Alyne Motta – [email protected]
De segunda a sexta-feira, César Donicht dedica-se a sua clÍnica odontológica, atendendo diversos pacientes que o procuram. Já nos fins de semana, sua atividade torna-se outra: a produção de cervejas artesanais. O interesse surgiu pela vontade de consumir produtos com qualidade.
“Há dois anos estava em busca de cervejas melhores e mais encorpadas, então passei a procurar. Certa vez comentei com meu pai e ele lembrou que minha avó produzia”, comenta o dentista, curioso em saber como era confeccionado o produto em tempos antigos.
Arquivo Pessoal
César produzindo a Donicht Bier
A partir disso, o interesse pela produção de cervejas só aumento. “Instiguei meu pai para saber como era feito e ele me falou que a vó juntava os ingredientes, fermentava e deixava dentro do poço para gelar”, revela César, pensando que “se a minha avó fazia, eu também posso fazer”.
E foi assim. De uma forma bem caseira, com panelas pequenas, que o dentista tornou-se cervejeiro por hobby. A busca por receitas e produtos começou no Google. “Se souber filtrar, é possível encontrar muitas informações úteis”, comenta César, que teve três meses de estudo antes de por a “mão na massa”, ou melhor, na cerveja.
PRODUÇÃO
O primeiro lote, com quarenta garrafas, já deu um ótimo resultado. “Surpreendi-me com o gosto. Diferente do que encontramos por ai e muito bom”, revela o dentista, que começava a descobrir uma nova paixão. Com o tempo, a compra de equipamentos foi inevitável.
“A cada produção me aprimoro. Por mais que eu siga os mesmos processos, cada lote sai diferente”, comenta César Donicht. Ele ainda explica que, cada cerveja leva, no mínimo, trinta dias para ficar pronta, “dependendo da temperatura”, pois é o processo de maturação.
César explica que, se a cerveja ficar três meses fermentando, a qualidade é melhor e, consequentemente, o gosto também. “É um processo que vai aumentando gradativamente até chegar aos cinco meses. Depois disso, a cerveja começa a decair”, afirma o cervejeiro.
Arquivo Pessoal
Cerveja artesanal é produzida como diversão
O dentista revela que, certa vez, seu pai fez uma experiência com cerveja. “Ele escondeu uma garrafa no porão de casa por cinco meses, num lugar fresco e escuro. Certo dia ele me apareceu para provarmos. E ficou muito boa”, revela ele, comentando que o processo de armazenamento é fundamental.
Com o aumento da produção e uma quantidade enorme de pedidos, César conta que precisou se adequar às necessidades. E assim surgiu a Donicht Bier, produzida e envasada artesanalmente. O rótulo foi idealizado por um amigo, que também produz a bebida.
TRABALHO EM FAMÍLIA
Desde a primeira produção, César conta com a ajuda da família. O seu pai, Guido Donicht, é o primeiro a assessorar, assim como sua filha, que adora moer o malte. “Cada cerveja que eu vendo, ela ganha um dinheirinho”, revela o dentista, como forma de incentivo.
Arquivo Pessoal
César e Guido brindando com uma Donicht Beer
Do bagaço que sobra da fermentação, sua mãe acaba produzindo o pão. “Todo mundo se envolve, não só para consumir, mas também para confeccionar. Meu pai é o primeiro a estar presente, me incentivando e fazendo propaganda”, revela César, que também conta com a ajuda de amigos.
Por um tempo, César garante que continua com seu consultório odontológico. Com o tempo, não sabe dizer. “Hoje faço somente para consumo próprio, o que é muito raro, pois tenho muitas encomendas. No futuro, talvez transforme o meu hobby em profissão”, declara o dentista.
Arquivo Pessoal
Do bagaço do malte, a família produz pão
Em 2013, César quer buscar novas receitas. “Já enjoei das minhas. Quero fazer, além da pilsen, uma red e escuras”, garante. Mais do que produzir com qualidade, o dentista espera que a técnica seja difundida, a ponto de ter mais adeptos e formar uma Confraria da Cerveja.