LUANA CIECELSKI
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Não é preciso dizer o que é um Bombeiro ou qual é sua função. Desde a mais tenra idade todos conhecem, ou ao menos têm uma boa noção do significado e da importância dessa palavra. Ainda assim, nunca é demais repetir a explicação sobre seu papel em uma sociedade: Bombeiros são profissionais treinados para prevenir e salvar vidas nas mais variadas situações de risco. E nisso estão incluídos os incêndios, os afogamentos, os acidentes de trânsito, os desastres naturais, entre outras tantas. E não são apenas vidas humanas que são salvas, mas os seres vivos de uma forma em geral. E na próxima segunda-feira, dia 2 de julho, comemora-se o Dia do Bombeiro Brasileiro.
A origem dessa data é tão importante quanto o trabalho desse profissional. Ela é uma homenagem à criação do Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, em 2 de julho de 1856, no Rio de Janeiro. Antes da criação dessa corporação, as pessoas apagavam os incêndios contando com a ajuda de vizinhos e amigos, além da boa sorte de se encontrar água em abundância na localidade. Em muitas situações as latas iam passando de mão em mão, até chegarem ao local do incêndio, método arriscado, que podia levar à danos ainda maiores em razão da falta de preparo das pessoas.
Oficialmente, o Dia do Bombeiro Brasileiro foi instituído através do decreto-lei nº 35.309, de 2 de abril de 1954. A partir desta mesma lei, também foi definido a realização anual da Semana de Prevenção Contra Incêndios. Hoje em dia pode-se acessar o Corpo de Bombeiros através do telefone 193, um número que atende localidades de todo o país. E em Santa Cruz do Sul, a comunidade pode contar com o trabalho dos soldados do 6º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), que atua desde 1965.
MAIS DE 500 OCORRÊNCIAS EM 2018
Aliás, a comunidade conta mesmo com esse trabalho. De acordo o soldado Eder Porto Ferreira, de janeiro de 2018 até a tarde dessa quinta-feira, 28 de junho, tinham sido 555 ocorrências atendidas. Isso representa uma média de 3,10 atendimentos por dia. Desses, 206 ocorrências estiveram ligadas a ações preventivas – quando há vazamentos de gás/produtos químicos ou fonte de perigo e os Bombeiros são chamados para remover ou resolver -; outros 127 atendimentos foram pré-hospitalares (acidentes); 137 incêndios; além de 85 salvamentos, buscas e resgates, divididos em 13 cortes de árvores, 23 buscas de pessoas desaparecidas em áreas de difícil acesso e 49 salvamentos de animais.
Aliás, salvamento de animais foi uma das ocorrências atendidas nessa quinta-feira. Por volta das 14 horas, quando o Riovale Jornal chegou ao batalhão para conversar com Eder, ele e seus colegas estavam voltando do município de Vale Verde, onde trabalharam no resgate de um cão. “Ele havia caído de um penhasco e ficou preso em meio à parede de pedras, de forma que não conseguia nem subir, nem descer. Tivemos que escalar para conseguir alcançá-lo”, contou o profissional.
E assim é no dia a dia. “Os atendimentos nunca param”, diz Eder. Em algumas épocas, a intensidade até diminui, como por exemplo entre dezembro e março, “porque as pessoas entram em férias e a cidade fica vazia”, conta ele, mas nunca param. Além disso, cada época tem seus atendimentos característicos. Nesse período de inverno, no qual estamos agora, são muito comuns os incêndios porque as pessoas utilizam mais fogão à lenha, aquecedores, etc. Também aumentam as ocorrências relacionadas à árvores, por causa dos temporais e chuvas. “Ás vezes a gente não tem noção, mas a água pesa muito nas folhas das árvores e então elas quebram e caem, e as raízes também descolam”, relata.
Diante disso tudo, “ser um Bombeiro é ter uma profissão, sobretudo, de doação”, define. “É se doar às pessoas, aos outros, se doar ao meio ambiente como um todo, à natureza, é se doar para a preservação da vida”. E isso é feito de muitas maneiras. Citando um exemplo recente, Eder lembra que os Bombeiros de Santa Cruz ajudaram na instalação dos passadores de fauna na Rua Benno João Kist há pouco dias. “Deu uma semana e os macacos pregos já estavam usando aquele passador. Há vídeo disso. E é muito legal. Porque essa é a vida do Bombeiro, é o trabalho em prol da vida”, enfatizou.
Há os prós e os contra, é claro. “Ser Bombeiro é muito desgastante fisicamente e psicologicamente. Por mais que tu tenha um condicionamento, um preparo psicológico, por mais que tu entenda que a necessidade de tu estar ali é superior ao mal que tu tá atendendo, ainda assim é uma profissão desgastante. Porque nem tudo tu consegue resolver. Ás vezes, tem pessoas que morrem na tua frente. Tem circunstâncias que fogem do teu controle. E ai, o que não tem remédio, remediado está”. Mesmo que não seja fácil.