O sonho de revitalização da locomotiva instalada junto à antiga Estação Férrea, hoje Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz, está cada vez mais perto de se tornar uma realidade. Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estiveram em Santa Cruz do Sul no dia 27 de maio, para uma vistoria no equipamento. Os engenheiros Luiz Fay de Azambuja e Sérgio Roberto Altafini Machado, responsáveis pelos serviços de operações, e Rui Dometto, responsável pelos serviços de apoio e transporte da autarquia, foram recebidos pelo secretário municipal de Cultura, Edemilson Severo.
O objetivo da visita foi o de verificar as condições em que se encontram a locomotiva a vapor Mikado nº 648 e os dois tenders – oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) – e conhecer quais os planos do Município para revitalizá-los, com base no acordo de cooperação técnica firmado com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A partir dessa vistoria o Dnit produziu um relatório, que foi recebido pelo secretário de Cultura, Edemilson Severo e sua equipe na última quarta-feira, 5, que servirá para elaboração dos orçamentos, visando compor o projeto para captação de recursos através das leis de incentivo junto ao Estado e à União.
Com a criação da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), em janeiro deste ano, as pretensões de revitalização da locomotiva, que existem desde que os equipamentos chegaram, ganharam força. Desde março tiveram início as tratativas com empresas especializadas de todo o Brasil na recuperação deste tipo de bem. “Diversos orçamentos foram feitos no passado, mas com valores muito discrepantes porque não havia parâmetros na definição dos serviços a serem executados. Os valores chegavam a variar entre R$ 196 mil a R$ 893 mil”, informou o secretário.
Nos últimos meses, seguindo a legislação que regra a manutenção de bens históricos, a Secult fez um levantamento das reais necessidades de restauração da máquina, a fim de obter orçamentos reais que tornem factível o projeto. Foram feitos contatos com diversas empresas, dentre as quais, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), sediada em Campinas. “Temos uma missão desafiadora, porém é de extrema importância agilizarmos as intervenções, pois além de preservarmos a história da viação férrea no município, não podemos deixar que bens dessa magnitude se deteriorem pela ação do tempo”, frisou.
O secretário, acompanhado pela equipe de projetos da Secult, foi até a capital para receber o relatório do Dnit e dar sequência aos encaminhamentos para recuperação da locomotiva. Aproveitando a viagem, Edemilson também fez uma visita ao Museu Ferroviário de São Leopoldo, a fim de buscar elementos e viabilizar futuramente, em Santa Cruz do Sul, um acervo para preservação da memória da ferrovia que tanto desenvolvimento trouxe ao município e região no passado.
Intervenções devem começar pelo vagão
Enquanto tramitar o projeto para revitalização da locomotiva e dos tenders – o que deve levar em torno de 120 dias -, a Prefeitura não pretende ficar aguardando. A ideia, segundo o secretário municipal de Cultura, Edemilson Severo, é começar a recuperação pelo vagão de passageiros. Para tanto serão destinados recursos próprios e também oriundos de parcerias público-privada. “Quando criou a Secretaria de Cultura o prefeito Telmo pediu que fizéssemos um estudo e que buscássemos alternativas criativas, as quais ele apoiaria incondicionalmente e é isto que estamos fazendo”, disse.
O levantamento para a recuperação do vagão está estimado em cerca de R$ 35 mil. Serão necessários, na parte externa, pintura, retirada da ferrugem, revisão de aberturas, substituição de madeirame, substituição de portas e soldas para eliminação de goteiras. Já na parte interna os serviços incluem tratamento do assoalho, pintura dos assentos, substituição do forro, revisão da parte elétrica, instalação de ar condicionado e adequações no projeto de PPCI.
A Secult já tem planos para quando as intervenções estiveram concluídas e pretende aproveitar melhor as instalações. “Muitas pessoas que visitam Santa Cruz vão até a Estação Férrea e fazem registros fotográficos do trem. Sabemos que todos esses espaços são de grande relevância histórica, e inclusive necessitamos deles para desenvolvermos novas ações culturais. Equipamentos semelhantes, dificilmente são encontrados em outros municípios do Brasil. Cabe-nos preservá-los e explorar este imenso potencial histórico, cultural e turístico que os mesmos oferecem”, concluiu.