Viviane Scherer Fetzer
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O 1º Papo de Camarim, realizado dia 25 de novembro, no Teatro do Espaço Camarim, contou com a participação de grande público. Promovido pela Skené Projetos Culturais e pelo Espaço Camarim, com o financiamento do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. Na ocasião houve a apresentação e lançamento do Sarau Itinerante da Alice (Agência Livre de Informação, Cidadania e Educação) com intervenções dos músicos Charlotte, Renato Sperb, Killy Freitas, Marcelo Maya, Nivaldo José e Cristiano Hanssen. E com a participação do fotógrafo Luiz Abreu e dos cartunistas Fraga, Santiago e Rafael Corrêa que são parceiros da Alice e tinham seus trabalhos ou reproduções deles para venda no Bazar dos Arteiros, um espaço em que todos os tipos de arte são vendidos e os recursos são revertidos para a manutenção da Alice que é uma organização não governamental sem fins lucrativos.
O Sarau da Alice é um evento que mescla música, arte, artesanato, literatura, comunicação e direitos humanos e acontece todos os meses desde julho de 2013, garantindo uma programação continuada nos espaços públicos de Porto Alegre. Segundo Rosina Duarte, coordenadora da Agência, a Alice começa agora com o Sarau Itinerante para levar a iniciativa a outras cidades. O fotógrafo Luiz Abreu contou um pouco de sua trajetória com a fotografia desde quando passava por uma travessa na Cidade Baixa, em Porto Alegre, em que viviam alguns moradores de rua e conversava com eles até que um dia eles deixaram que ele fotografasse. “Tu precisa ser aceito, tu não tem que roubar um clique, não tem que te intrometer”, é essa a visão que Abreu tem sobre a questão de tirar fotos de pessoas. Segundo ele, nessas fotografias foi que percebeu que poderia se tornar um trabalho. Depois de passar por jornais famosos e pela grande mídia, se aposentou. “E agora voltei aos moradores de rua, na Alice auxilio nas oficinas de fotografia ensinando as técnicas mesmo que alguns desses moradores tenham um olhar mais aguçado do que fotógrafos com mais tempo de trabalho”, conta o fotógrafo.
Entre uma fala e outra, os músicos eram convidados a subirem ao palco e fazer uma breve apresentação. Fraga, Santiago e Rafael Corrêa, cartunistas premiados nacional e internacionalmente, puderam compartilhar suas experiências e falar sobre o envolvimento deles com a Alice. Falando um pouco sobre suas obras, Santiago recordou a que levou o prêmio Yomiuri em 1989, no Japão. “Estava andando pelo Louvre e comecei a imaginar as personagens dos quadros correndo e resolvi colocar no papel”, ressalta Santiago. Rafael Corrêa tenta descrever a obra premiada que lembrou na hora e que estava exposta no bazar que é a que o menino recebe cartão vermelho da mãe por sujar as roupas brancas do varal com a bola de futebol. Para ele, fazer essa descrição do desenho parece estranho: “o desenho se resolve com o olhar”, disse. Fraga mediou a conversa depois de ter contado um pouco de sua história com cartuns. Rafael Corrêa aproveitou uma das pequenas apresentações musicais para autografar seu novo livro “Sapatiras”, que possui diálogos entre calçados.
A ideia do Sarau Itinerante da Alice surgiu há pouco tempo e com o convite para participarem do 1º Papo de Camarim viram a oportunidade de dar o pontapé inicial. Segundo Rosina Duarte, coordenadora da Agência, “a Alice mexe com a possibilidade de sonhos serem realizados. E é por isso que estamos aqui e pretendemos itinerar por outras cidades e espalhar essa boa nova de que é possível sim fazer pequenas revoluções no nosso dia-a-dia sempre juntos. Nenhuma ideia é tão boa como uma ideia compartilhada”, explica. Charlotte, uma das parceiras da Alice no projeto Boca de Rua, foi uma das artistas da noite e salientou que “é bem bacana poder unir o trabalho da gente que é de Porto Alegre com o de pessoas de outras cidades”.