Alyne Motta
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De dois programas na Rádio Comunitária de Santa Cruz do Sul (FM 105,9) – o Atabaque, focado em música e debates envolvendo a negritude e o Vozes, com uma proposta de assuntos mais gerais e focada na Música Popular Brasileira – surgiu o Caldo de Cultura, um terceiro programa que valoriza a diversidade.
Produzido e apresentado por Iuri Azeredo, Marcelo Ferreira e “quem mais aparecer”, vai ao ar todos os domingos, das 15h às 18h. O objetivo do mesmo é abrir um espaço alternativo nas rádios locais para a música e debates sobre temas mais abrangentes e variados.
A dupla de apresentadores não tem formação em comunicação e não se consideram profissionais da área. “Há tempos militamos em diversos campos ligados aos direitos humanos e democratização cultural. O programa é mais um meio de ação”, explica Iuri Azeredo.
ESPECIAL MUSICAL
No domingo, 7 de abril, acontece a quarta edição do programa, que teve uma “folga” no domingo de Páscoa, 31 de março. Antes disso, na terceira edição, teve início mais uma sessão, apelidada de “Especial Musical” que traz bandas, cantores e compositores de temas musicais específicos.
O estreante do quadro foi a banda A Cor do Som, que marcou especialmente a segunda metade dos anos de 1970 até meados dos 80 aqui no Brasil. Uma fusão de ritmos, muito ligada à musicalidade e postura ideológico-filosófica do que poderíamos considerar os “novos” novos baianos ou “neotropicalistas”.
Divulgação/RJ
A Cor do Som foi o estreante na sessão Especial Musical
O grupo abriu o caminho da MPB na juventude brasileira num cenário “tá tudo dominado” pela “música estrangeira”. Começaram a tocar em rádios alternativas, e foram entrando no circuito do pop nacional, refletindo e sendo referência a uma cultura jovem brasileira.
A Cor do Som é liderada pelo baiano virtuoso da guitarra (e outros instrumentos de corda, incluindo o bandolim) Armandinho, famoso pelo trio elétrico “Armandinho, Dodô & Osmar”. O grupo criou hits “clássicos” como Zanzibar, Beleza Pura, Magia Tropical, Subo Nesse Palco (com Gil), entre outros.
O PROGRAMA
Mais do que tocar músicas de qualidade (eles se abstêm de rodar sertanejos e bandinhas), os apresentadores comentam assuntos variados durante o programa. “Alguns surgem de forma completamente inesperada”, comenta Iuri, como o “mulheres na Fórmula 1”.
“O gancho rendeu uma grande conversalhada, mas com um detalhe: não havia sequer uma mulher para nos ajudar a ‘pilotar’ um assunto tão capcioso”, revela Iuri. Além disso, há as sessões “Cabeceira”, com sugestões de livros e “Videoteca” que, como o nome já sugere, trata de filmes.