Everson Boeck
[email protected]
O Riovale Jornal acompanhou a visita, nesta quarta-feira, 12, dos servidores da Secretaria Municipal de Saúde ao Instituto da Criança com Diabetes (ICD), em Porto Alegre. A psicóloga Zamara Silveira, a nutricionista Ana Marques, e a enfermeira Luciana Simon Fanfa, que trabalham no Ambulatório Central para Hipertensos e Diabéticos de Santa Cruz do Sul, foram recebidas pelo diretor-presidente do ICD, Dr. Balduino Tshiedel, e pela Assistente Administrativa do instituto, Ane Amabile Pandolfo.
O objetivo da visita foi conhecer no ICD as práticas em saúde e educação para o diabetes. “Ainda temos muito que crescer, mas a visita mostrou que estamos no caminho certo. O trabalho com nossos grupos precisam continuar e, também, ser aperfeiçoado. Vamos pensar, para o próximo ano, em meios de trazer mais das nossas crianças para o instituto. Já temos algumas que são atendidos aqui no ICD, mas queremos ampliar esse número. Além disso, queremos aplicar nos grupos as boas iniciativas que são realizadas aqui”, avalia Zamara.
Os grupos para diabéticos foram criados há 12 anos em Santa Cruz do Sul, inicialmente junto ao Cemai. Mais tarde, com a criação do Ambulatório Central, eles passaram a funcionar junto a este órgão. “Os grupos são uma grande conquista nossa. No início não havia distribuição de nenhum tipo de insumos (fitas, seringas etc), mas aos poucos fomos conseguindo recursos. Temos uma equipe formada por diversos profissionais que dão todo o amparo para o paciente diabético”, explica a nutricionista Ana Paula. Cerca de 250 pacientes são atendidos mensalmente.
A enfermeira Luciana frisa a luta diária junto às famílias e aos pacientes focada em uma vida livre das complicações decorrentes do diabetes. “Estamos sempre buscando inovações e aperfeiçoamentos objetivando o melhor controle da doença e de reduções de internações hospitalares. Sempre estamos atrás d tudo o que for bom e aplicável aos nossos pacientes”, ressalta.
Aumento de pacientes com a doença
No Brasil, mais de 12 milhões de pessoas possuem a doença e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que esse número seja de 19 milhões em 2025. No Rio Grande do Sul, calcula-se que nove mil crianças e adolescentes sofrem de diabetes tipo 1 e, a cada ano, 200 novos casos são diagnosticados nessa faixa etária. Em relação ao diabetes tipo 2 (ligado à obesidade e sedentarismo, com forte componente familiar e, em gera, iniciando na pessoa madura), são mais de 400 mil adultos, 9,7% da população acima de 25 anos no Estado.
Segundo o diretor-presidente do ICD, Dr. Balduino Tshiedel, além do diabetes tipo 1, um grande número de crianças e adolescentes já está apresentando o diabetes tipo 2. “Não era tão comum, mas está acontecendo. Quando criamos o instituto não esperávamos tipo 2, mas está havendo um aumento muito grande destes pacientes e tivemos de nos adaptar. Do nosso universo de atendidos, hoje cerca de 86% são diabéticos tipo 1 e em torno de 13% tipo 2, a qual está aumentando epidemicamente”, informa. Tshiedel esclarece que há um crescimento de 3% a 5% ao ano de pessoas diagnosticadas diabéticas no Brasil, um número superior, inclusive, ao índice de natalidade no País. “Ainda não existe uma explicação plausível para esse fato, apenas teorias”, comenta.
Insulina inalável: uma luz no fim do túnel
No mês de julho deste ano a imprensa brasileira divulgou que a Agência de Alimentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou no país norte-americano a comercialização da insulina inalável Afrezza, medicamento de ação rápida e que substitui as injeções para o controle glicêmico em pessoas que têm diabetes. É uma nova opção de tratamento para pacientes com diabetes que devem usar insulina antes de ingerir alimentos, porém ainda não há previsão para a venda do medicamento no Brasil.
O Afrezza consiste na inalação do pó em um pequeno inalador, de fácil uso. O produto dissolve-se rapidamente quando atinge o pulmão e fornece insulina rapidamente para a corrente sanguínea. Um comunicado divulgado pela MannKind, laboratório que produziu o medicamento, informa que os níveis de insulina são alcançados de 12 a 15 minutos após a administração.
O grupo santa-cruzense que visitou o ICD participou de uma apresentação sobre aplicação de insulina e cuidados realizada pela enfermeira Márjori Silva Marroni. Segundo ela, um estudo a ser realizado no Brasil sobre o novo medicamento foi cancelado pela dificuldade do perfil de paciente a ser recrutado. “Há anos ela foi comercializada, mas foi retirada do mercado. Para ter uma medicação disponível para um determinado público é preciso estudos feitos com este público e isso não é uma tarefa simples”, sinaliza.
Existe, no entanto, uma grande expectativa quanto a inovações para os diabéticos nos próximos dez anos, conforme Márjori. “Não é só a insulina inalável que está em estudo. Há pesquisas sobre o pâncreas artificial, muitas evoluções quanto às bombas de insulina entre outras novidades para o tratamento da doença”, observa.
DIVULGAÇÃO/RJ
Servidoras da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Marques, Luciana Simon
e Zamara Silveira; repórter do Riovale Jornal, Everson Boeck; e a Assistente
Administrativa do ICD, Ane Pandolfo
O ICD
Com o slogan “Aqui se aprende a vencer”, há 14 anos nasceu o Instituto da Criança com Diabetes, entidade privada, sem fins econômicos, para prestar atendimentoaos pacientes, através do trinômio Educação em Diabetes, Tratamento (com acesso a novas tecnologias) e Assistência Social nas modalidades Hospital-Dia, Ambulatório e Hot-Line. São atendidas 2.500 crianças e adolescentes pelo SUS.
A sociedade gaúcha, empresas e pessoas físicas vêm participando ativamente do desenvolvimento deste trabalho, desde a construção e equipagem do prédio,com início em 2000, até os dias de hoje, através de doações de recursos financeiros, patrocínios e trabalho voluntário.
Crianças, adolescentes e adultos jovens são atendidos, gratuitamente, no Instituto da Criança com Diabetes, mediante convênio de parceria com o Grupo Hospitalar Conceição, em uma infraestrutura moderna e completa com Hospital-Dia, Ambulatório, Oficina de Nutrição, Gabinetes Odontológicos, Centro Oftalmológico,Brinquedoteca e Hot-Line, uma linha telefônica para situações de emergência. A faixa etária atendida é, como porta de entrada, de 0 a 20 anos. Isto porque a maioria dos casos de diabetes tipo 1 (insulino-dependente), ocorre nesta faixa.
Entretanto, como as complicações começam a acontecer, em geral, após 10 anos de duraçãoda doença e sabendo-se que, após 25 anos de diabetes, o paciente livre de nefropatia (insuficiência renal) dificilmente a apresentará, o ICD pretendeacompanhar os pacientes até 25 anos de duração da doença.Também é dado suporte às famílias que, igualmente, devem envolver-se nesteprocesso, uma vez que o diabetes é conhecido como a doença das 24 horas, pois é este o tempo diário que ela exige de atenção para ser controlada.