Mara Pante
A 2ª Festa e Feira da Agricultura e Agroindústria Camponesa, realizada neste final de semana, teve como ponto alto a visita do governador Tarso Genro na tórrida manhã de domingo. Tarso chegou descontraído debaixo de quase 40°, em mangas de camisa, e não perdeu a oportunidade de abraçar e ser abraçado pelos participantes do evento – os agricultores. Tarso em seu discurso relacionou o modelo de desenvolvimento ao modo vivendis – “discutir de maneira separada é estar defendendo o modelo que concentra renda para poucos e miserabilidade para o resto da sociedade”, reforçou o chefe de estado. E rotulou como positiva a luta dos movimentos sociais por reconhecimento e melhores condições – “é preciso a produção de políticas de redução drástica das desigualdades sociais e salariais que existem nas instituições públicas”.
Tarso explicou que os movimentos sociais que estão nas ruas, assim como o MPA, promotor do evento, devem sempre se vincular aos governos, pois sem conexão política e técnica o governo fica de “mãos amarradas”. A produção de comodities é boa para equilibrar as dívidas dos países, mas não resolve a questão da miséria, do desenvolvimento integrado e o combate das desigualdades sociais internas de cada país”, colocou ainda o governador.
Para combater, entende ele, só com uma agricultura familiar produtora de alimentos criando uma relação campo cidade de articulação e não de afastamento, com inclusão social, educacional, digital e de saúde pública. “Tem que ser forte – que as famílias não só queiram ficar na terra, mas gostem de ficar na terra – um lugar de desenvolvimento social, de criação, de riqueza, de base educacional e de um modo de vida comunitário, que enobrece a agricultura e alimenta o povo”, ilustrou Tarso Genro em discurso inflamado. “É preciso políticas públicas que priorizem os pequenos produtores, para que as famílias gostem de ficar no interior. Essa luta é local, estadual, nacional e global”, pontuou, concluindo: “É preciso um modo de vida digno para os que estão na base da sociedade”.
Fotos: Rolf Steinhaus
Tarso Genro junto à produção dos agricultores familiares ofertada na celebração ecumênica, falou de políticas de redução drástica das desigualdades sociais
Acompanhado da prefeita Kelly Moraes (PTB), o governador Tarso Genro (PT) assistiu a celebração ecumênica no meio do público
No palco: Gilberto Tutenhagen do MPA, Gustavo Henriques da Rosa do BB, Eliane Matiolle da CEF, a prefeita Kelly Moraes, Tarso Genro, Claudio Pereira presidente do Irga e lideranças ligadas ao Movimento
ÓTIMO PÚBLICO
Milhares de pessoas foram ao Centro São Francisco de Assis, na ERS-412, Distrito Industrial de Santa Cruz do Sul para aproveitar a generosa oferta de produtos caseiros e de agroindústrias de vários municípios gaúchos. Para o coordenador estadual do MPA, Gilberto Tutenhagen, superou as expectativas. Ele ressaltou a participação do Levante Popular da Juventude, braço jovem do MPA, que debateu a situação do campo e da cidade. Ele destacou ainda que a presença de Tarso ao evento acena para esperanças de negociação com o Estado. “Ele disse que somos importantes e temos as portas abertas para nosso debate”, resumiu.
Durante o evento, na manhã de domingo, foi inaugurada a Agroindústria de Processamento Mínimo de Frutas e Hortaliças, que vai fornecer alimentos processados para merenda escolar e mercados da região.
Produtos da agroindústria familiar vindos de diversas regiões do estado encheram os estandes montados sob as pirâmides no Centro São Francisco de Assis