Everson Boeck
[email protected]
No dia 31 de dezembro o reitor Vilmar Thomé encerra seu período de oito anos à frente da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Ao se despedir do cargo, ele fez uma avaliação de sua gestão, mencionando as principais conquistas, os grandes desafios e seus projetos para o futuro. Com 26 anos de carreira em ensino superior, ele atua no cargo de reitor desde 2006, tendo sido reeleito para a gestão 2009-2013. Sua trajetória na Unisc começou antes mesmo de se tornar universidade, quando era Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (Fisc).
Natural de Santa Cruz do Sul, casado e pai de duas filhas, Thomé iniciou as atividades como técnico-administrativo da Apesc em 1982, aos 20 anos de idade, atuando no Setor Financeiro. Após alguns anos, tornou-se Diretor Administrativo da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc), Superintendente de Administração da Fisc e, por 12 anos, Pró-Reitor de Administração da Unisc. É professor do Curso de Ciências Contábeis desde 1991. De 2006 até hoje, está no cargo de Reitor da Unisc e Presidente da Apesc, mantenedora da Unisc, da Escola de Educação Básica Educar-se, do Cepru e do Hospital Santa Cruz. Exerce, ainda, também a Presidência da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc).
Divulgação/Unisc
Além da sede em Santa Cruz do Sul, Unisc tem outros quatro campi,
situados em Venâncio Aires, Sobradinho, Capão da Canoa e Montenegro (foto)
Entrevista
RJ – Qual a sensação de chegar ao fim de um mandato de oito anos?
Thomé – Fui reeleito em 2009 sabendo que eram os últimos anos no cargo. Ao mesmo tempo em que se lamenta o final de uma fase com uma natural preocupação face aos novos desafios, se aproxima a expectativa de outra completamente nova. Além disso, tenho uma experiência de quase 30 anos em ensino superior. É uma bagagem muito grande e isso me permite, a partir de agora, realizar outras contribuições.
RJ – O senhor permanecerá na próxima gestão, atuando em alguma pró-reitoria, por exemplo?
Thomé – Não. Já havia dito isso mesmo antes das eleições. Não farei parte da reitoria nesta nova gestão, mas, evidentemente, se a professora Carmen me convidar para alguma assessoria ou coordenação, talvez, no Hospital Santa Cruz. Ainda não há nada definido. Em síntese, continuarei ministrando minhas aulas – como sempre o fiz –, realizando orientações acadêmicas e terei algum cargo de apoio que ainda não foi definido. Também continuarei na presidência da Apesc até abril de 2014.
RJ – Quais os principais avanços que sua gestão deixa marcado na história da Unisc?
Thomé – São muitos e muitos em todos os setores. A universidade evoluiu muito e não só pelo trabalho do reitor, mas de todo o corpo administrativo. Houve um crescimento considerável na procura pelo vestibular, número de alunos, número de cursos e programas, nos conceitos, no oferecimento de bolsas e financiamentos.A estrutura física cresceu muito e vai ser muito mais expandidas, pois muitas obras estão em andamento. Inauguramos dois prédios este ano, três estão em construção e outros cinco estarão em obras em 2014, com a possibilidade de mais dois com recursos do governo federal e governo do estado. Haverá um bloco para a Comunicação Social e o Centro de Convivência vai triplicar de tamanho, entre outras obras importantes.As ações sociais, principalmente na área da saúde, também tiveram um grande crescimento. A incorporação do Hospital Santa Cruz, em 2003, ao Curso de Medicina foi fundamental para esta evolução. Os blocos cresceram, houve um aumento significativo de leitos. Há o Centro de Diagnóstico e Intervenção por Imagem (CDII), que é uma referência nacional hoje. Em resumo, mesmo com tudo o que ainda há por fazer, a Unisc vai muito bem.
RJ – Qual sua opinião sobre o recente aumento do número de cursos de Medicina que estão sendo oferecidos em várias instituições de ensino superior do Estado?
