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Sicredi comemora 20 anos do projeto União Faz a Vida

Jéssica Ferreira
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Nesta quinta-feira, 22, a diretoria da Cooperativa de Crédito Sicredi Vale do Rio Pardo recebeu a imprensa regional para um almoço de confraternização no Espaço Gourmet com um intuito diferente e um olhar mais humano. “Estamos reunidos, não para mostrar a Sicredi como diferencial, mas, sim, para levar até os formadores de opinião o que fazemos enquanto cooperativa. Para mostrar a nossa contribuição para com a comunidade onde atuamos”, ressaltou o presidente da Sicredi VRP, Heitor Álvaro Petry.
Além disso, durante o evento foram celebrados os 20 anos do Projeto A União Faz a Vida, que visa auxiliar na construção de um mundo melhor para todos trabalhando a educação financeira, o empreendedorismo e o cooperativismo – que são os pilares importantes dentro do programa. Ao tomar a palavra, Petry deu as boas-vindas aos presentes e falou um pouco sobre a Sicredi Vale do Rio Pardo e seus programas voltados à educação, como forma de melhorar o contexto social atual, seguindo os princípios e valores do sistema cooperativo. “Através da educação, resgatamos os valores fundamentais para um relacionamento respeitoso que promova a justiça social, a solidariedade, o comportamento ético e o próprio desenvolvimento da nossa região”, acrescentou.
Em seguida, a fala foi passada para o gerente de Relacionamento da instituição, Marco Antonio da Rocha, que resumiu especificadamente um pouco mais sobre o Programa A União Faz a Vida. Além disso, Rocha apresentou as novidades do programa para 2016, que engloba o Projeto Educação Financeira, que vai tratar o tema como algo importante no dia a dia e vai orientar a respeito de conhecimentos sobre a administração das finanças das famílias e gerenciamento adequado dos recursos financeiros; bem como a implantação das Cooperativas Escolares, que é uma associação de alunos com finalidade educativa, a mais completa aplicação dos princípios cooperativos entre os estudantes. 
No Vale do Rio Pardo, o projeto piloto acontecerá na Escola Municipal de Ensino Fundamental Guararapes, localizada em Linha Almeida, no interior de Sinimbu, com o envolvimento dos estudantes dos 6º, 7º e 8º ano. Para 2016, o objetivo é que pelo menos uma cooperativa escolar seja fundada nos municípios que participam do programa.

UNIÃO FAZ A VIDA

O programa iniciou em 1995, com o intuito de construir e vivenciar atitudes e valores da cooperação e cidadania, por meio de práticas de educação cooperativa, o que vem a contribuir para a educação integral de crianças e adolescentes. Professores da rede municipal cadastrados nesta ação participam de dinâmicas e atividades que abordam as particularidades da região em seminários e oficinas ministradas pelos gestores do Sicredi e parceiros. Desta forma, os educadores estão aptos a desenvolverem os conteúdos de educação cooperativa em sala de aula.
No Vale do Rio Pardo, o programa é desenvolvido desde 2006. Atualmente, conta com a participação de 70 escolas, 6.609 estudantes e 748 educadores, nos municípios de Sinimbu, Passo do Sobrado, Herveiras, Rio Pardo, Vera Cruz, Vale Verde e Venâncio Aires.
Para celebrar os 20 anos do programa, o Sicredi lançou a campanha “Acreditadores”, como um convite para que todos acreditem na educação cooperativa como o caminho para construção de um mundo melhor. O tema da iniciativa é “Além de pais, professores e alunos, somos Acreditadores”, que destaca que educar é mais do que levar uma criança para a escola e do que mostrar o que está nos livros.

Divulgação/RJ

Heitor Álvaro Petry, presidente do Sicredi VRP

CAÇADORES DE BONS EXEMPLOS

O destaque do evento foi a participação dos Caçadores de Bons Exemplos, que compartilharam com os presentes suas experiências vividas a partir do momento que largaram tudo, em 2011, para percorrer o país de ponta a ponta e conhecer as pessoas que praticam boas ações e que são capazes de contribuir para um mundo melhor.
Pedir demissão, vender a casa própria, doar seus pertences e sair Brasil afora parece loucura para quem ouve falar ou até mesmo vê. Sem fins lucrativos, sem patrocínio e nenhum vínculo político ou religioso, o casal Eduardo e Iara Xavier, cansado de ouvir notícias ruins, resolveu tomar uma atitude – se desfazendo de todas suas coisas e embarcarem em uma viagem durante cinco anos (2011/2015) pelo mundo em busca de bons exemplos.
“Não somente as pessoas que foram nos conhecendo, mas como também pessoas próximas da gente nos acharam loucos. Queríamos entender a cabeça de quem faz o bem, pois as pessoas poderiam estar se lamentando por todas as dificuldades – mas isso não foi empecilho para ajudar o próximo. A essência que vem de dentro do coração em não querer apenas um mundo melhor, mas fazer sua parte para que algo melhor aconteça”, disse Iara. 
O casal caçador de bons exemplos saiu em janeiro de 2011 de Divinópolis – Centro-Oeste de Minas Gerais, com um único objetivo: criar uma rede do bem onde um pode copiar do outro sem cerimônia. Para eles, o sentimento de urgência é um traço comum para quem faz o bem. “O Brasil é grande, não temos tempo a perder. Todos os dias, nos noticiários assistimos coisas horríveis, mas, em contrapartida, existem muito mais coisas boas do que essas noticias e fatalidades. O bem sempre é maior e foi por esse bem que saímos a caçar e compartilhar desse sentimento, onde o que tem sido feito lá no Ceará sirva de exemplo e criatividade para o Rio de Janeiro, ou então, que o Rio de Janeiro faça o mesmo para São Paulo e Sul, e assim por diante até se espalhar por todos os cantos do nosso país e até mesmo exterior”, ressaltou.
E como estão sempre em busca de bons exemplos, o casal explicou que em Santa Cruz do Sul não foi diferente, isto é, por meio de uma indicação, conheceram o Programa A União Faz a Vida do Sicredi, e ao tomarem conhecimento sobre o projeto, passaram a acreditar na iniciativa. “Somos apaixonados pelo programa. Ele deveria estar em todas as escolas públicas do País”, destacou Iara. Voluntariamente, os caçadores produziram 20 pequenos documentários sobre a ação por acreditar no cooperativismo como um negócio social, que constrói um mundo melhor a todo o momento. 

