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A miséria vista e traduzida

Alyne Motta – [email protected]

Uma visão profunda, real e, acima de tudo, instigante de um mundo que aparentemente pode ser considerado o oposto do belo, do estético. E é exatamente isso que trata o projeto Tradução da Miséria, um convite e um desafio aos olhos, mentes, onde faz questionar o que realmente significa beleza.
De acordo com o artista plástico Joe Nunes, responsável pelo projeto, a ideia é mostrar a forma crua e legítima, que uma sociedade cruel, injusta e opressora pisa com os coturnos da exclusão e da criminalização, criando uma caótica e inigualável sinfonia de resistência e arte.
Com base nessas artes, surgiu o documentário de mesmo nome, criado pelo artista plástico, com produção executiva de Vanessa Schuh e direção de Christofer Dalla Lana e Diego Dornelles. A estreia acontece na noite de segunda-feira, 9 de julho, às 20h, no Centro de Cultura Francisco Frantz (Ernesto Alves, 817).

Divulgação/RJ

A miséria documentada e exposta

O longa metragem foi produzido em 2011 e 2012 através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura (Lei Rouanet) e tem o patrocínio da Proamb Soluções Ambientais, Fiema Brasil, Unicasa, Construtora Dalmas e Bertolini, e mostra a realidade de doze catadores, de cidades diversas.
Por ter um cunho artístico a sua estética diferencia-se dos documentários convencionais, mas nem por isso deixa de retratar uma realidade social. Ele mostra os catadores falando da sociedade, como sujeitos dela que são, e não a sociedade falando dos catadores com visões distorcidas e preconceituosas.
A miséria traduzida no filme não é econômica que todos estão acostumados a ver, e sim a miséria moral de uma sociedade que, mesmo se dizendo sensibilizada com a situação dessas pessoas, considera natural que seres humanos sobrevivam, muitas vezes, sem as mínimas condições de subsistência.

Divulgação/RJ

Catadores contam suas angústias em documentário

EXPOSIÇÃO
Neste projeto, Joe Nunes busca sua matéria-prima para uma derradeira obra que complementa as análises da sociedade e miséria moral, sempre contida em suas telas, ilustrações e textos. Nem de longe se trata de material coletado do lixo, transformado em arte, e sim, a mais fina matéria: a natureza humana.
Doze telas foram construídas através dos diálogos, percepções, temores, horrores, paixões, esperanças, mãos e mentes desses dignos seres humanos, chamados de catadores de papelão. Os quadros ficam expostos, até o dia 31 de julho, na Casa das Artes Regina Simonis (Marechal Floriano, 651).