Alyne Motta – [email protected]
Quando o santa-cruzense Francisco Gonçalves de Azeredo começou a aprender a tocar teclado, aos 7 anos, não imaginaria o rumo que sua vida teria. As aulas semanais com o tio, Carmo Gregori, seriam o início de uma grande carreira com qualificação fora do Brasil.
Assim como muitas crianças, Francisco deixou de lado as aulas e, na adolescência, junto com outros colegas de aula, montou sua banda de rock, a Snowblind. O que era diversão acabou tornando-se graduação em música, na Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm).
“Descobri a licenciatura durante uma Feira das Profissões e decidi ir em frente”, comenta Francisco, que iniciou os estudos em contrabaixo acústico. Com as aulas, a oportunidade de tocar com a Orquestra Sinfônica de Santa Maria, e participar de diversos festivais internacionais com as bandas que tocava.
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O primeiro à direita, em apresentação com a Orquestra da Universidade da Geórgia
A conclusão do curso ocorreu em 2004, quando foi para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) cursar bacharelado em contrabaixo acústico. Na época, paralelo aos estudos participou, por alguns anos, da ala Jovem da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).
Nisso tudo, veio uma reviravolta em sua vida. A convite do professor Milton Masciadri, ingressou no mestrado em música na Universidade da Geórgia, com sede em Athens, nos Estados Unidos. Lá, Francisco aprimorou seu desempenho em contrabaixo acústico e dedicou-se exclusivamente à música erudita.
VALORIZAÇÃO
Nos quase três anos morando na Geórgia, o músico teve a oportunidade de participar de várias orquestras e concertos. “Já foram mais de 300 apresentações”, procura relembrar Francisco. “É nítida a diferença de valorização da música. Lá o incentivo vem desde pequeno”, afirma.
“É bem comum os universitários integrarem as orquestras, pois levam o conhecimento que tiveram na escola, pois a música é uma das disciplinas do currículo”, garante Francisco. Conforme o músico, tudo é uma questão cultural. “Lá o clássico integra a vida das pessoas”, acrescenta.
Por ser tão comum a música na vida das pessoas norte-americanas, a Orquestra de Cordas, onde Francisco tocava, foi convidada para participar de um evento realizado no teatro La Fênice, pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco), alertando sobre o aquecimento global.
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Francisco e seu contrabaixo: instrumento com mais de 100 anos
Atualmente participa da Orquestra Sinfônica da cidade de Athens (Athens Symphony), da Orquestra Sinfônica da Universidade da Geórgia e da Orquestra de Cordas da Universidade da Geórgia (Arco). Em todas as orquestras, o músico é chefe de naipe em contrabaixo.
RETORNO
Durante alguns anos, o músico integrou a Orquestra Jovem da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e tem boas lembranças do período. “Participar foi muito importante para o meu aprendizado”, revela Francisco, ressaltando sobre a veia musical muito forte dos antepassados alemães.
“Os imigrantes valorizavam bastante a questão da música e Santa Cruz do Sul tem potencial para isso”, comenta. E para matar a saudade do tempo, o músico se apresenta na noite de hoje, 30 de junho, no concerto realizado pela Orquestra Jovem. “Achei bacana o convite e tô bem feliz em poder tocar e rever amigos” acrescenta.
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Músico santa-cruzense está há 3 anos fora do país
INCENTIVO
Desde muito cedo, o contrabaixista recebeu o apoio dos pais. “Sempre busquei me dedicar ao máximo na área musical e foi imprescindível o incentivo da minha família nisso”, comenta o músico. Conforme ele é necessário perceber o tino das crianças e adolescentes para a música.
Francisco deve permanecer nos Estados Unidos por mais dois anos, formando-se professor de música. “Depois disso, só o tempo vai dizer e as oportunidades que eu receber”, garante. Mas uma coisa, o estudante tem em mente: passar adiante os ensinamentos que aprendeu e o satisfazem.