Início Sem categoria A magia de contar histórias e o encantamento de ouvi-las

A magia de contar histórias e o encantamento de ouvi-las

Alyne Motta – [email protected]

Adoração pela escrita e paixão por contar histórias. Assim é Valéria Neves Kroeff Mayer, ou Léla Mayer, como é conhecida. Um encontro total consigo e com o outro. Assim define a contadora, que se emociona ao ver o brilho no olho de outra pessoa enquanto narra um universo à parte.
Formada em Fisioterapia, com magistério, especialização e mestrado em Educação, Léla organiza seus pensamentos e seu mundo através da escrita. E contar histórias é uma paixão que não consegue explicar. “É único, por isso mesmo, indizível”, declara Léla, que precisa estar inteira para contar histórias.

Arquivo Pessoal

A magia das histórias pela oralidade

Ter filhos pequenos potencializou esta paixão de Léla. “Com eles eu estou sempre inventando historinhas, musiquinhas, brincadeiras, a gente fica mais conectada com o encantamento”, explica a educadora que “também reeduca” e considera absolutamente complementar as áreas em que atua.
“Na fisioterapia, quando uma criança não quer fazer um exercício, nada melhor do que inventar uma história para envolvê-la na brincadeira”, exemplifica a contadora de histórias, que se encontra em constante estudo. Para realizar a magia da leitura, fez teatro, um curso para contação de histórias e muitas oficinas.
“É importante estar sempre estudando, vendo como os outros profissionais desenvolvem suas técnicas. Além disso, é preciso ler muito”, garante Valéria. “Não é qualquer história que eu sinto vontade de contar. E quando uma me encontra, me encanta, eu preciso estudar o texto muitas vezes para poder narrá-lo”, acrescenta.

Arquivo Pessoal

Numa viagem sem sair do lugar, Valéria Mayer conta e encanta com suas histórias

A MAGIA DE ENSINAR
Valéria sempre gostou muito de jogos teatrais. Fazia oficinas para experimentar os jogos até que, certo dia, o Serviço Social do Comércio (Sesc) de Santa Cruz do Sul ofereceu um curso de Contação de Histórias. E Léla resolveu experimentar. Com isso, começou a ser chamada para participar de Feiras de Livros na região.
Com o tempo, Valéria começou a participar de Oficinas, Seminários, Workshops, Maratonas e Festivais e a ser chamada para realizar diversos trabalhos de narração oral e sobre a arte de contar histórias. “As coisas foram acontecendo e tomando uma proporção realmente não planejada”, revela a contadora de histórias.
Atualmente, além de levar a magia para quem escuta, ministra oficinas e workshops em várias cidades do estado. “É muito bacana compartilhar o conhecimento e mais bacana ainda mostrar o potencial de cada um, algo que é privilegiado no espaço da oficina”, comenta Léla.

Arquivo Pessoal

Léla Mayer e sua paixão por contar histórias

“Somos seres orais, todos contamos histórias, mas nas oficinas descobrimos que há muitas formas de se fazer isso”, acrescenta Léla, que conheceu (e continua conhecendo) contadores de histórias com um talento incrível e habilidades muito distintas da sua forma de proporcionar uma viagem sem sair do lugar.
“Em todos os lugares que fui, fiz muitos amigos, que foram (e são) absurdamente generosos, compartilhamos experiências, estudamos juntos, somos espectadores e admiradores uns dos outros”, revela Valéria, acrescentando que é “muito grata a essa arte que me acolheu e que tanto me completa”.

HISTÓRIAS DO MUNDO

Toda magia que Valéria tem na contação de histórias, transferiu para o livro “Histórias do mundo pra todo mundo”, uma ideia da escritora Léia Cassol, quando assumiu a presidência da Associação de Amigos da Biblioteca Lucília Minssen, da Casa de Cultura Mário Quintana, da qual Léla também faz parte da diretoria.

Reprodução/RJ

Livro “Histórias do mundo pra todo mundo” foi publicado pela Editora Cassol

Léia Cassol e Paulo Bocca, vice-presidente da Associação e idealizador do Festival Estadual de Contadores de Histórias, chamaram um grupo para recontar contos populares. “A proposta foi de que passássemos para o papel o conto com a marca da nossa oralidade, como se o estivéssemos contando oralmente mesmo.”
As histórias foram contadas por: Bete Pacheco (Juazeiro do Norte, CE), Léia Cassol (Porto Alegre, RS), Rosane Castro (Cachoeirinha, RS), Léla Mayer (Santa Cruz do Sul, RS), Francisco Gilson (Fortaleza, CE), Paulo Bocca (Sapucaia do Sul, RS), Danilo Furlan (Maringá, PR) e Fábia Barbosa (Tubarão, SC).
Um grupo de ilustradores também foi convidado para integrar o projeto, sendo eles Wagner Passos, Patrícia Langlois, Cathe de León, Bianca Pinheiro, Liza Petiz e Gisele Fedrizzi Barcellos que, com seus pincéis, lápis e bites, recriaram com cores e traços, pinçados da sua imaginação, histórias de lugares distantes.
Léla recontou a “A quase morte de Zé Malandro”, sendo sua primeira participação em um livro de contos. A ideia, de acordo com o prefácio, é que as histórias se perpetuem não apenas na imaginação, mas nas mãos de milhares de pessoas. A obra foi distribuída aos participantes do encontro.