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Rumo a uma nova Casa das Artes

Alyne Motta – [email protected]

Uma imponente edificação, que ocupa privilegiada posição de marco urbano na esquina das ruas Marechal Floriano Peixoto e Julio de Castilhos, chama a atenção pela sua magnitude. Mas este grande prédio, construído em 1920 e inaugurado em 1922, com o objetivo de abrigar o Banco Pelotense, esconde muita beleza.

Junio Nunes

Casa das Artes se tornará um Centro Cultural

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), foi cedido em comodato pelo Governo do Estado à Associação Pró-Cultura de Santa Cruz do Sul em abril de 1994. Desde lá, a entidade tem realizado diversas campanhas de manutenção e revitalização.
A edificação é considerada um dos mais expressivos exemplos da arquitetura eclética na cidade. “É um patrimônio de inestimável valor sentimental, histórico e artístico para a comunidade santa-cruzense, mas que se encontra atualmente bastante desgastado pela ação do tempo”, destaca o arquiteto Ronaldo Wink.

Divulgação / Casa das Artes Regina Simonis

Prédio é repleto de beleza, através de diversos grupos escultóricos

Sendo um dos prédios históricos mais importantes do município, ganhou uma aliada na luta por sua preservação. No mês de dezembro de 2011, a Japan Tobacco International (JTI) anunciou o financiamento do projeto de restauração e readequação de uso, para transformação do local em um Centro Cultural.
No início do mês de fevereiro deste ano, iniciaram-se os trabalhos. Como não existem as plantas originais do prédio, cada detalhe precisa ser medido e repassado para plantas baixa, de corte e fachada. As prospecções de pintura também estão sendo feitas no local.
“Encontramos até 7 camadas de tinta no local, para então chegar até a cor original do prédio”, comenta o arquiteto Ronaldo Wink, que também é coordenador do projeto e da equipe técnica. Nesse trabalho, foi encontrada a pintura da deusa Minerva, considerada a deusa da fortuna.

Divulgação / Casa das Artes Regina Simonis

Deusa Minerva estava encoberta por pinturas e tijolos

Segundo Ronaldo, a imagem foi pintada em 1922, pelo austríaco Frantz Steinbacher, responsável pelos murais existentes no forro e paredes. A descoberta foi feita pela restauradora porto-alegrense Márcia Soza, que revelou a pintura tendo base em fotografias antigas.
Além disso, foram encontrados arabescos com detalhes em ouro, situados abaixo das mísulas com cabeça de Mercúrio, que era considerado o deus do Comércio. “Esses detalhes são testemunhas da pujança econômica que se desencadearia no município a partir daquele momento”, comenta Ronaldo.

Divulgação / Casa das Artes Regina Simonis

Determinados locais possuíam até 8 camadas de pintura

Com a conclusão das medições, desenho de plantas e das prospecções de pintura, será realizada uma análise das patologias existentes na edificação. Conforme Ronaldo Wink haverá a verificação de rachaduras, infiltrações, ataques de cupins e outras pragas que precisarão ser combatidas.
Tendo todo o material em mãos e avaliado pelo Iphae, surge o projeto de readequação e restauração do espaço. “Nesse ponto em que vamos transformar a Casa das Artes num centro cultural”, garante Ronaldo. As questões de acessibilidade, luz, climatização e outras ações, estarão dentro das normas exigidas.
O espaço, com cerca de 730 metros quadrados, deverá conter uma sala de exposições, um café e um auditório. “O objetivo é tornar a Casa das Artes um espaço funcional arquitetonicamente, bem resolvido e fazer com que seja um difusor da cultura para a comunidade”, afirma o arquiteto.

Divulgação / Casa das Artes Regina Simonis

Andaime está sendo usado para medições dos detalhes da edificação

Com uma estrutura eclética, é um desejo da comunidade vê-lo restaurado. “Esta edificação integra o núcleo de prédios significativos no município. Alguns já foram restaurados, como a Catedral São João Batista e a Igreja Evangélica. Cabe à sociedade civil conduzir o processo deste local”, argumenta Ronaldo.
Futuramente, a diretoria da Pró-Cultura, que tem à frente Maria Celita Scherer, fará campanhas para a captação dos recursos para a obra. “Temos a certeza de que tudo será feito da melhor forma e a sociedade terá mais um importante local para o desenvolvimento da cultura”, finaliza o arquiteto.
Pelo projeto, respondem profissionais envolvidos com a entidade. Além do arquiteto Ronaldo Wink, integram a equipe os arquitetos Milton Roberto Keller, Ana Irene Baumhardt, Sâmila Muller, Vera Lúcia Schultze, o engenheiro Luis Eduardo Vieira Leitão, e duas estagiárias de arquitetura.