Everson Boeck
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“Um dia de luto pela vida”. Assim foi classificada a data que marcou o movimento nacional que reivindica melhorias para os hospitais filantrópicos e santas casas chegou a Santa Cruz do Sul. Na quinta-feira, dia 25 de setembro, os hospitais Santa Cruz, Ana Nery e Monte Alverne suspenderam a agenda de atendimentos eletivos do Sistema Único de Saúde (SUS). A data foi marcada em todo o País como o Dia Nacional de Luto Pela Crise das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, representando um protesto de alerta frente ao insuficiente recurso de custeio alocado e o crescente endividamento das Instituições. Para falar sobre a situação dos hospitais de Santa Cruz do Sul, representantes das instituições, com exceção de Monte Alverne, que não pôde participar, receberam a imprensa e autoridades para um café da manhã na sede da ACI.
O subfinanciamento e o brutal déficit dele decorrente não tem perspectiva de solução próxima. Esse e outros pontos foram abordados pelos diretores dos hospitais Santa Cruz (HSC) e Ana Nery (HAN), Vilmar Thomé e Lídio Rauber, respectivamente. “A população espera atendimentos ágeis e qualificados na saúde e isso requer investimentos nos hospitais. O Ana Nery enfrenta um déficit mensal de cerca de R$ 250 mil”, declarou o diretor do HAN. Conforme a assessoria de imprensa da instituição, além dessa atividade no início da manhã, o Ana Nery participou dessa mobilização nacional com a divulgação de ofícios e ações locais. O Hospital não realizou nenhuma cirurgia eletiva via Sistema Único de Saúde (SUS), no entanto, em atenção aos pacientes oncológicos, manteve todos os atendimentos no Centro de Oncologia Integrado (COI). Uma faixa na entrada do Hospital reforça o apoio ao movimento, assim como cartazes que divulgam a mobilização para os pacientes e visitantes. Os colaboradores da instituição usaram um laço preto no uniforme em sinal de luto e apoio às reivindicações.
O diretor do HSC, Vilmar Thomé, frisou a importância de o governo federal dar mais atenção à área da saúde, destinando mais recursos para atender às demandas da população e do financiamento dos prestadores de serviços. “Os estados e municípios têm feito suas partes, inclusive o Rio Grande do Sul tem ajudado muito, mas o governo federal é o grande responsável pelo financiamento do SUS. Comparado com outras realidades, em Santa Cruz não temos uma situação de caos por enquanto, mas estamos caminhando para ele, pois estamos no limite e as estruturas demasiadamente sufocadas”, expõe.
Uma das principais reivindicações é a liberação de recursos. “A maior urgência é que o governo federal libere ainda este ano R$ 2,5 bilhões para ajuda de custeio dos serviços prestados e, para 2015, a garantia de, pelo menos, dos custos, totalizando R$ 5 bi. Além disso, há o problema de enfrentamento das dívidas e, para isso, uma das alternativas é a disponibilização de recursos pelo BNDES”, sinaliza Thomé. Ele e Lídio argumentaram que é possível – “e basta o governo querer” – adotar uma política semelhante a da agricultura. “O governo deve tomar uma conduta de financiamentos mais facilitada. Para a agricultura, geralmente a carência do financiamento é de 5 anos e o prazo de 15 para pagar. Para os hospitais, é uma carência de 6 meses com um prazo de 5 anos para pagamento”, criticam.
Everson Boeck
Diretores dos hospitais Santa Cruz (HSC) e Ana Nery (HAN), Vilmar Thomé
e Lídio Rauber, respectivamente, receberam autoridades e imprensa
Saiba mais
– Esta ação é parte de uma mobilização nacional, que conta com a participação das mais de 2.100 instituições do país – responsáveis por mais de 50% do total de atendimentos SUS do Brasil.
– No RS a rede hospitalar filantrópica é composta por 259 instituições, detentora de 72% dos leitos hospitalares existentes.
– A rede hospitalar filantrópica emprega mais de 65 mil trabalhadores e é alternativa única em mais de 190 municípios do Estado.
– Déficit de custeio: R$ 400 milhões/ano
– Apoio de recursos do Governo do Estado em 2014: R$ 250 milhões