Dom Canísio Klaus*
No domingo, dia 1° de julho, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz do Sul comemorou os 50 anos de fundação. Em sua origem estava a FAG (Frente Agrária Gaúcha), que criou outros 14 sindicatos na região da Diocese de Santa Cruz do Sul.
A FAG foi fundada em outubro de 1961 para, no dizer de Dom Vicente Scherer, “arregimentar os agricultores e leva-los a participar intensamente da vida pública e econômica, mediante a organização de sindicatos de assalariados e de pequenos proprietários”. A razão aduzida por Dom Vicente era fortalecer os agricultores que estavam “abandonados à sua própria sorte, incapazes de superar as dificuldades que a muitos esmagam”.
Nestes 50 anos, o sindicalismo rural passou por muitas transformações. Em seus primeiros anos ele foi tutelado pela Igreja através da FAG. Depois, durante o regime militar houve uma tentativa de transformá-lo em simples entidade assistencial. Com a abertura política voltou a assumir o seu papel de defensor dos direitos dos agricultores, sendo o impulsor de muitas conquistas para os trabalhadores rurais, entre as quais se destaca o direito à aposentadoria de um salário mínimo para os homens e também para as mulheres.
Hoje, os sindicatos de trabalhadores rurais vivem o desafio de conquistar novos associados, uma vez que grande parte dos seus membros são pessoas aposentadas. Isso se deve também ao fato de se viver um crescente esvaziamento do interior, com as pessoas jovens indo para as cidades em busca de novas oportunidades. É a mesma realidade que é enfrentada pelas comunidades cristãs do interior, que se esvaziam gradativamente, levando ao fechamento de algumas delas por falta de moradores nas localidades.
Como no princípio, a Igreja Católica segue prestando seu apoio aos sindicatos, particularmente ao Sindicato de Trabalhadores Rurais. Isso porque, no nosso entender, onde existe trabalho que visa melhorar a qualidade de vida das pessoas, o Reino de Deus vai acontecendo. Por isso continuamos a motivar os trabalhadores a procurarem o seu sindicato, se associarem a ele e participarem das suas reuniões e assembléias.
Não cabe à Igreja dizer aos sindicatos qual é o seu trabalho. Mas a Igreja pode ajudar os sindicatos a conseguirem realizar a sua missão. E é isso que nós queremos fazer como Diocese de Santa Cruz do Sul. Queremos ser parceiros na luta por melhores condições de vida para trabalhadores e trabalhadoras.
Parabéns a todos os sindicatos que estão comemorando o seu jubileu neste ano. Contem com o nosso apoio e o desejo de que Deus os abençoe!
*Bispo Diocesano