LUANA CIECELSKI
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A Presidente do Centro dos Professores do Estado do rio Grande do sul (CPERS/Sindicato), Helenir Aguiar Schürer esteve em Santa Cruz do Sul na manhã e início da tarde da última terça-feira, 17 de março. Sua visita teve o objetivo de dialogar com os professores para saber mais das necessidades da região, compreender o que deve ser colocado na pauta de reivindicações para o governo, e também para chamar a classe para as assembleias regional e estadual que acontecerão na próxima semana.
Na tarde de terça-feira, Helenir atendeu ao Riovale Jornal e falou sobre sua vinda ao município, sobre as discussões que devem acontecer com o governo nos próximos meses e também sobre a possibilidade de greves. Confira:
Riovale: O que motivou a tua vinda para Santa Cruz do Sul?
Helenir: Nós estamos encerrando o processo de construção da nossa pauta de reivindicações, então estamos passando nas escolas, estou conversando também com os aposentados, pra que se discuta o que é principal para nós. No dia 24 de março acontecerá em Santa Cruz do Sul a assembleia regional, onde o núcleo vai votar o que ele quer que conste na pauta [da assembleia geral] e além de chamar os professores para participar desse momento, estou chamando a assembleia geral que vai acontecer no dia 27 de março em Porto Alegre, no Gigantinho, onde vamos aprovar a pauta. A partir daí daremos o pontapé inicial para nossa campanha salarial, vamos lutar pelos 13,01% de aumento do piso salarial e mais os 34,67% que faltam para completar o pagamento do nosso piso no plano de carreira.
Riovale: Esse aumento é uma das conversas que tu veio ter com os professores no município?
Helenir: Exatamente. Nós acreditamos que a gente pode avançar através do diálogo e da negociação. Nós queremos que isso seja uma marca da nossa categoria, mas como sindicalistas a gente também sabe que num certo momento o diálogo pode truncar e não avançar mais. E quando isso acontece, é o momento da categoria se fazer presente. Por isso nós estamos solicitando que a categoria vá em massa para que a gente possa fazer uma grande assembleia e mostrar para o governo a nossa disposição de avançar também nas nossas questões salariais.
Foto Luana Ciecelski
Helenir Schürer, presidente do CPERSm participou de visitas a escolas e reunião com professores aposentados na terça-feira
Riovale: Já se fala alguma coisa sobre greve?
Helenir: Olha, hoje [terça] de manhã eu já falava em uma escola que a direção [do CPERS] não está chamando à greve. Acho que essa é uma construção que a gente tem que fazer e na nossa categoria hoje eu não percebo essa pré-disposição. Mas a gente sabe que numa assembleia geral qualquer coisa pode acontecer porque as pessoas podem, na hora, apresentar qualquer proposta. O que eu estou chamando atenção é que a categoria vá [na assembleia] e que ela aprove a pauta e a mobilização com responsabilidade, pensando na sua escola e se ela terá condições de cumprir aquela pauta. Porque é fácil ir na assembleia e votar pela greve, o difícil é fazer a greve acontecer e para mim, fazer uma greve sem que ela não tenha uma grande adesão é fazer uma greve fadada ao fracasso. Acho que a gente já teve, nos últimos tempos, na direção passada, uma tremenda banalização da greve que em vez de ajudar, atrapalhou a nossa luta. Então estamos chamando a atenção da categoria. As vezes é preciso dar passos mais comedidos pra poder chegar onde se quer e construir a possibilidade de uma vitória.
Riovale: Mas o governo tem feito um corte de gastos em diversos setores desde janeiro, mesmo assim vocês esperam um retorno positivo para as reivindicações de vocês?
Helenir: Todos os governos que entram dizem que está um caos total, mas a primeira pessoa que a gente questionou foi o governador. Quando o governador visitou o sindicato, nós pedimos para ele: vete todos os reajustes que foram aprovados na assembleia. Porque não dá pra a gente entender que um Estado está em crise, num momento de inflação que em quatro anos chegou a 26% acumulados, se o governador e o vice podem ganhar 45% de reajuste e os secretários de estado 67% de reajuste. Achamos que se tem crise, tem que ser uma crise para todos. Não pode ser crise só do palácio [do Piratini] para fora. Se o governo está pedindo que todo mundo aperte o cinto, tem que ser todo mundo. Não pode ser um “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Riovale: E como está sendo a recepção nas escolas?
Helenir: Até agora a recepção tem sido boa. Acho que a gente está conseguido dialogar com a categoria, acho que ela tem nos escutado, tem sido bem interessante e nós percebemos, e estamos contentes com o fato de que, quando nos elegemos ela estava muito recuada e com um descrédito muito grande em relação ao sindicato , mas que com nossa atuação, a categoria parece que volta a acreditar no sindicato. Estamos numa reconstrução da credibilidade e estamos satisfeitos com a resposta da categoria. Mas no dia 27 de março é que teremos a grande resposta, e se a categoria for em grande numero, mostraremos que estamos fortalecidos, inclusive para poder avançar na questão salarial com o governo.
As assembleias
O CEPRS realizará no próximo dia 24 de março a assembleia regional. Ela acontecerá em Santa ruz do sul, a partir das 16h30, na sede do Sindibancários. Nesse dia serão discutidas as pautas que serão levadas para a assembleia geral que acontecerá, por sua vez, no dia 27 de março, em Porto Alegre, no Gigantinho.
Uma das principais reivindicações será o pagamento do déficit do piso do magistério que acumula o reajuste de 13,01% atualizado em janeiro e os 34,67% que ainda não haviam sido pagos pelo governo anterior. “Um professor que tenha 40 horas ganha R$ 1917,78, mas se ele tiver uma pós-graduação, por exemplo, esse valor dobra. Então começa a ter um peso diferenciado, um reconhecimento. Ninguém vai ficar rico no magistério, mas a gente quer a tranquilidade de saber que a gente vai sobreviver somente com o nosso trabalho”, explicou Helenir.