O Ministério da Saúde já abasteceu os estados e o Distrito Federal com o medicamento contra leucemia infantil L-Asparaginase. A medida garante a continuidade do tratamento e beneficia mais de 3 mil crianças. Foram investidos R$ 17,6 milhões na compra de 52.300 frascos, quantitativo suficiente para suprir toda a demanda nacional pelo tratamento por um ano. A ação foi feita em parceria com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE). “O L-Asparaginase é um tratamento essencial para destruir as células doentes e aumenta significativamente a chance de cura”, explica o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos estratégicos, Carlos Gadelha.
Até o ano passado, o L-asparaginase era comprado pelos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) habilitados em oncologia. O Ministério da Saúde assumiu a compra depois que a empresa brasileira que distribuía o medicamento, comunicou ao governo federal que o produtor estrangeiro havia interrompido a fabricação, e que os estoques durariam apenas até meados deste ano. O ministério, então, viabilizou a aquisição centralizada por meio de novo fornecedor, garantindo maior controle do abastecimento.
A partir de 2015, o medicamento passa a ser produzido no Brasil por meio de parceria entre a Fiocruz e os laboratórios privados NT Pharma e Unitec Biotec firmada em junho. Assim, o país fica livre de ser surpreendido pela suspensão da oferta por uma empresa privada internacional sem atividades produtivas no País.
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Carla Pacheco, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde em parceria com as entidades médicas evitou o desabastecimento do medicamento e o consequente prejuízo ao tratamento dos pacientes. “No início, nós ficamos temerosos que faltasse o medicamento, pois não há substituto no Brasil e o prazo era apertado. Felizmente, todas as medidas cabíveis para a compra emergencial foram tomadas. Imediatamente após a data anunciada para o encerramento da produção pelo laboratório, o Ministério já esta abastecendo os hospitais”, diz.
O secretário destacou a parceria é um exemplo de que com a participação da sociedade civil é possível construir uma saúde pública cada vez mais eficiente no Brasil. “Neste caso, a iniciativa vai permitir salvar vidas e melhorar as chances de sucesso do tratamento de crianças, que sem este medicamento, talvez não tivessem outra alternativa/, afirma.
TRATAMENTO
O L-asparaginase tem capacidade para destruir uma enzima essencial à sobrevivência das células cancerígenas da leucemia linfoide aguda, um tipo de leucemia comum na infância e que tem uma probabilidade de cura de cerca de 90%.
A produção do medicamento envolve tecnologia complexa. O produto é um biológico, ou seja, feito a partir de material vivo e manufaturado a partir de processos que envolvem biologia molecular. Os biológicos, nestes casos, são a única alternativa existentes em relação aos medicamentos tradicionais de síntese química, aumentando as possibilidades de sucesso no tratamento principalmente para doenças crônicas, além das vacinas.
Atualmente, os biológicos consomem 43% dos recursos do Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de representarem 5% da quantidade adquirida. O Brasil já produz hoje, via transferência de tecnologia, 25 biológicos para doenças como hemofilia, esclerose múltipla, artrite reumatoide e diabetes. Até 2017, estes produtos terão fabricação 100% nacional. (Ministério da Saúde)