Luana Ciecelski
Alunos receberam certificados de conclusão das instruções do programa
Luana Ciecelski
Joice Bastos
A Brigada Militar através do 23º Batalhão de Policia Militar (BPM) formou na manhã dessa quarta-feira, 10 de dezembro, mais uma turma de jovens no Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). Reunidos no Auditório Central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), 615 crianças e adolescentes, concluíram sua participação na ação que já totaliza 19.043 jovens beneficiados apenas em Santa Cruz desde sua implantação, em 2002. Todos os presentes receberam certificados e alguns foram premiados por terem se destacado.
Voltado para o desenvolvimento da autoestima das crianças e jovens moradores de localidades mais vulneráveis, o programa beneficiou nessa edição jovens de 5º e 7º anos do ensino fundamental, de 17 escolas municipais e estaduais do município e do interior – como a Vidal de Negreiros, de Cerro Alegre e a Felix Hoppe, de Linha Nova que participaram pela primeira vez.
De acordo com o coordenador do projeto no município, o Capitão Hélcio Gaira, o objetivo é englobar cada vez mais escolas. “Queremos que o programa vá cada vez mais longe, porque ele é a base de todo o trabalho de prevenção à criminalidade na região”, assegurou. Além disso, segundo ele, a sensação ao fim de mais um semestre é de dever cumprido. “É gratificante para a gente como policial e como ser humano por saber que estamos fazendo algo pela vida desses alunos. Vemos a criança projetar os ensinamentos para a vida dela”, relatou ele.
Já o secretário municipal de Educação e Cultura, Nasário Eliseu Bohnen que também estava presente no evento, definiu o programa como um “zelo pela vida”. “Os policiais passam aos jovens conhecimentos e ensinam uma nova conduta, dando para eles a oportunidade de escolher o caminho certo, distinguindo-o do caminho errado”, afirmou.
Além da entrega dos certificados e medalhas, durante o evento, os alunos também realizaram o juramento ao Proerd, onde se comprometeram a levar os ensinamentos dos últimos meses para suas atividades práticas do sai a dia e cantaram com a dupla de policiais Dodô e Fabio Lemos.
As aulas
No segundo semestre de 2014, as aulas do Proerd tiveram um total de dez encontros, um por semana, tendo cerca de uma hora de duração cada. Em cada uma das aulas, uma lição diferente foi passada aos jovens.
De acordo com o capitão Gaira, já na primeira aula o instrutor mostra para o jovem que existem realidades diferentes, e explica que há várias formas de tomar decisões. “Nós temos como um dos nossos principais lemas durante as aulas o jargão ‘Para tomar decisões seguras e responsáveis’. Repetimos muito isso, e tentamos passar para os adolescentes essa ideia desde os primeiros momentos”, explica Hélcio.
Nas aulas seguintes, os jovens aprendem também sobre as drogas. “Nós começamos falando sobre aquelas drogas que todos eles encontram em casa que é o álcool e o tabaco. Explicamos que essas são as portas de entrada para o vício, falamos sobre os efeitos delas no organismo, sempre fazendo um trabalho pedagógico”, relata Gaira. Nas últimas semanas, os policiais conversam com os jovens também sobre o bullying e sobre as pressões de grupo. “Orientamos os alunos a dizer não para as drogas mesmo que ela seja oferecida por um amigo”, afirma.
Luana Ciecelski
Policiais e alunos estabelecem relações de amizade durante o semestre
A percepção das transformações
Para a diretora da EMEF Harmonia, Sayonara Farias, que também já participou em outros anos do programa, a experiência é única. “Os alunos aprendem a ter um bom contato com os colegas, amigos e familiares, além de como conversar com estranhos. Além disso, o comportamento muda bastante também, porque eles têm aquele acompanhamento com os policiais de verdade e esse contato faz com que eles aprendam a respeitar mais os adultos”, comentou.
A professora do 5º ano da escola Menino Deus, Cristiana Meninger, concorda. “Foi uma experiência positiva. Os alunos gostaram muito, o instrutor foi carismático, estabeleceu uma relação de amizade com as crianças e com certeza plantou uma boa semente”, contou. Ela também percebeu que ao longo das aulas foi possível acompanhar uma mudança no comportamento das crianças. “A cada nova lição elas se cobravam entre si novas atitudes”, relatou.
Joice Bastos
A professora Cristiana Meninger, da Escola Menino Deus, acompanhou seus alunos
A satisfação de quem participa
Uma das crianças que passou por esse processo de transformação no segundo semestre de 2014, foi Catrine Strohm, de 11 anos, aluna do 5º ano da EMEF Cristiano João Smidt. Ela teve sua redação sobre o Proerd premiada com a terceira colocação, e surpresa, ela subiu ao palco para receber das mãos de seu instrutor uma medalha. Ao descer com os colegas, também premiados, conversou com o Riovale Jornal. “Estou feliz e meus pais vão ficar orgulhosos, porque fiz algo certo e legal”, comentou ela.
Joice Bastos
Catrine Strohm, de 11 anos, é aluna do 5º ano da EMEF Cristiano João Smidt
As lições que ficam
Para Gabriele Josiane Bastos, de 15 anos, que participou do programa em 2010, através da EMEF Harmonia, a experiência e as lições foram inesquecíveis. “Eu e minha turma aprendemos que drogas, cigarros e bebidas não levam a nada. Aprendemos que se um amigo te oferece drogas, não é uma boa solução aceitar. Agradeço ainda hoje ao policial Severino pelo aprendizado”, relatou ela.
A mãe de Gabriele, Diná Regina Bastos, que acompanhou o aprendizado da filha e que também recebeu instruções através do Proerd Pais, comentou que o programa teve uma importância muito grande na vida de sua família. “O instrutor, o policial Jesus, mostrou a responsabilidade que cada pai e mãe deve ter sobre seus filhos em relação às drogas, pois as consequências são graves, podendo levar até a morte. Acho que deveria ter o Proerd em mais escolas e que todos os pais deveriam participar”, completa Diná.
Nova metodologia
De acordo com o capitão Gaira, tendo como base pesquisas realizadas por um programa norte-americano parecido com o Proerd – o DARE (Drug Abuse Resistance Education, ou Educação para Resistencia ao Uso de Drogas) desenvolvido em Los Angeles, na Califórnia – as aulas do segundo semestre de 2014 foram aplicadas com uma metodologia diferenciada. Vídeos didáticos de jovens relatando seus problemas e explicando como eles foram resolvidos, foram apresentados aos jovens santa-cruzenses.
“Esse programa acontece com base em um estudo psicológico e científico”, garante ele, explicando que os vídeos, por serem de criança para criança, ou de adolescente para adolescente, são melhor absorvidos pelos alunos. “Nós instrutores sempre tentamos passar a nossa experiência para as crianças, mas a minha experiência de adulto nunca será a mesma da deles. Eles se identificam muito mais com o relato de pessoas da idade deles”, certificou.
Denominada de “Caindo na real”, a metodologia foi bastante aceita pelos jovens e estava estampada nas camisetas do evento.