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Uma boa conversa com Diego Müller

Alyne Motta – [email protected]

O filme “O Tempo e o Vento” é baseado na maior obra do escritor Erico Veríssimo. O filme conta a história da família Terra Cambará e de sua principal opositora, a família Amaral, durante 150 anos, começando nas Missões até o final do século XIX.
Dentro desta produção, o cineasta Diego Müller esteve presente, como 1º assistente de direção. Após semanas de trabalho intenso, deu uma passada por Santa Cruz do Sul para rever os amigos e descansar. Mesmo longe do trabalho por uns dias, topou falar sobre ele.

Arquivo Pessoal

De vez em quando, diretor encara o papel de ator nos filmes

“Foi o maior filme que participei, e com certeza o maior aprendizado que tive”, afirmou o cineasta. Ao longo dos dias, pode ajudar na confecção de cenas, nos bastidores, e até mesmo atuar. “Tem situações que figurantes não conseguem captar e eu tive que fazer”, explica.
A produção foi captada com filmadoras Sony F65, um lançamento da marca e que mais se aproxima do 35mm. Sobre o trabalho, Diego comenta que o cinema é capaz de aproximar diversas pessoas. Entre os atores, destaca a presença de Fernanda Montenegro “Foi fantástico estar junto desta ilustre pessoa”, destaca.

Fernando Nipper

Diego Müller (D) ao lado do diretor Jayme Monjardim

O filme é uma adaptação livre de uma obra conhecida no Rio Grande do Sul e fora dele. “Trabalhamos com cariocas, paulistas e argentinos e todos conheciam O Tempo e o Vento”, relembra o cineasta reforçando a visibilidade que o texto de Érico Veríssimo possui.

TEMPO E O VENTO

Jayme Monjardim

O cineasta junto com a equipe no set de gravação

Sob o ponto de vista da luta entre as duas famílias, são retratadas a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola. Uma grande obra dirigida por Jayme Monjardim.
A obra cinematográfica é uma profunda discussão sobre o significado da existência, da resistência humana diante das guerras. Por isso, para a adaptação cinematográfica, tomamos como estrutura o olhar feminino da quase centenária Bibiana Terra Cambará.
Em meio ao cerco do casarão de sua família pelos Amarais, ela se valerá de sua memória, sempre deflagrada em noites de vento, para lembrar e contar sua história e as de seus antepassados. E, assim, resistir ao tempo e protestar contra a morte. Uma notável história épica.
O filme foi gravado em diversas cidades gaúchas, dando destaque para Pelotas, Aceguá, Candiota, Pinheiro Machado entre outras, sendo que a cidade cenográfica de Santa Fé foi construída em Bagé. Posteriormente, o filme deverá se tornar minissérie de quatro capítulos na Rede Globo.

CORNETEIRO NÃO SE MATA
Ao lado do irmão, Pablo Müller, fundou a GM2/Filmes, onde produziu o documentário Orgulho e Tradição (2009), sobre os Festejos Farroupilhas de Porto Alegre e os curtas-metragens Cortejo Negro (2008), a Invasão do Alegrete (2009) e Corneteiro não se Mata (2011).
Este último foi lançado no 39ª Festival de Cinema de Gramado e integrou a seleção oficial da 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, conquistou o 11º prêmio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine) de curtas-metragens e recebeu prêmio na 5ª edição do Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF), realizado este ano.
“É uma grande honra receber esse reconhecimento fora do Brasil. Foram 300 curtas-metragens inscritos, sendo 15 filmes selecionados para receber o premio de melhor filme”, explica Diego, satisfeito com os frutos que vem colhendo através desta produção cinematográfica.
O curta-metragem ainda deve participar de outros festivais. “Queremos experimentar outros públicos, a fim de ver novas reações sobre nosso trabalho”, comenta o cineasta, que tem projetos para o futuro. “Abri mão de editais agora para projetos pessoais, mas tenho muito trabalho pela frente”, acrescenta.

Arquivo Pessoal

De férias, Diego Müller esteve por aqui

NOVAS OBRAS
O filme “Sol Africano” foi rodado em 2010, junto com o irmão Pablo e está em fase de finalização. Conforme Diego, a obra já rodou por diversos lugares, mas ainda não ficou pronto. “Quero fazer alguma coisa diferente, mas pra isso preciso de tempo”, declarou sobre o projeto em andamento.
Presença confirmada no Festival de Cinema de Gramado, este ano não está concorrendo com filme próprio, mas como assistente de direção no longa-metragem Insônia, com direção de Beto Souza, sendo o único filme gaúcho a integrar a seleção. “É a nossa grande estreia”, finaliza o cineasta Diego Muller.