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Santa Cruz, uma "cidade industrializada"

Nelson Treglia
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No Dia da Indústria, o ‘Riovale Jornal’ conversa com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, César Cechinato. Ele fala sobre indústria do tabaco, construção civil, diversificação e infraestrutura, e sobre os estímulos que a Prefeitura vem proporcionando à economia santa-cruzense. Leia a entrevista:

Riovale – Secretário, não há dúvida de que Santa Cruz possui uma força industrial muito grande. Qual a avaliação que o senhor faz da capacidade industrial do nosso município?
Cechinato –
Historicamente somos reconhecidos como uma “cidade industrializada”. Também, historicamente oscilamos entre o 5º e o 8º PIB do nosso Estado. Esta destacada posição é devido ao perfil industrial do município, pois a indústria, principalmente a de transformação, é forte geradora de empregos, salários e benefícios, em média, acima dos demais segmentos da economia. Entre as 20 maiores empresas em número de postos de trabalho e geração de impostos para o município, 14 são indústrias. Estas 14 indústrias em 2017 representaram 80% do retorno de ICMS para o município de Santa Cruz do Sul.

Segundo CŽsar Cechinato, Santa Cruz possui posi‹o log’stica privilegiada

Riovale – Santa Cruz e outros municípios produtores têm trabalhado para manter a produção de tabaco, através de iniciativas como a Amprotabaco. A indústria do tabaco tem um longo futuro pela frente, apesar das restrições sofridas pelo setor, certo? Por quê? 
Cechinato –
Apesar de todas as campanhas antitabagistas, da maneira equivocada como a cadeia produtiva do tabaco é tratada por Brasília, da ineficiência em combater o descaminho de cigarros nas nossas fronteiras e estradas, a indústria do tabaco e cigarreira continuará sendo por muito tempo ainda o principal segmento da nossa economia e ítem importantíssimo na pauta de exportações gaúcha. O prefeito Telmo tem liderado os municípios produtores e evidenciado com competência a importância econômica e social do setor. O setor como um todo, o sistema integrado de produção, é o grande responsável pelos bons indicadores econômicos dos municípios produtores. Devemos sempre lembrar que em torno de 80% do tabaco produzido é exportado e que o cigarro produzido aqui possui uma carga tributária em torno de 80%.

Riovale – Diversificar é fundamental para o nosso crescimento econômico. Quais as principais iniciativas que podem ser destacadas nesse sentido? 
Cechinato –
Na gestão do prefeito Telmo conseguimos evidenciar a posição logística privilegiada de Santa Cruz do Sul, e com isso atrair empresas deste segmento, que já são muito representativas em postos de trabalho e retorno de impostos. Estas empresas de logísticas já estão se aproximando de 10% do total do retorno de ICMS do município. Além disso, também por orientação do prefeito Telmo, estamos atraindo empresas produtoras de alimentos e apoiando fortemente as empresas de proteína animal, uma vocação natural do nosso município. Nosso braço de fomento, o Banco do Povo, neste governo, já repassou R$ 15 milhões de financiamentos com taxas reduzidas a 4.300 pequenos empreendedores. Somos parceiros ativos do TecnoUnisc que insere Santa Cruz nos empreendimentos criativos, na indústria 4.0. Grandes empresas varejistas nacionais como Renner e Americanas descobriram outra característica de Santa Cruz: polo regional de compras. Muitas outras estão a caminho. O município vai se consolidar também como polo de saúde e educação.

Riovale – A recuperação econômica do Brasil, é importante para nossa indústria, aqui em Santa Cruz? Por quê?
Cechinato –
Sem dúvida. Apesar do segmento do tabaco exportar 80% de sua produção, todas as nossas outras indústrias têm uma dependência do mercado interno. Os governos têm que reduzir significativamente seus déficits, realizar as reformas necessárias, dotar os investidores de segurança jurídica para que possam investir, gerar emprego e renda, proporcionando um crescimento sustentável. E torcer para que a economia mundial não tenha acidentes de percurso.

Riovale – Outra indústria muito forte em Santa Cruz, é a da construção civil. Quais os principais empreendimentos que estão em desenvolvimento no município? 
Cechinato –
A fortíssima recessão da economia brasileira de 2013 para cá atingiu Santa Cruz. Mas com uma intensidade mais leve do que em outras regiões e municípios. O perfil de nossa indústria ajudou, e muito. Não houve, felizmente, demissões maciças de trabalhadores como em municípios industrializados como Caxias do Sul, Canoas… As pessoas, estando empregadas, podem comprar, assumir financiamentos. Assim, a construção civil de Santa Cruz manteve razoavelmente sua empregabilidade e mesmo com a crise nacional os empreendimentos imobiliários continuaram a “brotar”. Além das construtoras e incorporadoras locais, que continuaram investindo, muitas de fora do município, aqui se estabeleceram, e fazendo grandes e belos investimentos, acreditando na pujança do município.

Riovale – Em termos industriais, o que está por vir a Santa Cruz? Há novos investimentos previstos? Quais seriam?
Cechinato –
Hoje, mais do que nunca, o que define a instalação de grandes e médias indústrias, é a logística. É fundamental estar perto das principais fontes de matéria-prima e próximo dos principais mercados consumidores. Infraestrutura é fundamental. Nisto o RS é deficiente. Estamos distantes dos principais mercados (Sudeste) e péssimos em infraestrutura.
O RS tem que resolver seus problemas estruturais, investir em infraestrutura (estradas, porto e aeroportos). Os investimentos voltando para o RS, Santa Cruz estará em condições privilegiadas. Temos universidades, hospitais, colégios de qualidade. Uma cidade cada vez mais organizada, um povo trabalhador, tudo isso com uma localização logística privilegiada em relação ao RS. Mas teremos boas notícias pela frente.