LUANA CIECELSKI
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No início do mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados que mostravam a presença do Zika Vírus em pelo menos nove países. Na ocasião, eles se disseram preocupados ao ponto de emitir um alerta mundial. Poucos dias depois, o Ministério da Saúde brasileiro também divulgou a informação de que no último ano, pelo menos 500 mil pessoas podem ter sido afetadas pelo Zika Vírus no país. Passados mais alguns dias, no início dessa semana, a Secretaria Estadual da Saúde organizou uma reunião com secretários de todo o Estado para discutir medidas de combate à doença. Além disso, o Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre também deu início, nessa semana, a um grupo de pesquisas que pretende estudar o Zika. Mas afinal, por que esse vírus está preocupando tanto?
De acordo com o Instituto do Cérebro de Porto Alegre, a doença tem preocupado as autoridades e médicos por três motivos: primeiro, porque é um vírus ainda pouco estudado e por isso, não se sabe quase nada sobre ele suas consequências para a saúde humana; segundo porque a transmissão é fácil de acontecer, já que basta uma picada de um mosquito da espécie “Aedes aegypti” contaminado; e terceiro, porque essa doençapode estar causando microcefalia em bebês, ou seja,uma má formação do sistema nervoso central durante a gestação – e isso, quando não mata o bebê nas primeiras horas de vida, causa deficiências mentais. Nesses casos, o bebê nasce com a circunferência do crânio medindo menos de 33 centímetros.
Mas de onde veio o Zika?
Inicialmente, o vírus Zika circulava apenas em macacos e sua origem é atribuída à Floresta de Zika, na Uganda, onde ele foi descoberto em 1947. A doença era transmitida através das picadas de dois mosquitos: o “Aedes Aegypti” e o “Aedes Albopicuts”. O que fez com que ele se espalhasse, de acordo com o biólogo Átila Iamarino, responsável pelo canal Nerdologia do Youtube, foi uma infestação do Aedes Aegypti em grandes cidades. Antes esse mosquito vivia apenas em florestas e por isso, picava praticamente só animais. Agora, porém, ele está urbanizado, e o que não falta nos centro urbanos são repositórios para suas larvas, ou seja, pneus, garrafas, etc.
Até 2007, no entanto, só haviam sido registrados 14 casos de infecção por Zika no mundo. Elas aconteceram na África e na Ásia. Recentemente, no entanto, houve um surto da doença na Ilha de Yap (Ásia) e outro surto na Polinésia Francesa (Oceania) entre 2013 e 2014. Nesse mesmo ano, também foram registrados casos na Ilha de Páscoa que fica bem mais próxima da América do Sul. Então, em abril de 2015 o primeiro caso foi detectado na Bahia, quando uma pessoa apresentou foi atendida com todos os sintomas de dengue, mas esse vírus não foi identificado em seu organismo através dos exames laboratoriais.
Como está a situação no Brasil agora?
Em todo o país, 18 estados já confirmaram a circulação do vírus, e em 14 desses estados também já houve casos de microcefalia – um total de 1.761 registros confirmados, a maioria no nordeste –e elesestão sendo relacionadas ao vírus, conforme anúncio feito pelo Ministério da Saúde ainda no fim de novembro.
No Rio Grande do Sul, de acordo com a Secretária Estadual de Saúde, foram cinco suspeitas. Três delas já foram descartadas, porém duas delas ainda estão sob investigação. Além disso, doze municípios estão em situação de alerta.Eles são justamente aqueles que têm mais casos de dengue no Estado nesse ano: Caibaté, Carazinho, Erval Seco, Giruá, Ibirubá, Novo Tiradentes, Panambi, Porto Alegre, Redentora, Santa Rosa, Santo Ângelo e Sarandi.
E Santa Cruz do Sul?
Santa Cruz do Sul não teve nenhum registro da doença e aparentemente, inda está longe de ser um dos municípios de alerta, porém, todo o cuidado é pouco quando diversas cidades do Estado e do Brasil já o são. Um dos casos suspeitos da região metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, é de uma pessoa que viajou para o nordeste e pouco depois de retornar começou a ter os sintomas. Nesse caso, a pessoa pode ter sido infectada em outra região e não há o que se possa fazer a respeito, porém se os mosquitosAedes Aegypti daqui forem combatidos, elas não picarão um infectado e transmitirão a doença para outros humanos.
