quatro posições do meio-campo, o atual grande treinador Guardiola ocupa a primeira posição, sendo uma espécie de volante, ou quem sabe, líbero à frente da zaga. Pela direita, poderíamos colocar o célebre Bobby Charlton e, pela esquerda, o “rei argentino” Diego Maradona. E o meia mais ofensivo seria simplesmente Ele, Pelé, “a pantera”, chamado assim pelo técnico argentino Menotti, colega de Pelé no grupo de jogadores do fabuloso Santos na década de 60 (aliás, o Santos se mantém um baluarte, no século 21, do futebol bem jogado).

Mas, como estamos falando de Cruyff e não de Menotti, os três atacantes de todos os tempos para o holandês foram: Garrincha na ponta-direita, Di Stéfano na centroavância e Piet Keizer na ponta-esquerda. Se Yashin era símbolo do Dynamo de Moscou, o holandês Keizer (jogador que há pouco tempo eu não tinha ouvido falar) foi ícone do Ajax de Amsterdã nas décadas de 60 e 70, considerado o gênio da ponta-esquerda, da “left wing”, com brilho em velocidade, drible, cruzamento e arremate.

Futuramente (e “futuro” pode ser na semana que vem), podemos relembrar a “escalação” que fiz em 2002. Seria ela melhor que a seleção de Cruyff descrita algumas linhas acima?