Concurso público: prefeitura tranquila em meio ao barril de pólvora

Mara Pante

 

A entrega de três provas com os gabaritos na Rádio Gazeta AM nesta segunda-feira, horas antes do horário marcado para a divulgação do gabarito oficial no site da Consesp, poderia mudar os rumos do Concurso Público para a Prefeitura de Santa Cruz do Sul realizado no domingo, 20. Mas a Consesp, responsável pela realização do concurso, confessou, na noite de ontem, que passou a liberar os gabaritos oficiais ainda na parte da manhã, por temer congestionamentos no site. A secretária de Administração Maria Eliane Noronha da Rosa (PTB) se diz tranquila, apesar da situação, no aguardo da documentação a ser remetida pela Consesp nesta terça-feira, 22, com os IPs de acesso ao site nos horários correspondentes à entrega dos gabaritos na rádio. Ela acredita serem falsos os documentos por não conterem número do IP do acesso, nem o CPF utilizado. “Não há como dar credibilidade à denúncia”, resumiu. A secretária municipal de Administração acredita que o concurso não sofra anulação e que vá ser homologado e aponta sugestões como realizar concursos com menos vagas e a cada dois anos, para evitar possíveis complicações causadas pelo excesso de candidatos.

 

 

O domingo ensolarado levou milhares aos cinco pontos de realização de provas do concurso da Prefeitura de Santa Cruz do Sul e não prenunciava tanta confusão. Foram 15.546 candidatos inscritos para 346 vagas e uma expectativa de baixa abstenção. Muitas reclamações marcaram o concurso, como o descuido dos organizadores (Consesp) que permitiu entrar com celulares, que inclusive tocaram durante a prova, e também deixar estojos sobre a mesa e casacos e bolsas no encosto das cadeiras. Alguns candidatos compararam ao concurso do Banco do Brasil no ano passado, onde a organização primava pela rigidez, garantindo maior credibilidade e os pertences do candidato ficavam em sacos plásticos lacrados debaixo das cadeiras. O fechamento dos portões, segundo alguns candidatos não ocorreu às 13h como consta no edital e também não foi exigido o comprovante impresso de todos, reclamam. Duas ocorrências policiais foram registradas na Delegacia de pronto Atendimento – DPPA – uma por constrangimento ilegal e outra de falta de informação – ambas não conseguiram realizar a prova.  Houve reclamações até mesmo de questões reutilizadas de provas aplicadas em outros locais.

 

 

 

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Os irmãos Everlyn, 22 anos e Emerson Hanzen, 32, concorreram para os cargos de agente administrativo e auditor fiscal. Chegaram cedo ao campus da Unisc, onde mais de oito mil participantes fizeram provas entre manhã e tarde e encontraram dificuldade, como todos os demais candidatos para localizar a sala. A informação foi colocada na parede externa de acesso ao bloco 1, à esquerda e criou tumulto devido ao número grande de candidatos, que se acotovelavam para encontrar sua sala. O conteúdo das provas para agente administrativo estava em 40 questões curtas de português, matemática, conhecimentos gerais e lei orgânica municipal e ela achou fácil – “deu para fazer em uma hora e vinte minutos tranquilamente”, relatou. Ele fez para auditor fiscal – prova com 50 questões de nível superior com graduação em contábeis, direito ou administração.  Também achou fácil a prova, apesar de não ter estudado muito: “tinha uma boa noção na área tributária da época da Contábeis que cursei e também de meu TCC que fiz na área pública, então me auxiliou um bocado”, resumiu.

 

 

 

 

 

 

 

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Para a secretária de Administração, Maria Eliane Noronha da Rosa, a discordâncias das pessoas nas reclamações acontece em relação à preparação de cada uma. “Não tive acesso às provas nem antes nem depois do concurso, não posso dizer nada sobre questões reutilizadas, nem sobre a aplicação das provas”, pontuou. Agora com a publicação do gabarito oficial, os candidatos que se sentirem lesados terão dois dias para o recurso (terça e quarta-feiras). Os índices de abstenção saem mais para o final da semana. “Alguns consideraram fáceis as provas, outros difíceis, mas percebi que a maioria teve dificuldades em questões de conhecimentos gerais, porque não tem o hábito da leitura de jornais”, frisou a secretária. “Questões sobre o senador Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira, amplamente debatida na mídia, derrubou muita gente”, concluiu.