Pensando nisso a Secretaria Municipal de Saúde através do Departamento de Combate à Dengue da Vigilância Sanitária têm redobrado às atenções e esforços no combate ao mosquito. “A gente faz esse trabalho todos os anos de janeiro a janeiro, mas quando surgem esses casos mais sérios, que começam a assustar, a gente concentra ainda mais os nossos esforços”, explica o Coordenador Municipal de Combate à Dengue, Leonardo Rodrigues.
Segundo ele, em todo o município foram espalhadas cerca de 300 armadilhas para o mosquito, que nada mais são do que latas contendo água, o local ideal para a proliferação de larvas. O que os funcionários do departamento fazem é acompanhar essas armadilhas. “De segundas às quartas-feiras a gente visita esses locais estratégicos e recolhe amostras que são analisadas para ver se há larvas do Aedes Aegypti entre as demais”, ele conta.
Se for localizada uma larva do mosquito transmissor de dengue, os funcionários procedem de duas maneiras: é feita uma varredura para retirar todo e qualquer objeto que possa estar acumulando água e também são espalhados larvicidas pela região afetada. “Os larvicidas são colocados na água, em locais onde não se pode tirá-la, como caixas d’agua, por exemplo. O nosso maior problema é conseguir a colaboração das pessoas. Às vezes, uma ou outra pessoa não quer abrir seu pátio para os nossos agentes e isso dificulta. Não adianta a gente limpar a rua toda, colocar larvicida em todos os pátios e deixar um para trás. Os mosquitos vão proliferar ali e infectar pessoas”, explica.
Além dessas ações que são realizadas nas armadilhas, nas quintas e sextas-feiras os agentes fazem visitas aos bairros passando de casa em casa para orientar as famílias. “A gente escolhe um bairro a cada semana e passa nas casas para explicar que não pode deixar objetos acumulando água. Quando a família permite a gente faz uma vistoria no pátio”, conta Leonardo. O departamento também organiza periodicamente palestras conscientizadoras, principalmente nas escolas do município.
O que as pessoas devem fazer?
A melhor forma de evitar a doença é evitando a proliferação do mosquito. Então, manter o pátio limpo e evitar locais onde possa acontecer o acúmulo de água, já é algo muito importante e eficiente. Mas deve ser feito por todos.
Já para as grávidas, a orientação é um pouco diferente. O Ministério da Saúde está pedindo que elas não utilizem medicamentos sem prescrição médica, que façam o pré-natal e todos os exames previstos e que relatem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação, em especial se for um dos sintomas de dengue ou Zika. Outras alternativas são a utilização de repelentes, permanecer em locais com barreiras para entrada de insetos como telas de proteção ou mosquiteiros e até mesmo evitar horários e lugares com presença de mosquitos.
Acredita-se que, assim como no caso da Rubéola, outra doença que causa microcefalia, os três primeiros meses de gestação são os mais críticos. Uma gestante que adquire o vírus nesse período corre mais riscos de que seu bebê tenha complicações no desenvolvimento do cérebro.
Para a população geral, no entanto, a doença vem sendo considerada benigna, com os sinais e sintomas durando, em geral, de 3 a 7 dias. Ainda não há, porém, um tratamento específico para esse vírus, nem vacinas para a prevenção, até porque ele é pouco conhecido. Também não foram descritas formas crônicas da doença. Ainda assim, diante de qualquer suspeita de Zika, ou mesmo de dengue, uma instituição de saúde deve ser procurada.
Pesquisa em andamento
Hoje, o Zika ainda é pouco conhecido e compreendido, entretanto essa realidade deve começar a mudar, mesmo que aos poucos. Isso porque, o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul – PUCRS deu início, na última terça-feira, 8 de dezembro, a um grupo de pesquisas que pretende estudar o Zika. É o Zika Team.
Fazem parte desse grupo um conjunto de médicos de diversas especialidades, como pediatra, neuropediatra, infectologista, neurorradiologista e outros pesquisadores do cérebro. O objetivo é pesquisar sobre o diagnóstico e acompanhar os casos que forem surgindo e assim se tornar uma referência para estudos de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.
Dor de cabeça Dor de cabeça e atrás do olhos
Dor no corpo Dor no corpo
Cansaço Cansaço
Manchas vermelhas pelo corpo Manchas vermelhas pelo corpo
— Conjuntivite