Everson Boeck
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Desde que foi inaugurado, em 4 de fevereiro deste ano, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III) ampliou os atendimentos a pacientes em tratamento por dependência de álcool e outras drogas. A secretaria municipal de Saúde afirma que com o incremento no serviço que já vinha sendo realizado, o número de pacientes atendidos aumentou significativamente. Hoje, cerca 1.200 pessoas são atendidas ao mês no local pelos diversos profissionais, sem contar os pacientes que em algum momento já foram atendidos nos sete anos em que o CAPS foi implantando em Santa Cruz.
Conforme o secretário municipal de saúde, Carlos Behm, o CAPS AD III é um excelente serviço que está servindo de modelo para a região. “O trabalho que estamos fazendo neste setor da área da saúde está sendo visto como um diferencial. Apenas grandes centros possuem este tipo de procedimento. Evidentemente continuaremos nos esforçando para que ele seja cada vez melhor para a comunidade”, destaca.
Localizado na rua Marechal Floriano, o Centro funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive aos finais de semana e feriados – até então, o setor funcionava de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas. De acordo com Behm, o atendimento a estes pacientes já vinha sendo prestado em outro endereço, a diferença é que com a criação do CAPS AD III o município possui a autorização para fazer a desintoxicação de pacientes classificados como casos leves e moderados, isto é, dependendo do caso eles podem ficar internados e depois são encaminhados para uma comunidade terapêutica, caso haja a necessidade.
A coordenadora técnica do CAPS AD III, Michele Favero, explica que o serviço visa desafogar os hospitais e oferecer atenção mais integral e contínua aos pacientes. “Agora mais pessoas são atendidas, uma vez que elas não precisam ficar em filas de espera para entrar em hospitais. Além disso, a entrada da pessoa no serviço é livre. Ou seja, se ela estiver passando em frente ao Caps e quiser ser atendida é só entrar e se informar. Isso possibilita ao usuário buscar tratamento sem a necessidade de encaminhamento” frisa.
Segundo o psiquiatra Daniel Rockenbach, coordenador médico do serviço, os casos graves (aqueles com risco de suicídio ou de agressão a terceiros, por exemplo) continuarão sendo encaminhados para os hospitais de referência: Rio Pardo, Candelária e Hospital Santa Cruz. Ele também explica que existem casos, mas são menos frequentes, em que os pacientes que não precisam ser encaminhados para a comunidade terapêutica. “Tudo depende de como o internado reage ao tratamento durante o período para desintoxicação”, sublinha.
Fotos: DECOM/PMSCS/Divulgação
Estrutura oferece melhores condições de reabilitação ao paciente
Família faz parte do tratamento
Os atendimentos, no entanto, não se resumem aos pacientes apenas. A psicóloga Juliana Schenkel, integrante da coordenação de saúde mental do CAPS AD III, explica que a família faz parte do tratamento do paciente. “Nossa equipe procura trazer a família para o tratamento porque geralmente ela está também ‘doente’. Muitos precisam de esclarecimentos e entender o que está acontecendo com aquele familiar e quando a família apoia, ajuda e está junto é mais fácil para o paciente se recuperar. Os casos mais difíceis são aqueles que o doente não possui família ou que esta não quer mais saber dele”, observa.
Funcionamento do CAPS AD III
A casa, que fica na Rua Marechal Floriano, 1592, conta com oito leitos – seis masculinos e dois femininos – consultórios, salas de equipe, de enfermagem, de grupos, de oficinais e refeitório. Na parte externa, uma piscina e uma cancha de esportes são utilizadas para atividades terapêuticas orientadas, inclusive com pacientes do CAPS Infantil e CAPS II. Para tanto, a casa passou por reformas na rede elétrica e hidráulica. O acolhimento será realizado todos os dias, até às 19 horas. Após, permanecem somente os pacientes já avaliados que necessitam de internação, em um período máximo de 14 dias
A equipe é formada por 30 profissionais: 5 enfermeiros, 6 técnicos de enfermagem, 2 clínicos gerais, 2 psiquiatras, 1 assistente social, 1 terapeuta ocupacionais, 1 nutricionista, 4 psicólogos, 1 educador físico, 3 redutores de danos, 1 servente, 1 motorista e 2 recepcionistas, além de vigilância 24 horas.
Carlos Behm ressalta a qualidade da estrutura do CAPS AD III e, sobretudo, da equipe de profissionais. “O principal investimento feito pela Administração Municipal foi em equipe. O custo de folha, isto é, a manutenção destes profissionais, que são altamente qualificados, ultrapassa os R$ 100 mil. Fizemos um trabalho muito intenso e dedicado na busca por recursos para viabilizarmos a realização deste projeto, uma soma de recursos em parceria com o governo federal e estadual”, esclarece.
Localizado na Rua Marechal Floriano, 1592, CAPS AD III conta com oito
leitos: seis masculinos e dois femininos
COMUNIDADE TERAPÊUTICA RECOMEÇAR
Caps AD III faz aumentar ocupação das vagas
O prefeito Telmo Kirst assinou na última sexta-feira, 23, o repasse de R$ 100 mil para auxílio nas despesas de manutenção geral da Comunidade Terapêutica Recomeçar. A instituição é referência em reabilitação de usuários de álcool e drogas nos vales do Rio Pardo e Taquari e, de acordo com o administrador da entidade, José Antonio Machado, com o início das atividades do CAPS AD 3, o percentual de ocupação das vagas cresceu em relação ao ano passado. Neste primeiro quadrimestre atingiu 97% dos convênio firmados com o Município, ante 73% registrado em 2013.
Em dezembro de 2013 a entidade procurou a Prefeitura em busca de apoio para sanar as dificuldades financeiras e adequar a estrutura física que necessita de reforma e ampliação para atender à legislação. De acordo com o prefeito a demanda demorou a ser atendida devido à falta de recursos no orçamento da Secretaria Municipal de Saúde. Telmo explicou que o repasse está sendo possível agora devido ao superávit da Prefeitura, alcançado ao final do primeiro ano de governo. “Sabemos das lutas da entidade e o quanto ela significa para a comunidade. Com a poupança que estamos fazendo, se Deus quiser teremos um novo superávit e com certeza poderemos continuar auxiliando”.
Para o presidente da Comunidade Terapêutica Recomeçar, Antonio Weber, o reforço financeiro dará mais fôlego para que a instituição siga realizando seu trabalho terapêutico com o mesmo nível de qualidade até então oferecido à comunidade. “Agradecemos ao prefeito que se comprometeu e cumpriu com a palavra. Isso nos dá um alento para tocar nosso trabalho”, disse.
Durante a cerimônia o prefeito solicitou à diretoria da Recomeçar a apresentação de um projeto completo de todas as reformas e ampliações necessárias. Dentre as intervenções que hoje precisam ser executadas estão a colocação de divisórias na ala feminina, aumento da cozinha, transferência da lavanderia para a área externa do prédio e adequação de uma área para a prática esportiva, atividade importante no programa terapêutico. Ele se comprometeu a levar o projeto a Brasília, em busca de recursos junto ao governo federal.
