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Taxista é morto no feriado

Luana Ciecelski
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Mais um taxista foi alvo da criminalidade na madrugada da última quarta-feira, 24 de dezembro, no entanto, diferentemente de outros que apenas lidam com assaltos e furtos, em plena véspera de Natal, Walmor Inácio Fengler, de 45 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo durante uma corrida e não resistiu. O crime aconteceu por volta da 0h30, na rua Armando Zimmer, no bairro Bom Fim, e gerou revolta de taxistas que ainda na quarta-feira se reuniram para protestar e pedir mais segurança.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Brigada Militar na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), por volta da 0h20 a rádio taxi foi acionada pedindo uma corrida para o bairro onde o crime aconteceu. Walmor, que retornava de outra corrida e passava próximo ao Bom Fim teria se voluntariado para pegar os passageiros. Chegando no local, três homens teriam embarcado no veículo e em seguida realizado uma tentativa de assalto que acabou na morte do motorista. Ele foi atingido por três disparos de arma de fogo nas costas.
Segundo a BM, moradores da localidade ouviram os disparos e acionaram a Sala de Operações. Uma guarnição foi até o local e encontrou o veículo, um Fiat Siena Attractiv branco parado, com o alerta ligado e com três das quatro portas abertas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas Walmor já estava sem os sinais vitais.
De acordo com o Capitão Hélcio Gaira, comandante da 1ª e 2ª companhia da BM de Santa Cruz, os policiais acreditaram desde o início que se tratava de um latrocínio – roubo seguido de morte – que não deu certo, pois aparentemente nenhum pertence do taxista foi levado. Dentro da bermuda de Walmor foi encontrada sua carteira contendo R$100,00, outros R$23,86 em moedas que estavam dentro do veículo e o celular da vítima que também foi deixado dentro do carro.

A BUSCA PELOS SUSPEITOS

Além dos pertences da vítima, os policiais que atenderam a ocorrência também encontraram ao lado do taxi, caído no chão, um segundo celular de cor rosa que não pertencia ao taxista. O telefone foi apreendido pela Polícia Civil, e através dele, ainda na manhã de quarta-feira, foi possível localizar um dos suspeitos do assalto.
O proprietário do celular, um jovem de 18 anos, era morador do bairro Margarida e não tinha antecedentes criminais. Os policiais o localizaram no fim da manhã e ele foi levado para a Delegacia. Lá ele foi ouvido e acabou confessando ter participado do crime. Ele teve sua prisão decretada e foi encaminhado para o Presídio Regional.
No mesmo dia a Polícia Civil identificou também os nomes de outros três suspeitos de participação no caso, no entanto, nenhum deles ainda havia sido encontrado na tarde de ontem, 26. A 1ª Delegacia de Polícia continua as investigações. Walmor era taxista há cerca de uma década e trabalhava atualmente no Ponto de Taxi do Galo.

A REVOLTA DOS AMIGOS

Ainda na manhã de quarta-feira um grupo de cerca de 150 taxistas de Santa Cruz do Sul se reuniu e protestou pelas ruas de Santa Cruz do Sul. Com faixas pretas nos carros representando o luto pelo colega assassinado, o grupo desceu pela rua Marechal Floriano e estacionou os veículos na quadra da Praça da Bandeira, onde o trânsito foi interrompido por cerca de 1 hora.
Os amigos e colegas se dirigiram então à sede da Prefeitura Municipal, no Palacinho, onde exigiram a atenção das autoridades para a necessidade de aumento da segurança nas ruas da cidade. Para o taxista Clodoaldo Silveira Gois, a morte de Walmor foi o estopim. “Chegou ao limite. A insatisfação é geral. Eu trabalho todas as noites, deixo mulher e três filhos em casa e não cochilo nem dois minutos de medo do que pode acontecer. Além disso, tenho dois irmãos que também são taxistas, e quando algo assim acontece, penso que poderia ser um deles, ou meu colega de ponto. Isso não é aceitável”, manifestou ele.
Outro taxista, revoltado com a situação vivida bradou em meio à manifestação seu desgosto. “Se não for feito nada nós vamos ter que nos armar e vai ter que ser olho por olho, dente por dente”, afirmou.
O secretário de Transportes e Serviços Públicos, Alex Knak, que estava em frente à Prefeitura durante o manifesto, conversou com os taxistas e apresentou seus sentimentos à família e aos amigos, afirmando que conhecia Walmor e o tinha como um grande amigo. “Todos ficamos sensibilizados com a morte. Não sou Secretário de Segurança, mas vou me reunir com o Tenente Coronel Reis [Comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo – CRPO/VRP] para conversarmos. Concordo que precisamos de mais segurança”, afirmou ele aos manifestantes.

 

Luana Ciecelski

Taxistas se reuniram em frente à Prefeitura na manhã após o crime para pedir mais segurança