Thomé – Não há dúvida que é uma situação necessária e há demanda social. Sou extremamente favorável, porém, há uma preocupação muito grande com a composição do corpo docente, especialmente no item médicos com formação acadêmica e disponibilidade de tempo para trabalhar com ensino, pesquisa e extensão. Parece-me queteremos dificuldades ao longo dos anos porque hoje já é difícil constituir um corpo docente com médicos que disponham de tempo para dedicar à instituição.
RJ – Qual o maior aprendizado que o senhor leva de oito anos como reitor?
Thomé – Conviver com opiniões diversas.Ter desenvolvido a habilidade de dialogar sobre o mesmo tema, o mesmo assunto enxergado por vinte ângulos diferentes. É preciso saber lidar com debates, diversas visões, eventuais contrariedades, alguns contrapontos. Além disso, é fundamental ter a humildade em reconhecer que, mesmo quando pensamos que estamos 100% correto e convicto em algum encaminhamento, ninguém em nenhum grupo consegue isoladamente captar todos os sentimentos em uma comunidade acadêmica e sua abrangência. Foi um período inesquecível, importante na minha vida e minha carreira que me proporcionou um crescimento como profissional e como ser humano. Da mesma forma, espero ter contribuído, como acredito o que o fiz, para o crescimento de outras pessoas também e de toda a comunidade.
Alyne Motta
Em visita ao Riovale Jornal, reitor falou sobre sua atuação
no cargo nos últimos oito anos
SOBRE A UNISC, VOCÊ SABIA?
A história do Ensino Superior em Santa Cruz do Sul iniciou com a criação, no ano de 1962, da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc), atual mantenedora da Unisc. Dois anos após era obtida a aprovação de funcionamento da Faculdade de Ciências Contábeis.Em 1967, foi criada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com os cursos de Letras e Pedagogia. Em 1968, foi oferecido o curso de Estudos Sociais e instalada a Faculdade de Direito. Em 1970, foi criada a Escola Superior de Educação Física.
Outros cursos, criados gradativamente, foram sendo incorporados às Faculdades que, em 1980, passaram a constituir as Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul – Fisc.
Em 1980, a Fisc passou a oferecer cursos em regime especial de férias, tendo nesse mesmo ano implantado o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu.Em 1993, culminando o processo de transição, a Unisc foi reconhecida pela Portaria nº 880, de 23/06/93, DOU de 25/06/93, com base no parecer CFE nº 282, de 05/05/93.
São quase 50 anos de trajetória no ensino superior, mas o processo de transformação em Universidade exigiu muitas adequações, como as de infraestrutura física; alterações na estrutura organizacional; introdução do hábito de planejamento participativo; transparência administrativa e financeira; organização das associações de docentes e de pessoal técnico-administrativo; organização estudantil; eleições diretas para cargos de gestão ocupados por docentes; desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão; realização de vários seminários regionais de planejamento; entre outras tantas. Nesse período a Instituição cresceu muito. Passou-se de pouco mais de três mil estudantes para mais de doze mil; de quinze cursos de graduação para 50 cursos oferecidos nos municípios de Santa Cruz do Sul, Sobradinho, Venâncio Aires, Capão da Canoa e Montenegro, além de quase 40 cursos de pós-graduação lato sensu, 8 programas de pós-graduação stricto sensu, com a oferta de 8 mestrados e 2 doutorados.
Governo anuncia liberação de cerca de R$ 1,3 milhão para projetos da Unisc
O titular da Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico (SCIT), Cleber Prodanov, anunciou nesta quarta-feira, 18 de dezembro, a liberação de aproximadamente R$ 1,3 milhão para projetos da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O centro de pesquisa e treinamento em biotecnologia será contemplado com R$ 298 mil para o desenvolvimento de novos produtos biotecnológicos.
Já a implantação da infraestrutura do Centro de Inovação e Difusão Tecnológica receberá R$ 998 mil da SCIT. A contrapartida da Unisc será da ordem de R$ 267 mil somando os dois projetos.
Nos últimos três anos, a Unisc recebeu R$ 3,7 milhões do Governo do Estado, por meio dos programas de Parques e Polos Tecnológicos. A primeira fase das obras do Tecnouniscdevem ser concluídas em 2014.