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Um mês para pedir socorro

LUANA CIECELSKI
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A administração do Hospital Santa Cruz (HSC), acompanhada por diversos funcionários da casa de saúde realizou na manhã da última segunda-feira, 1º de agosto, um ato em frente à instituição com o objetivo de chamar a atenção dos gestores públicos para situação atual dos hospitais de todo o Estado. A manifestação foi parte de um movimento que aconteceu em todas as 245 santas casas e hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul nessa segunda e que seguirá acontecendo durante todo o mês de agosto em etapas regionais, estaduais e federais. 

Direção e funcionários do hospital se reuniram em frente à instituição

Também participaram do evento vereadores, representantes da Secretaria de Saúde, Prefeitura, sindicatos, entre outras entidades da área da saúde. Na oportunidade, o diretor do HSC, Vilmar Thomé, falou aos presentes sobre a saúde no Estado, destacando como um dos principais problemas a questão do Sistema Único de Saúde (SUS). “Ele está há 20 anos sem um custeio adequado, mas nos últimos três anos essa situação se agravou porque a tabela de pagamentos está congelada e desde 2015 o Estado retirou os recursos do IHOSP que até então serviam como um complemento à tabela do SUS”. 

Estima-se que, em média, a casa R$ 100 gastos com um paciente do SUS, R$ 40 nunca chegam a ser pagos para o hospital que a atendeu e em 2015 foram realizados, no total, 197.533 atendimentos ambulatoriais, além de 10.504 procedimentos cirúrgicos, 1.975 partos e 12.188 internações. Como 85% dos atendimentos realizado nos HSC são do SUS, a situação foi definida por Thomé como alarmante. “Mesmo com todo o trabalho que vem sendo feito internamente visando à redução de despesas em todas as áreas, o déficit da Instituição nos primeiros seis meses deste ano já é de R$ 7,5 milhões”, declarou. 

O secretário municipal de Saúde, Henrique Hermany, que também estava presente no evento, disse que se sensibiliza e que é parceiro dos hospitais nessa situação, e que é justamente visando a diminuição da demanda dos hospitais que a Prefeitura vem trabalhando em programas municipais e na melhoria do atendimento básico de saúde. “A gente desenvolveu o Programa Municipal de Atenção Hospitalar, que é um cofinanciamento para complementar a tabela do SUS, dos atendimentos realizados aos munícipes de Santa Cruz”, exemplificou. 

Henrique também lembrou do trabalho que começa a ser realizado nessa semana na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Esmeralda e dos atendimentos feitos no Hospitalzinho, que também recebeu cuidados recentemente. “Eles servirão para distribuir melhor o atendimento e tirar uma boa parte da demanda da porta de entrada do HSC. Uma boa parte dos atendimentos de média e baixa complexidade podem ser atendidos no Hospitalzinho e na UPA e apenas os atendimentos de alta complexidade, que exigem o suporte de um hospital, continuam sendo encaminhados, necessariamente, para o HSC”. 

Durante o ato, também foram distribuídos panfletos informativos às pessoas que estavam presentes ou passaram no local e no fim da manifestação foram soltos dezenas de balões pretos. Durante toda a segunda-feira, os funcionários também utilizaram faixas pretas nos braços e quem passou em frente à instituição pode ver faixas alusivas à mobilização.

Agenda

Os atos em manifesto a situação dos hospitais filantrópicos e santas casas não terminaram nessa segunda. Impulsionadas pela data de 15 de agosto, instituída como o Dia das Misericórdias no Brasil, diversos encontros de gestores de casas de saúde deverão acontecer no mês de agosto. 

O próximo está marcado para os dias 8 e 9 de agosto, quando ações em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB seccional RS) e OAB Nacional, com reuniões que irão debater os rumos da saúde pública do Estado e do Brasil. Em seguida, o próprio dia 15 de agosto deverá ser marcado por diversas manifestações em todo o país com o objetivo de chamar a atenção para a situação da saúde no país. 

Por fim, no dia 31 de agosto uma comitiva do Rio Grande do Sul estará reunida com a bancada de deputados federais e senadores gaúchos no Hotel Nacional, em Brasília, com o objetivo de relatar a situação da saúde e buscar soluções para os hospitais. Ao longo do mês de agosto a Carta das Misericórdias será distribuída nos hospitais e entregue a autoridades com a apresentação do panorama das Instituições.