AFINAL, CAÇAR O BEM?

“Queremos espalhar o exemplo”, ressaltou Iara. Até o momento, o casal percorreu mais de 225 mil quilômetros durante 1.640 dias de expedição. Até dezembro de 2014, foram catalogados 1.150 projetos e ações positivas por todo o Brasil. Entretanto, na caça às boas ações, algumas vezes o casal se depara com a desesperança. Nessa hora, a expedição assume papel de incentivadora para que os responsáveis pelas ações não encerrem os projetos. Outra coisa que incomoda é quando alguém responde não conhecer nada de bom naquele lugar, o que para o casal não pode ser aceito diante de tantas iniciativas solidárias.
“Nunca temos roteiro, pois quem nos direciona são as pessoas que encontramos por onde andamos. Já ocorreu de pessoas nos dizerem que não vamos encontrar um bom exemplo em tal lugar. Isso nos deixa tristes, pois sempre haverá algo de bom sendo feito”, acrescentou Iara.
Iara conta que, em uma ocasião em passagem por Brasília, conheceu o projeto “Maria Claudia Pela Paz”, onde uma mãe teve seu coração estraçalhado ao ter sua filha mais nova morta e enterrada em sua própria casa em 2004. O corpo de Maria Claudia Siqueira Del´Isola, estudante de psicologia, foi encontrado após três dias do desaparecimento da jovem. Conforme o laudo da perícia, constatou-se que a moça havia sofrido estupro, esfaqueamento e asfixia. Os assassinos de Maria Claudia foram um casal de funcionários da casa, que já atuavam com a família há dois anos. Ambos foram condenados e seguem cumprindo pena.
“Imagine sua filha linda, que com 19 anos tinha o sonho de se formar e um dia casar virgem. O chão daquela mãe caiu completamente. Mágoas, ódios, vinganças, depressão, seriam caminhos que ela poderia tomar, mas pelo contrário, ainda que doesse na alma dela, decidiu seguir um caminho diferente – ou seja, fazendo o bem. Criou o projeto e tem trabalhado durante esses anos auxiliando e ajudando outras pessoas, com o intuito do bem. Indo contra a violência, a mãe de Maria Claudia foi alguém que caçamos e catalogamos em nossa rede do bem e assim como ela, sabemos que existem inúmeras outras pessoas com histórias diferentes que decidiram optar pelo caminho certo”, concluiu Iara.

O QUE É UM BOM EXEMPLO?

Segundo o caçador, Eduardo Xavier, as pessoas que procuram são simplesmente aquelas que fazem a diferença no mundo executando algum projeto social ou ação positiva. Isto é, pessoas que buscam soluções, ao invés de focarem somente nos problemas ou em seu próprio umbigo. “Logo nos primeiro quilômetros aprendemos nos lugares que passamos que um conselho convence, mas um exemplo arrasta”, disse Xavier.
Além disso, os caçadores de bons exemplos visam mudar o olhar das pessoas, como o lado luminoso do ser humano que é capaz de construir um mundo melhor; inspirar através dos projetos catalogados outras pessoas para se tornarem novos caçadores de bons exemplos; conectar através da rede do bem e por fim, valorizar e motivar os bons exemplos que encontram pelas ruas para continuarem neste caminho do bem.

A REDE DO BEM    

As aventuras do casal nada mais são que do que um verdadeiro intercâmbio de ideias positivas, onde todos podem indicar e compartilhar os bons exemplos de suas cidades. Os projetos catalogados são publicados no site CAÇADORES DE BONS EXEMPLOS (www.cacadoresdebonsexemplos.com.br) onde ali, cada projeto pode servir de inspiração para todos os lugares do país. Toda a informação disponível no site é inteiramente gratuita e serve para que possa ser consultada e replicada.
O mapa de bons exemplos é colaborativo, feito pelo casal e por qualquer coisa que tem o desejo de fazer o bem, ou seja, é desenhado por todas as pessoas que acreditam que os bons são a maioria e que todo mundo pode mudar o planeta.

Divulgação/RJ

Eduardo e Iara Xavier já percorreram 225 mil quilômetros em busca de bons exemplos